As diferentes reações ao que se vestirá na Copa

Uniformes que serão utilizados pelas seleções em novembro começam a ser lançados e provocam discussões sobre a moda esportiva nas redes sociais

Por Luis Collat

Apesar de ter chegado alguns meses depois do que de costume, devido ao fato do evento se iniciar em novembro para evitar o forte calor do verão no Catar, o “clima de copa” já se manifesta dentro de cada apaixonado pelo esporte mais popular do planeta. São diversos os fatores que despertam a ansiedade dos torcedores, como por exemplo o lançamento do tradicional álbum oficial da Copa do Mundo e, especificamente para o povo brasileiro, a expectativa da conquista do hexacampeonato, que vem sendo adiado desde a edição de 2006.

Outro elemento de muita força no aumento da sensação de proximidade dos jogos é o lançamento dos uniformes de cada seleção. Sempre gerando muita discussão por parte do público que costuma se dividir entre o amor e o ódio pelas camisetas, as peças são cada vez mais consideradas como uma possibilidade para o uso no dia-a-dia por parte dos fãs de futebol.

A coleção de uniformes oficiais da seleção brasileira, lançada no início do mês de agosto, fez sucesso entre os torcedores. Com o slogan “Veste a Garra”, as duas camisetas de jogo apresentam detalhes em alusão à onça-pintada, animal presente na região da  bacia amazônica. Outro fator importante para a popularização da nova “amarelinha” é a aparente queda do uso de sua imagem como representação de movimentos da direita brasileira, que desde a Copa das Confederações em 2013 conseguiu se utilizar da camisa canarinho como seu símbolo, o que afastou boa parte da população do país do uso de uniformes da CBF.

A camisa da seleção brasileira se esgotou no site da Nike minutos após o início das vendas /Foto: Instagram – CBF

Em contrapartida das camisas lançadas para o Brasil que se mostraram praticamente uma unanimidade para os torcedores, a coleção de segundos uniformes anunciada recentemente pela empresa Puma causou grande insatisfação nas redes sociais. Contemplando 6 seleções presentes na Copa do Mundo, sendo elas Uruguai, Marrocos, Gana, Senegal, Sérvia e Suíça, os modelos apresentam design semelhante, com o escudo da seleção e marca da fornecedora esportiva centralizados e uma numeração na parte da frente com a fonte bem maior do que o usual.

A camisa do Uruguai foi muito criticada também por torcedores nativos do país /Foto: Instagram – Puma Football

O designer Bernard Gerber, apaixonado por futebol desde a infância, reconhece e valoriza a relação do esporte com sua profissão. “Gosto de pensar futebol como um forte campo que liga esportes e linguagem visual. A sua comunicação não se limita apenas à criação de uma camiseta. Temos o uso do espaço do estádio, das cores e até torcidas organizadas se apropriam de diferentes derivativos visuais”. Com uma coleção de uniformes de diferentes times e seleções, Bernard destaca as camisas como um fator importante para que tenha tomado a decisão de seguir uma carreira na área do design. “Me encanta ver as diferentes direções criativas para a concepção de uma camiseta. O fato de eu colecionar camisas antigas rechaça mais essa minha curiosidade em saber como os designers vinham com ideias para camisetas, numa época sem internet e globalização que temos hoje”.

Em relação a má recepção por parte dos fãs com a coleção da Puma, ele aponta o histórico recente da marca e fala como a possível estratégia da empresa tem dificuldades em ser aceita por boa parte do público. “Desde o ano passado a Puma vem criando camisetas com designs não convencionais. O futebol, por ter um público fortemente conservador, dificilmente dá brechas para inovação, aí que vem o problema da Puma na minha opinião. A quebra de status-quo, com uma fonte neutra e grande com um pequeno grafismo, tirou a atenção do escudo, que é um elemento central, e na linha da puma ficou fora do centro das atenções”, ponderou.

Bernard Gerber com a camisa da Fiorentina de 1998, uma das mais importantes de sua coleção /Foto: arquivo pessoal

A criadora do projeto “Vá de Camisa”, que incentiva o uso das camisetas de futebol fora do estádio especialmente para o público feminino, não se agradou do conceito adotado pela marca alemã. Kamila Padilha teve a ideia de iniciar o conteúdo no Instagram ao ver um vídeo que criticava pessoas que faziam uso das peças esportivas ao sair, pois isso não era “se arrumar”. Desde então, ela trabalha com essa possibilidade na montagem de looks na internet com a ajuda de duas amigas que atuam na área da moda.

Por função de sua página na rede social, Kamila está sempre de olho nos lançamentos de camisas, e isso fez com que ela já esperasse algo inovador por parte da Puma graças aos ousados lançamentos anteriores. 

“Não acho que se deva mexer tanto na estrutura da camisa, mas também acho que é algo que a gente vai se acostumar. Eu gosto muito das camisas com o símbolo centralizado, pois ajuda na composição de looks com uma terceira peça como um blazer ou uma camisa por cima. Mas essas da Puma foram muito além, trouxeram muita informação para a frente da camisa. A camisa do Marrocos, Sérvia e Gana estão bonitas e super usáveis, então acredito que eles conseguiram chamar atenção para essa inovação”, concluiu Kamila.

Kamila Padilha usando uma camisa do Palermo em um ensaio da “Vá de Camisa” /Foto: Instagram: Vá de Camisa

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