O Brasil difícil de ser comandado

Por Gabriel Bresque

O quarto mandato consecutivo do PT na presidência do Brasil já se encaminha para ser o mais complicado de todos. A votação decidida por menos de 2% dos votos e uma divisão praticamente perfeita do país entre petistas e tucanos, cria um cenário difícil de ser controlado, em uma posição onde tentativas de colaboração e de união do Brasil são necessárias. Sem um discurso de coalizão entre os lados, Dilma pode perder o comando das forças nacionais em pouco tempo. Por outro lado, a oposição precisa definir sua posição, graças à força que conquistou esse ano: não pode se portar mais como um inimigo do governo Federal, precisa recuperar sua função fiscalizadora e opositória, mas reforçando sempre o respeito pela democracia e pelas decisões populares.

Dilma Roussef seguiu essa linha em seu discurso de vitória. Disse que não considera o País dividido e que vai buscar formas de unir novamente todas as partes da sociedade. Porém, será difícil. Em seus discursos acalorados nos últimos meses, principalmente na internet, ambos os lados fizeram questão de delimitar as diferenças dos dois lados. A presidente correu um risco claro ao colocar-se ao lado dos menos favorecidos contra a elite tucana. Essas elites iram aumentar seu descontentamento com o governo Federal nesse mandato. A petista precisa da força do congresso e de seu partido para sobreviver ao turbilhão de críticas que sofrerá de certas camadas da sociedade.

Dilma é reeleita e garante 16 anos de PT no governo do País. Foto: Reprodução (http://bit.ly/1xwE6Di)

Dilma reeleita garante 16 anos de PT no governo do País. Foto: Reprodução (http://bit.ly/1xwE6Di)

Se a aposta de Aécio Neves no anti-petismo não lhe deu a presidência do Brasil, ela criou um espírito de oposição que nunca houve no governo do PT. Aliás, a força desse movimento lembra o sentimento nacional arrasador que elegeu Lula em 2002 com grande vantagem. É impossível pensar nos próximos quatro anos de PT no poder sem se projetar como esses 50 milhões de brasileiros que votaram contra a continuidade do Partido dos Trabalhadores no Palácio do Planalto vão interagir com o governo. É importante que seja uma oposição inteligente, baseada em dados e racionalidade, que respeite, acima de tudo, a vitória do processo democrático

Mapa vermelho e azul

O Brasil foi dividido em vermelho e azul nesse domingo. A parte sul do país votou em peso em Aécio Neves. Com exceção do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, todos os outros estados abaixo do Norte e do Nordeste escolheram o senador mineiro. Porém, a vitória de Dilma se deu ao domínio dessas duas regiões. Apenas o Acre e Roraima não tiveram maioria para a Petista. Com esse domínio, Dilma superou os mais de sete milhões de votos de vantagem do mineiro em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país.

Talvez, o que aconteça com o nordeste seja uma eterna busca contra o PSDB. Prova disso é Pernambuco, que no primeiro turno votou em maioria considerável na candidata do PSB, Marina Silva. Para o segundo turno, Marina deu apoio completo a Aécio. Além disso, a família de Eduardo Campos, herói de um projeto de reconstrução do estado, juntou suas forças ao candidato do PSDB. Mas nem isso foi capaz de derrubar a onda Petista que tomou conta do nordeste, e Dilma venceu por mais de três milhões de votos – diferença decisiva na votação final.

São diferenças geográficas, econômicas e sociais que dividem o Brasil hoje. Dilma iniciará seu segundo mandato com a obrigação de juntas essas forças, de incentivar a união entre oposição e situação e estar aberta ao diálogo. Se não fizer isso e se não conseguir juntar o país atrás de um objetivo único, a presidente pode perder o comando do Brasil, e não conseguir mais retomar.

Comentários

comments

Você pode gostar...