Cotas sim ou cotas não?

Por Andressa Machado

Final do ano é época de vestibulares, e um assunto que sempre é comentado nesse período, é o sistema de cotas. Para melhor entendê-lo é necessário primeiramente compreender como funciona a Lei das Cotas (Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012). Esta lei determina que as universidades e os institutos federais reservem metade de suas vagas para os candidatos cotistas. As cotas se dividem em duas categorias principais:

Cotas sociais

A intenção de criar as cotas sociais é permitir que os estudantes de escolas públicas, onde muitos possuem baixa renda familiar, tenham mais oportunidade de ingressar em universidades públicas. Para que isso aconteça, metade das vagas destinadas às cotas sociais deve ser preenchida por estudantes com renda familiar mensal igual ou menor a 1,5 salário mínimo por pessoa. Já a outra metade, para aqueles que possuem renda maior que 1,5 salário mínimo.

Cotas raciais

As cotas raciais estão incluídas em uma subcategoria das cotas sociais. A divisão das vagas deve ser feita proporcionalmente a quantidade de negros, índios e pardos do estado onde está situada a universidade ou o instituto federal de acordo com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Dessa forma, um estado que possuir maior número de negros, por exemplo, terá maior número de vagas destinadas a esse grupo racial do que aos outros.
Para ajudar no entendimento, o site do Ministério da Educação e Cultura (MEC) disponibiliza o seguinte gráfico:

Foto: Reprodução

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Contudo, por mais que a intenção do governo seja de tornar os processos de seleção mais justos, a Lei das Cotas causa polêmica. As opiniões são bastante divergentes e nem todos estão de acordo com o que a lei estipula. A estudante não-cotista da Univille (Joinville/SC), Letícia Cardoso comentou ser contra as cotas raciais por achar desnecessárias, “pois, afinal, ninguém é menos inteligente simplesmente por ser negro ou índio”. Ellen Pavesi, também aluna não-cotista da UFSCAR (São Carlos/SP), ainda acrescentou “Ao meu ver (as cotas sociais) são um insulto, pois transparecem uma ideia preconceituosa de inferioridade das raças negra, parda e indígena”.

“Hoje em dia é fato que pra se ter uma boa base para o vestibular, é necessário pagar pelo ensino, seja com escolas particulares, professores particulares ou cursos pré-vestibular.”, disse a aluna da UFRGS (Porto Alegre/RS), Amanda Xavier, que entrou na faculdade pelas cotas sociais, e compartilha com Ellen e Letícia a opinião sobre cotas raciais. As alunas não-cotistas Paloma Nunes, da UFBA (Salvador/BH) e Kássia Karolyne Moura, da CESMAC (Rio Largo/AL) também concordam com Amanda. “Acredito que cotas sociais são band-aid numa hemorragia. Quer que pessoas com baixa renda entrem em uma universidade federal? Dê educação de qualidade à elas. Já vi mais de uma vez cotistas desistindo dos cursos porque não seguram a onda. Não adianta facilitar a entrada, a universidade não vai diminuir o seu ‘nível’ para que o cotista se mantenha lá.”, disse Paloma.

E por fim, Kássia levantou a questão:“Por que não melhorar o ensino nas escolas públicas, ao invés de declarar claramente o buraco que se tem nos conhecimentos desses alunos? Passei minha vida inteira estudando em escola pública e sei a enorme dificuldade de se fazer uma prova de vestibular, de você olhar as questões e não ver nem metade do que estudou”, reforçando a falha visível que existe no sistema educacional do país.

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