Etarismo e preconceito. É possível vencer!

Não existe idade para estudar. Mas sim, dificuldades para quem tem de trabalhar, cuidar da família e estudar. Conheça os desafios de quem enfrenta a desigualdade

 

Vanessa Centeno Ferreira / Em Pauta

Existe uma idade que seja considerada tarde demais para estudar? Recentemente, no país, tivemos um caso de grande repercussão de etarismo. Em março, Patrícia Linhares, 45 anos, estudante de Biomedicina na Uni sagrado, em Bauru no interior de São Paulo registrou boletim de ocorrência contra universitários de seu curso. O caso de etarismo foi registrado na Delegacia de Bauru, onde a polícia investiga crime de injúria e difamação cometido pelas três colegas de turma que gravaram um vídeo ridicularizando Patrícia devido a sua idade. O vídeo é publicado por três estudantes no dia 20 de março gerou indignação.

As imagens foram postadas no Instagram como “Close friends” quando apenas pessoas escolhidas podem acessar o conteúdo. No entanto, o vídeo acabou se tornando público. Após a repercussão negativa do episódio as três alunas que zombaram de Patrícia Linhares desistiram do curso. Antes do comunicado sobre a desistência, uma das garotas que estavam no vídeo, emitiu uma nota, por meio de advogado, alegando ter sofrido ameaças.

A pergunta feita no início da reportagem tem resposta. Não existe idade para estudar, o mundo evolui e muitas oportunidades chegam a cada um. São as pessoas que decidem se vão aceitar ou não. E o etarismo é crime. A reportagem do Em Pauta entrevistou mulheres negras com mais de 40 anos que também cursam faculdade para saber se o etarismo e o preconceito racial andam juntos acompanhe abaixo os depoimentos:

Jaqueline Cardoso dos Santos, 43 anos, cuidadora de idosos cursa Licenciatura Letras- Português e já está no sétimo semestre. Ela conta que como uma mulher negra com mais de 40 anos foi bem aceita na faculdade.

– No campus Anglo todos me aceitaram, seja professores e alunos. Todos os colega. Não teve etarismo e nem preconceito.

Estudante Jaqueline Cardoso dos Santos cursa Licenciatura Letras- Português

Jaqueline compartilhou um pouco de sua rotina dupla. Ela conta que é mãe de duas jovens e trabalha fora. A noite vai para a faculdade. Ela disse que é um sacrifício diário, mas com perseverança e fé segue em frente. 

A jornada dessas mulheres é árdua mas estão sempre com um sorriso no rosto. Jaque teve seus filhos cedo. Então trabalhou fora para dar o melhor para elas e os resultados vêm com o tempo. Uma das jovens se formou na UFPE, em Jornalismo e trabalha na área. A outra sua filha se formou em Química no IFSUL e também atua na área. Jaqueline agradece muito a deus por suas filhas serem formadas e trabalharem nas áreas. E agora chegou à vez dela concluir os estudos. Para ela o preconceito não existe só para com pessoas com mais de 30 anos mais sim nas pessoas que tem maus olhos com tudo e com todos.

Já Carla Almeida de 41 anos, é diarista,  cursa Administração, no primeiro semestre  na UFPEL- Campo-Anglo. Carla conta que não passou por problemas e que seus colegas são bem educados pois um ajuda o outro. Ela diz que foi bem recebida pelos seus professores e pelos colegas.

Carla Almeida cursa Administraçáo

Carla afirmou que é desafiador conciliar trabalho e faculdade. Ela trabalha 8 horas por dia no serviço e segue para a faculdade.  

– Não tive oportunidade de cursar uma faculdade mais cedo para cuidar da família e dos três filhos – explica a estudante.

Carla conclui que independente da idade todos podem aprender. Ela considera um absurdo os casos de preconceito como os de Patrícia Linhares.

Carla e Jaqueline seguem seus propósitos com um sorriso no rosto. Elas acreditam na força e na determinação de uma pessoa. E elas continuam ultrapassando as barreiras e os limites da sociedade. Um lata de muito tempo e que acontece em diversos países. Também aparece em muitas obras de ficção, como no cinema. O filme Estrelas Além do Tempo conta a história de três mulheres negras na época da Guerra Fria. A protagonista, Katherine Johnson, passa por muita humilhação e muito trabalho. Ela trabalhavaa em uma setor que só tinha brancos na NASA. Neste local, ela é rejeitada por todos. Para usar o banheiro tinha que caminhar 40 minutos todos os dias porque não existiam banheiros para negros no local. Na NASA só existiam banheiros para brancos. Mas ela foi reconhecida por seu esforço e dedicação e suas duas amigas também.

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