Ciências humanas e sociais: redes sociais abordam desvalorização e trazem diversão online

Por: Júlia Moraes De Andrade e Monique Heemann

Em setembro do ano passado, o site de notícias do Terra divulgou uma matéria sobre o cancelamento dos cursos de ciências humanas no Japão. Segundo a notícia, o Ministro de Educação do país enviou cartas a mais de 50 universidades pedindo que tomassem medidas para a anulação dos cursos. A justificativa foi a afirmação de que o ambiente acadêmico deveria “servir apenas áreas que contemplem as necessidades da sociedade”.

O setor que compreende o campo de atuação das ciências humanas entrou na lista dos que têm menor probabilidade de garantia de emprego neste ano. A ManpowerGroup – agência de emprego e de negócios – apresentou uma pesquisa sobre os índices mais baixos de contratação em 2016. O setor de serviço apareceu entre as cinco áreas com a menor oferta de trabalho.

Profissionais da área de ciências humanas e sociais que já atuaram em diferentes períodos do mercado têm relatos semelhantes sobre as oportunidades que encontraram. Formada há mais de 20 anos em Direito, Jornalismo e Letras, Maribel Felippe conta que apesar de amar os cursos que escolheu, “a profissão não tem o mesmo glamour dos filmes. Se trabalha muito e se ganha pouco”. Vinicius Colares, formado em Jornalismo há pouco mais de seis meses, tem uma perspectiva parecida sobre a valorização do setor. “A área não é exatamente desvalorizada, mas existe uma espécie de preconceito. O senso comum diz que os cursos de exatas dão um retorno financeiro e profissional mais interessante”, afirma.

A satirização de profissões tem sido conteúdo recorrente nos sites de redes sociais. Ajudar o povo de humanas a fazer miçanga é um exemplo disso – e que deu certo. Criada em março de 2015, a página já conta hoje com mais de trezentas mil curtidas no Facebook. Os próprios criadores não contavam com um alcance tão alto. “Não esperava um alcance grande, na verdade nunca imaginei que iria ter uma página tão conhecida. As postagens consistem em prints de tweets ou de páginas de personagens que viraram memes”, comenta a criadora da página, Dominique de Oliveira.

Mercado de trabalho, dificuldade nos relacionamentos e características específicas – muitas vezes pejorativas – que são atribuídas aos estudantes ou profissionais da área de humanas e sociais são os principais assuntos abordados pela página. Dominique conta que já cursou mais de seis cursos dentro da área e essa trajetória traz a familiaridade com os assuntos postados. “Eu gosto de pesquisar conteúdos que tenham relação com o mercado de trabalho do jovem. O aluno de humanas – e eu me espelho nisso – gosta de várias coisas, não foca em uma só”, revela.

sem-tituloA personifcação do profissional de humanas. Foto: Reprodução/Facebook

 

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