Elas na Ciência debate o papel e as dificuldades da mulher no meio científico

Evento reuniu mais de uma centena de pessoas discutindo o tema

Por Giordanna Benkenstein Vallejos

O evento Elas na Ciência estava lotado de mulheres e homens que ouviram e participaram atentamente das palestras e atividades propostas nos dias 25 e 26 de setembro, na Biblioteca Pública Pelotense e no auditório da FAEM. Mais de uma centena de pessoas se reuniu com o objetivo de debater o papel e as dificuldades das mulheres que optam pela carreira científica.

A abertura contou com diversas autoridades presentes, como o vice-reitor Luis Amaral e o pró-reitor de pesquisa Flávio Demarco, ambos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), além da prefeita da cidade de Pelotas, Paula Mascarenhas, que expressou sua opinião sobre o Elas na Ciência. “É um evento que promove a valorização da ciência, num momento em que o Brasil precisa disso, e também a valorização das mulheres. Além disso, incentiva uma troca de ideias a partir de evidências científicas, que comprovam que a gente precisa superar preconceitos”, afirma.

A palestra de abertura, que contou com uma plateia de 108 mulheres e 24 homens, foi ministrada por Márcia Barbosa, doutora em Física pela UFRGS e ganhadora de diversos reconhecimentos pelo seu trabalho, como o Prêmio Loreal-Unesco Para Mulheres na Ciência. 

Márcia Barbosa começou com um discurso eloquente e bem-humorado. É uma mulher de pequena estatura e grande presença, acentuada pelo seu terno vermelho e seus gestos teatrais.

Como uma boa cientista, ela baseou toda a sua apresentação em gráficos, fotos e evidências. Márcia destacou que “empresas com mais diversidade, que incluem mulheres em posições de liderança, ganham mais dinheiro”. Ela também ressaltou iniciativas como o Mulheres 360, projeto que ajuda a gerenciar a diversidade empresarial.

No segundo dia do evento ocorreram mais rodas de conversa, com temas como: “Para mulheres na ciência: impacto da premiação na carreira científica” e “Parent in science: a maternidade e a carreira científica’’. Além das palestras e discussões, houveram intervalos com coffee break, ao som de um piano, e brindes para as participantes, criando um ambiente agradável para o desenvolvimento de debates em relação ao papel e as dificuldades das mulheres na ciência.

 

Confira, abaixo, uma pequena entrevista com a professora Márcia Barbosa:

EM PAUTA – Quais as dificuldades que você já enfrentou sendo uma mulher cientista?

MÁRCIA BARBOSA – Ser a única mulher na sala, que é a coisa que mais acontece com as mulheres, principalmente na física, é bastante opressor. Porque tu não é ouvida, tu é interrompida, as pessoas te explicam os assuntos em que tu és doutora o tempo todo.

EP – Como você acha que a mídia pode melhorar a visão que a sociedade tem das cientistas?

MB – Temos que saber que o cientista é uma pessoa que procura entender o mundo e que ajuda a desenvolver todas as coisas que a gente precisa, desde a vacina até o celular. Nesse mesmo modelo, precisamos estimular nossas meninas desde cedo, dizer a elas que são tão inteligentes quanto os meninos. A gente precisa trabalhar nisso: menina não é só esforçada, menina é inteligente também.

EP – O que você gostaria de dizer para as mulheres e meninas que sonham em ser cientistas?

MB – Nunca desista do seu sonho, mas não navegue sozinha. Procure uma amiga e compartilhe. Tu vai ver que ela sofreu a mesma coisa e que agora vocês estão juntas. E juntas podemos.

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