Na rua com batalhas poéticas

 

As batalhas de poesias que mostram a força cultural na cidade

Por Roberta Muniz

Batalhas de poesia falada. É isso que marca uma slam de poesia e vai acontecer no domingo, dia 22 de outubro, a terceira edição do Slam Poesia na cidade de Pelotas. O evento vai ocorrer na rua, das 16h às 22h, em frente à Casa Cultural Las Vulvas, que fica na Rua Padre Anchieta, número 949. A casa cultural é organizadora juntamente com a Stay Black, empresa de mídia e cultura.

Na cidade, o evento é totalmente independente e aqueles que forem comparecer podem contribuir com os artistas que vão expor seus trabalhos na Anchieta. Além das poesias faladas, o evento contará com mais atrações, como microfone aberto, discotecagem, bancas literárias, pocket shows, flash tattoos e cervejas artesanais.

Totalmente gratuito, o Slam Poesia é aberto para todos e todas, além de ser adequado para crianças. Quem quiser expor ou participar de alguma das atividades, basta entrar em contato com a organização do evento através do Facebook.

Algumas regras precisam ser seguidas para quem participa das batalhas de poesia, e a principal delas é que as poesias devem ser de autoria própria. A organização também estipula que as poesias devem durar no máximo três minutos e quem estiver recitando não pode utilizar de adereços, figurinos e nem mesmo acompanhamento musical.

Por ser um evento coletivo, é imprescindível a participação das pessoas que lá estarão presentes, desde o seu envolvimento com as poesias, contribuindo com ideias para os poetas, até a participação nas demais bancas e atrações.

Um pouco da história

A slam poesia como manifestação artística surgiu em meados dos anos 80, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos. A iniciativa partiu do poeta Marc Kelly Smith e logo conquistou o público de lá, chegando em seguida à Europa e consequentemente se espalhando por outras partes do mundo, inclusive o Brasil.

Nas primeiras aparições do poetry slam, como é chamada no termo em inglês, essa manifestação era um tanto quanto marginalizada das demais artes e acontecia sempre em regiões periféricas das cidades. Com o tempo, as slams de poesias acabaram por se tornar um movimento social, cultural e artístico, onde poetas independentes expõem em seus versos temas que fazem parte do seu cotidiano e que necessitam ser debatidos na sociedade. A forte presença das mulheres também é algo marcante nas slams, onde mostram a sua força e o desejo de ser ouvidas.

As mulheres e sua força poética

Hellen Armão, vencedora da primeira edição do evento. Foto: Arquivo Pessoal/Hellen Armão

Hellen Armão, 23 anos, estudante do curso de Artes Visuais, foi a vencedora da primeira edição Slam Poesia em Pelotas e conta que o nervosismo, no momento, foi grande, pois não tinha conhecimento do que realmente era uma slam. “Por sorte correu tudo bem e, quando passei para a final com mais duas pessoas, eu entrei em êxtase, por saber que os outros estavam realmente escutando o que tínhamos para falar. Foi demais!”. Hellen também conta que a poesia sempre lhe serviu como refúgio. “Eu costumava escrever o que me frustrava diariamente. Passei grande parte da infância ouvindo que eu era bem complicada para se conviver, então procurava me refugiar nos cadernos”. Sobre a participação do público na primeira edição, conta que aqueles lá presentes se inteiraram com as mensagens passadas pelos poetas: “o evento foi lindão!”.

Bruna Mahin na segunda edição, no momento em que batalhava. Foto: Arquivo Pessoal/Bruna Mahin

Bruna Mahin, 22 anos, ganhadora da segunda edição da Slam, conta que a sua poesia funciona como refúgio: “Comecei a ter depressão com dez anos. Era solitária demais por não ter amigos. Troquei de escola três vezes e nisso comecei a compor. Já que ninguém me escutava, já que não tinha ninguém, escrever era o único grito de salvação que poderia me dar – e me dou até hoje. Agora, uso ele de um jeito mais político”. Questionada sobre usar a poesia de forma profissional, Bruna acredita que sua arte não tem preço, e que pode ser utilizada como forma de amadurecimento.

Os poetas mostram em suas obras, na grande maioria, os seus medos, angústias, insatisfações, desejos e isso é transmitido ao público com muita honestidade, o que ajuda o crescimento desses eventos. A arte aparece como cura àqueles que a executam e como beleza para aqueles que a apreciam.

Comentários

comments

Você pode gostar...