Johnny Grace: o carinho na arte

O imitador do cantor Elvis Presley se apresenta em Pelotas, e conquista o público com a sua fidelidade ao astro do rock e o cuidado em sua performance

Por Bruna Meotti / Agência Em Pauta

Johnny Grace, cover de Elvis Presley, em apresentação no Johnnie Jack / Imagem por Bruna Meotti

Na noite de quarta-feira, 16, o artista Johnny Grace, imitador oficial do falecido cantor estadunidense Elvis Presley, cantou na hamburgueria Johnnie Jack; sendo mais um dos tributos de sucesso recebidos pelo palco texano de Pelotas.

E sendo esse o trabalho de um músico que dedica a vida a honrar o legado do cantor tido como “Rei do Rock”, não seria possível limitar a matéria a um mero relato factual. É necessário falar com carinho sobre algo feito com carinho. E acredito que essa seja a palavra-chave desta matéria.

Pessoalmente, tenho carinho pelas canções do Elvis. Sobre sua conduta enquanto pessoa, há muito a se reprovar, tanto é que prefiro nem adentrar aqui; mas, sem dúvidas, enquanto artista seus feitos são extremamente significativos, e tenho profunda admiração por sua música.

Assim como meu gosto pelos Beatles foi influenciado pelo meu pai, foi ele quem me ensinou a gostar — ainda mais — do Elvis (e meu pai é especialmente fascinado por Suspicious Minds). Entre os quatro discos de vinil que tive em minha estante, durante o tempo em que consegui roubar a vitrola do meu velho para deixar no quarto, estava uma coletânea de canções do Elvis Presley. E a memória de ouvir Can’t Help Falling in Love na vitrola com 15 anos, quando voltava da escola e queria alguma inspiração para escrever, é algo que guardo com muito carinho.

Por isso, ter a oportunidade de cobrir um show cover de um artista de quem gosto muito me empolgou bastante.

Johnny Grace, cover de Elvis Presley, em apresentação no Johnnie Jack / Imagem por Bruna Meotti

Não apenas é uma palavra-chave desse texto, carinho é uma palavra que cabe muito bem para descrever a performance de Johnny Grace. Tirei essa conclusão desde antes do show, quando pesquisei sobre o artista. Seu cuidado para fazer um trabalho fiel ao do Elvis Presley é notável; desde a voz e os trejeitos (tanto é que fez cursos em Las Vegas), até o figurino, em que utiliza joias produzidas pelo joalheiro que fazia peças para o próprio Elvis.

Mas esse carinho se mostrou presente em sua apresentação também, do início ao fim. Logo na primeira música que cantou, Bridge Over Troubled Water, Johnny fez questão de circular entre as mesas, interagindo com a plateia. Entretanto, em sua interação com o público, ele não se limitou a passar perto de quem o prestigiava. Enquanto cantava Always on my Mind, ele se ajoelhou diante de uma idosa e beijou a sua mão.

É muito interessante pensar que aquela senhora, em sua adolescência, possivelmente — assim como a maioria das garotas de sua época — tinha o Elvis Presley como “colírio”, papel que hoje é ocupado por cantores de K-pop, por exemplo. Eu me imagino ficando extremamente nostálgica se, aos meus 70 anos, um cover do Sehun do EXO segurasse a minha mão.

E, inclusive, eu recebi um pouco do carinho do Elvis Presley quando, enquanto cantava, ele foi até a mesa em que eu estava com meu namorado e me deu uma palheta de violão (o jornalismo já está me permitindo começar uma coleção, e estou genuinamente motivada a conseguir uma palheta para cada show que eu cobrir). Não consegui focar a lente da câmera a tempo, mas o registro desse momento ocorreu (por mais duvidosa que seja a qualidade da fotografia), e eu fiquei muito contente.

O carinho também era perceptível entre alguns casais que aproveitavam o show de mãos dadas, e até equipe do Johnnie Jack que me viu fazendo fotos do espetáculo e me ofereceu um pudim por conta da casa. Também havia muito carinho nas mãos de quem quer que tenha feito o drink que tomei naquela noite.

Após o show, conversei um pouquinho com o Johnny Grace. Iniciei dizendo que cursava jornalismo, e que estava cobrindo o evento. Ele logo me questionou: “você tem certeza que vai terminar esse curso?”. Fiquei muito confusa, mas falei que, por mais que não pagasse muito, era o que eu gostava. Então ele explicou o motivo da pergunta. O nosso Elvis Presley brasileiro, reconhecido internacionalmente, era do jornalismo. Entretanto, após tocar nos Estados Unidos com sua banda de rockabilly, encontrou sua paixão e largou a comunicação factual para se comunicar através da música do Elvis Presley.

Ele também comentou que suas noites de quinta-feira pertencem ao Hard Rock Cafe, em Gramado. Na sexta-feira, olhei os stories no Instagram do artista, e posso dizer que após prestigiar sua apresentação em Pelotas, compreendo totalmente todas as mensagens carinhosas que ele recebeu em guardanapos do seu público em Gramado.

 

 

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