Malgi vence a Seletiva e confirma vaga na Liga Nacional de futsal feminino de 2019

Atletas da Malgi comemoram a conquista da Seletiva à Liga Nacional de 2019. Foto: Marília Silva.

Por Luís Artur Janes Silva

No último final de semana, a cidade de Pelotas recebeu quatro equipes de futsal feminino, que disputaram a Seletiva gaúcha à Liga Nacional de 2019. Os jogos foram realizados no sábado (15) e domingo (16), na quadra do Profut, localizada na Zona Norte de Pelotas, e definiram as duas agremiações que representarão o Rio Grande do Sul na competição nacional. A Malgi, a atual vice-campeã estadual, e a UFPel foram as anfitriãs do torneio, que também teve a participação do Palestra, da cidade de Erechim, e do Sport de Novo Hamburgo. A Celemaster, equipe de Uruguaiana que derrotou a Malgi na final do Estadual, não participou da Seletiva porque já tinha desfeito o seu grupo de jogadoras.

PRIMEIRA RODADA

A rodada inaugural da Seletiva ocorreu entre o final da manhã e o início da tarde de sábado (15) e antagonizou as equipes pelotenses logo no jogo de estreia. Mais experiente e favorita a uma das vagas e ao título do torneio, a Malgi não deu chances à equipe da UFPel, que começa a sua caminhada. O placar da partida (5 a 0) acabou premiando o grupo de jogadoras mais estruturado.

Na segunda partida da rodada inicial, as duas equipes “estrangeiras” se enfrentaram e fizeram um jogo bem mais equilibrado. O Sport de Novo Hamburgo venceu o Palestra por 5 a 3 e se candidatou como o pretendente mais forte à segunda vaga na Liga Nacional de 2019. O grande destaque da equipe vencedora foi a fixa Leana, a Lê, que comandou seu time neste triunfo contra a equipe de Erechim, comandada pelo controverso técnico Balaca, que veio à Pelotas com apenas seis jogadoras, sendo que duas destas atletas eram goleiras. Pior ainda, o Palestra havia chegado na Princesa do Sul no início da manhã de sábado. Algo inimaginável para uma competição que decidiu vagas em campeonato nacional. Ou seja, diante de tudo isto, a derrota do Palestra foi honrosa.

SEGUNDA RODADA

No final da tarde e no início da noite de sábado, as equipes voltaram à quadra para disputar a segunda rodada do quadrangular classificatório da Seletiva. Na primeira partida, o cansado Palestra teve dificuldades, mas venceu a inexperiente equipe da UFPel. O jogo foi equilibrado, mas o melhor entrosamento do reduzido grupo de jogadoras do time de Erechim acabou prevalecendo. A vitória por 4 a 3, foi garantida com um pequeno susto no final, quando a condição física das jogadoras do Palestra entrou num processo de decadência irreversível, que foi notável no jogo do dia seguinte, contra a Malgi. Assim, a UFPel descontou e foi para cima das adversárias para tentar conseguir o empate, que não veio.

No jogo de fundo, a Malgi enfrentou o Sport, no confronto que decidiu a Seletiva no dia seguinte. No enfrentamento de sábado à noite, a equipe pelotense fez valer o seu favoritismo, foi dominante em quadra e ganhou a partida com facilidade (6 a 1). O Sport não conseguiu equilibrar seu sistema de marcação, pois alternou linha de defesa alta em alguns instantes e baixa em outros momentos, sem ser efetivo nos dois sistemas de contenção. A Malgi teve espaços e o técnico Maurício Giusti promoveu com critério a rotatividade de suas jogadoras, permitindo ao time atuar quase todo o tempo em alto nível.

