A colaboração do estúdio Sound City para o mundo da música

Por Vicente Pardo

No último sábado (13), o mundo da música amanheceu com a notícia da morte de Tom Skeeter. O nome de Skeeter pode soar estranho para muitos, já que ele não é o líder de alguma banda famosa ou uma grande estrela do pop. Tom era o dono, e um dos fundadores, do lendário estúdio Sound City.

O Sound City foi fundado no final dos anos 60 por Tom em parceria com Joe Gottfried, em Los Angeles. Apesar de ser localizado na Cidade dos Anjos, o estúdio ficava localizado no condado de Van Nuys. Encravado num bairro industrial, o local tinha como vizinha uma fábrica de cerveja. O cheio de lúpulo estragado e a atmosfera das indústrias locais não colaboravam para a imagem do novo negócio de Skeeter e Gottfried.

soundcity

Foto: Reprodução (http://goo.gl/kDXHXm)

Apesar disso, o grande trunfo do Sound City, ao longo de sua história, foi a honestidade. Trabalhar com a música na sua essência e levar ao público exatamente aquilo que o artista pretendia sempre foram as propostas de seus idealizadores. Sem efeitos, sem maquiagens, a música como ela deveria ser. Nos anos setenta, o local ganhou uma mesa de som produzida de forma artesanal pelo alquimista Rupert Neve, a pedido de Tom e Joe. A “Mesa Neve” ficou conhecida pelo sua capacidade única de captar todas as gravações com perfeição e honrando o talento dos músicos.

Ao longo dos anos setenta, grandes nomes passaram pelo estúdio de Skeeter. Artistas, como Neil Young, Elton John e Fleetwood Mac, gravaram obras de arte marcantes em suas carreiras no Sound City. Apesar de a década seguinte ter reservado talentos como Rick Springfield, os anos oitenta não foram muitos favoráveis.

Com a explosão da música eletrônica e do rock glamourizado, toda a romântica honestidade musical pregada pelo Sound City foi colocada em segundo plano pela indústria fonográfica naquela década. Durante os anos de 1985 e 1990, somente quatro discos foram produzidos no local, que era visto como antiquado e quase fechou suas portas.

O ressurgimento das cinzas veio em 1991, quando três jovens de Seattle entraram no Sound City pra gravar aquele que seria o mais emblemático disco de suas carreiras e um dos maiores registros da história do rock. No contexto musical da época, o Nirvana surgia como a salvação para um mundo dominado pela frieza dos sintetizadores e das batidas eletrônicas.

Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl trouxeram novamente para as salas do Sound City a energia e crueza do rock. “Nevermind” tornou-se um disco importante para a história da música não só pelo seu conteúdo, mas por ter tirado o estúdio de Tom Skeeter do limbo e alavancado, novamente, a honestidade musical tanto prezada pelo empresário musical.

Nos anos seguintes, diversas bandas recorreram a fedorenta locação em Van Nuys para suas gravações. Rage Against The Machine, Red Hot Chili Peppers, Slipknot, Weezer entre outros nomes, que falam por si só, ajudaram a colocar novamente o Sound City na rota dos estúdios norte-americanos.

O local encerrou suas atividades em 2011, a tempo de ainda abrigar o talento de novos artistas como Arctic Monkeys e Death Cab For Cutie. Toda essa história foi eternizada em 2013, no documentário “Sound City”. O registro é dirigido por Dave Grohl, antigo baterista do Nirvana e hoje vocalista do Foo Fighters, e mostra os altos e baixos da história do empreendimento de Tom Skeeter ao longo das décadas. A película também conta com inúmeros convidados musicais, como eterno Beatle Paul McCartney.

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