A maior história de amor já vista

Em seu aniversário de 25 anos de estreia, Titanic volta às telas dos cinemas para emocionar mais uma vez

Pôster promocional do filme Titanic, de 1997 –       Imagem: Reprodução / 20th Century Fox

Por Rafaela Stark / Em Pauta

A primeira vez que assisti Titanic foi há onze anos – não oitenta e quatro como Rose diz -, eu era apenas uma criança empolgada em ver um filme da locadora com a mãe. Não lembro de sentir as três horas de filme passarem, somente me recordo de chorar copiosamente pelo Jack. Hoje, já adulta, fui aos cinemas para assistir pela milésima vez ao naufrágio mais famoso do mundo, e levar minha amiga para viver essa experiência em primeira mão.

Provavelmente você está se perguntando como existem pessoas que nunca assistiram ao Titanic, obra clássica das locadoras dos anos 2000 e de qualquer canal de televisão que curta transmitir filmes. Mas sim, elas existem, e Isadora Pinheiro é uma delas. Nós fomos ao cinema em uma bela tarde de terça-feira, dia de Carnaval, com um shopping surpreendentemente movimentado e sessão cheia. Compramos uma pipoca doce, água e estávamos prontas para encarar as longas 03h16min de filme.

Se você, caro leitor, se lembra – e também para aqueles que já esqueceram – a obra inicia com o instrumental de “My Heart Will Go On”, uma das melodias mais bonitas que já escutei. A câmera passeia pelos destroços do RMS Titanic, localizado a quase quatro mil metros de profundidade no Oceano Atlântico. O caçador de tesouros Brock Lovett e sua equipe estão à procura do valioso diamante de 52 quilates, apelidado de “Coração do Oceano”, que deveria estar no cofre do magnata Caledon “Cal” Hockley. No entanto, tudo que eles encontram é um desenho de uma moça nua com o colar no pescoço.

Jack desenha Rose como uma de suas garotas francesas – Imagem: Reprodução / 20th Century Fox

Os minutos iniciais são bons, principalmente quando Rose, já idosa, chega à embarcação dos pesquisadores e encontra objetos antigos que um dia já lhe pertenceram. Porém, o filme começa de verdade quando somos teletransportados para 10 de abril de 1912, dia da viagem inaugural do navio inafundável. Em sussurros com Isadora, já constatei que ela ia amar o longa. A emoção dela em assistir Rose, contando como ela se sentia desesperada em estar prometida para um homem que não amava, foi contagiante. 

Acho que o Titanic tem esse poder magnânimo de emocionar toda e qualquer pessoa que o assista, mérito das atuações impecáveis do elenco. Claro, a produção imensa e o bom roteiro de James Cameron cooperam, algo que me dói admitir, pois não gosto muito dele. Não me entendam mal, Cameron é talentoso e faz ótimos filmes, somente não vou com a cara do sujeito.

Contudo, preciso destacar algo que me aconteceu pela primeira vez, dentre tantas outras em que já assisti ao filme: não consegui tirar os olhos de Kate Winslet. Falei tantas vezes para Isadora “como Kate está bonita”, “que atuação incrível” e mais um bocado de elogios, que devo ter irritado minha amiga. A agora veterana, estava vivendo sua grande estreia e já apresentava tanto talento e carisma que é impossível não amar Rose. Se você não gosta dela, sinto muito, mas este texto talvez não lhe agrade.

Winslet, no auge de seus 22 anos estava estonteante em todos os sentidos, me irrita profundamente pensar que a criticaram na época por seu porte físico, que não era pequeno o suficiente para os padrões doentios de Hollywood. Kate estava brilhando como o sol, sua caracterização lhe deixou como uma pintura de Monet, artista o qual Rose tinha muito apreço. Vinte e cinco anos se passaram, e a atriz segue sendo uma das minhas favoritas. 

Kate Winslet como Rose DeWitt Bukater – Imagem: Reprodução / 20th Century Fox

DiCaprio também merece aplausos, em seu segundo papel de romântico incurável – Romeu e Julieta, de 1995, é uma ótima pedida – se consagrou como o novo amor de milhões de jovens ao redor do mundo. Leo representa Jack com tanta emoção que faz o espectador se apaixonar junto com Rose.

Nossos heróis travam uma batalha contra a sociedade conservadora e elitista da década de 1910, em nome da liberdade e do amor. Um amor que se torna épico, que luta com todas as forças para sobreviver. Quando perguntei a Isadora o que ela achou do filme, ela disse que “o enredo simples na aparência e complexo nas entrelinhas que o torna fascinante e de uma magnitude que só assistindo para entender, em uma sala de cinema cheia, como se fosse uma produção atual e inédita, e não do século passado.”

Apesar do tom quase de contos de fadas que o longo tem, devo destacar a grande crítica que permeia-o: a desigualdade social. Dividido em três classes, o real RMS Titanic priorizou, até o último segundo, seus passageiros mais ricos. Em uma rápida pesquisa, descobri que a esmagadora maioria de sobreviventes eram da primeira classe, seguido da segunda. A maioria da tripulação e integrantes da terceira classe morreram das mais diversas causas, seja por afogamento, atingidos por escombros do navio ou de hipotermia dada a água congelante na qual a embarcação afundou. 

No fim, Rose se salva com a ajuda de Jack, que, sim, cabia na porta. Mas a fazia afundar. Apenas uma pessoa poderia boiar naquele lugar, e Jack deixou que sua amada tivesse a chance. Podemos ver que os desejos do pintor se concretizaram, Rose viveu uma vida completa, amou novamente, constituiu família, assim como aprendeu a “montar como homem” em cavalos, voou em um avião teco-teco e foi atriz de teatro.

Jack e Rose em um jantar – Imagem: Reprodução / 20th Century Fox

Todas as realizações de Rose foram possíveis graças a uma mentira. Quando foi resgatada pelo navio Carpathia, ela afirmou se chamar Rose Dawson, uma passageira da terceira classe. Então, a rica jovem Rose DeWitt Bukater foi dada como morta, com corpo desaparecido no mar. Jack não apenas salvou Rose da morte duas vezes, como a deu a chance de ser livre, de viver uma vida, e não apenas esperar a vida passar.

Posso afirmar, junto com minha amiga, que Titanic merece a aclamação que tem. É a maior história de amor já vista, para mim, maior do que Romeu e Julieta. Por favor, românticos de plantão, não me odeiem por colocar Shakespeare em segundo lugar. Confesso que chorei por quase uma hora, desde o momento em que o navio bateu no iceberg até o final, sou uma manteiga derretida – a Isadora também é.

Comentários

comments

Você pode gostar...