O Sport ainda tentou surpreender e incomodou nos contra-ataques na etapa inicial e nos primeiros movimentos do tempo final, comandados por Neusa e principalmente Tâmara, o único destaque da equipe metropolitana neste jogo e que anotou o gol do time adversário das pelotenses. Absoluta, a equipe da Malgi teve nas figuras de Karina e Evelyn, que anotaram dois gols cada, os seus principais destaques, junto com a goleira Lelê, que tentou vários chutes da sua meta em direção ao gol defendido por Fabiana.

TERCEIRA RODADA

Na rodada final da fase classificatória, disputada na manhã de domingo (16), tivemos na primeira partida o enfrentamento entre Sport e UFPel. Mais descansadas, as meninas de Novo Hamburgo não tiveram erros individuais, causa da derrota de sábado contra a Malgi, segundo a goleira Fabiana e venceram com facilidade a outra participante pelotense da competição (5 a 0). Tâmara foi perseguida em quadra e sofreu várias faltas ríspidas. Lê, apagada contra a Malgi, voltou a mostrar o seu padrão costumeiro. Com este resultado, o Sport praticamente garantiu sua vaga na Liga Nacional de 2019. A equipe da região metropolitana de Porto Alegre só ficaria fora da Liga, caso o Palestra ganhasse por uma boa margem de gols da Malgi.

Assim, na segunda partida da manhã, a Malgi entrava em quadra para garantir definitivamente a sua vaga e também o lugar do Sport na Liga Nacional de 2019. Mas a bem da verdade, o jogo contra o Palestra não teve muitas emoções, apesar do placar dilatado (8 a 1).

Ainda mais fragilizado fisicamente que no dia anterior, o Palestra, que contava com apenas quatro atletas de linha e não tinha reservas, tentou marcar a movimentação da Malgi e obteve relativo sucesso na etapa inicial, que acabou apenas 2 a 0 para a equipe pelotense, que esteve nitidamente mais lenta e menos inspirada que nas partidas do sábado. Mesmo com a rotatividade de jogadoras, a Malgi fez um primeiro tempo burocrático.

Na segunda etapa, as condições físicas das quatro heroínas do Palestra ficaram totalmente comprometidas e a diferença técnica entre as duas equipes ficou latente. Sem dificuldades, a Malgi fez mais seis gols e garantiu outra vitória tranquila. Paola marcou três vezes e foi a artilheira da partida, mas Keka foi a atleta mais regular nos quarenta minutos do confronto.

Enquanto isso, Balaca, o polêmico e verborrágico comandante técnico do Palestra, louvava a garra e entrega de suas atletas, mas anunciava que o time de Erechim não disputaria o terceiro lugar da Seletiva, que aconteceria no meio da tarde deste mesmo domingo. Quem lucrou com isto foi a UFPel, que não entrou em quadra, mas garantiu um lugar no pódio da competição, embora não tenha vencido no torneio.

Além disso, o gol mais bonito da Seletiva aconteceu nesta partida. Faltando 11 minutos para terminar o jogo, Evelyn cobrou o escanteio, Paola recebeu e encostou para Larissa, que chutou da ala direita com o pé esquerdo, a bola foi no ângulo esquerdo da goleira Jaqueline.

A FINAL

Um jogo digno de uma final, em rápidas palavras dá para definir assim a partida que decidiu a Seletiva à Liga Nacional de 2019. Já classificadas ao campeonato nacional, Malgi e Sport não pouparam esforços na busca do posto máximo da competição.

O Sport mostrou-se bem mais consistente do que tinha sido no dia anterior, acertando o esquema de marcação e neutralizando boa parte do potencial ofensivo da Malgi. Com uma bem determinada defesa baixa, o Sport esperou a Malgi, que não teve facilidades para infiltrar no sistema de contenção da equipe de Novo Hamburgo. Mesmo lançando mão da conhecida rotação de jogadoras, o time comandado por Maurício Giusti não conseguiu furar o bloqueio imposto pelas meninas comandadas pela técnica Alessandra Silva.

Pior que isso, logo no início da partida, Lê, a melhor jogadora da final, acertou um chute do meio da quadra e abriu o placar. Um prêmio para o time melhor postado e que, quando atacou, levou perigo à meta da Malgi. Pena para o Sport, que a artilheira da Seletiva, Tâmara, não jogou tão bem na final.

Na segunda etapa, a equipe pelotense voltou mais ligada no jogo, embora continuasse sem infiltrar na defesa adversária. Nas duas vezes que conseguiu encontrar espaços na defesa do Sport, a Malgi desperdiçou as oportunidades com Evelyn, que a exemplo de Tâmara, não esteve tão bem na final.

Assim, a Malgi passou a tentar arremates de média e longa distância, permitindo o crescimento da goleira Fabiana, que multiplicou-se na defesa da meta do Sport. Depois de insistir muito, a Malgi conseguiu a virada acreditando nos chutes de longe. Na metade de etapa final, Paola chuta e Cota desvia para superar Fabiana. Um minuto após, a goleira Fabiana mandou para escanteio um chute de Cota. Depois da cobrança de escanteio, a regular Keka ficou com a sobra, bateu e marcou o segundo tento da Malgi, Finalmente, o título se aproximava.

Mas, o Sport fez o que poucos esperavam, pois a partir do momento em que sofreu o segundo gol, partiu para cima da Malgi, que não soube administrar o jogo, e equilibrou as ações. O nervosismo passou a fazer parte do espetáculo e afetou Neusa, a experiente jogadora do Sport e Lelê, a goleira da Malgi, que acabaram expulsas.

Desestabilizada, a Malgi foi surpreendida quando faltavam três minutos e quarenta e três segundos para terminar o jogo, quando Lê, da intermediária central da quadra, acertou um chutaço no ângulo de Dani, que substituiu Lelê. O gol aconteceu logo depois que a equipe pelotense tinha colocado uma bola no travessão de Fabiana. O jogo dramático iria para a prorrogação. Coisa que poucos imaginavam antes do começo da disputa.

A PRORROGAÇÃO

No tempo extra, a Malgi, que jogava pelo empate, partiu para cima do Sport, que dava as primeiras mostras de cansaço. Mesmo assim, as chances das pelotenses na etapa inicial da prorrogação se deram através de chutes de longe, desferidos por Paola, Keka e Cota, a mais experiente do time e responsável por serenar os ânimos nos momentos mais nervosos da partida.

Na parte final do tempo extra, a Malgi começou massacrando o Sport e definiu o confronto quando faltavam quatro minutos e vinte e dois segundos para o seu término. Keka recebeu um lançamento longo na ala esquerda, esperta, a jogadora encontrou Paola, que sem marcação, chutou rasteiro e a bola passou por debaixo do corpo da goleira Fabiana. A abertura do placar foi o sinal para o começo da festa da Malgi.

No lance seguinte, Paola deixou a bola para Evelyn, que sozinha, chutou rasteiro ao lado da trave e perdeu mais um lance incrível. Depois desta jogada, um desesperado Sport tentou a igualdade, mas foi parado pelas jogadoras da Malgi, que após o apito final passaram a comemorar a conquista do troféu máximo da Seletiva.

Após o jogo, o depoimento de Cota resumiu o que foi a conquista da Malgi, baseada na garra e determinação de suas atletas. Assim, com o término da derradeira partida do time pelotense na temporada, a preocupação passa a ser a temporada de 2019, na qual a Malgi disputará o Estadual, a Liga Nacional e espera a definição da Celemaster, atual campeã estadual, que decidirá entre a Taça Brasil e a Copa do Brasil. A equipe pelotense participará do campeonato que não for escolhido pela Celemaster. Para tanto, Maurício Giusti pretende comandar um trabalho que garanta a permanência da base vencedora de 2018 e ao mesmo tempo reforçar o grupo com jogadoras que permitam o incremento de qualidade do time.

 

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