Na noite de ontem, 24/10, teve início as atividades do IV EIFI.
O evento, que esse ano homenageia a importância da obra de Beatriz Loner para a historiografia brasileira, em especial nas áreas e escravidão e pós-abolição, história do trabalho, marxismo, mundos do trabalho e classe operária, teve na sua abertura, uma justa deferência à Bia pelo relevante papel desempenhado por ela na criação e consolidação do Núcleo de Documentação Histórica da UFPel, no Mestrado em Ciências Sociais (atualmente, Programa de Pós-Graduação em Sociologia), no Mestrado em História e no curso de bacharelado em História da UFPel.
Lembrou-se também, da atuação cidadã de Bia em movimentos sociais, políticos e culturais. O conferencista da noite, Prof. Pablo Pozzi (Universidade de Buenos Aires), salientou o caráter impresso por Beatriz em sua atuação profissional. Para ele, assim como muitos de sua geração, Bia ensinava, pesquisava e debatia história numa perspectiva de mudança social, de forma engajada.
Na sua conferência, Pozzi buscou identificar de onde vem as ideias socialistas na Argentina. Acertando que, naquele país, ser “rebelde” é visto com bons olhos pela sociedade, lembrou também que praticamente todos os políticos nacionais buscam uma identificação com a esquerda e que, apenas o atual governo nacional identificou-se, já em campanha, como de direita.
Mesclando história, cultura, literatura e uma pitada de reverência, Pablo conduziu um debate que culminou na avaliação sobre o período ditatorial argentino e a atual discussão sobre o número de mortos por aquele regime. Segundo ele, a disputa entre direita e esquerda pelo número exato de mortos não faz sentido, embora identifique a vontade das elites em fixar um número de oito mil mortos como “aceitável”. Pablo foi enfático em afirmar que não se trata de descobrir se o número é de oito ou trinta mil, pois sendo qual for, houve a morte de milhares de militantes sociais (em sua maioria trabalhadores) e que isso é inaceitável em qualquer circunstância.
Entre apresentação cultural (conduzida pelo músico João Hirdes), falas emocionadas e uma produtiva discussão sobre o tema da noite, ainda foi possível mostrar a todos presentes, em especial a família de Beatriz Loner, que sua trajetória marcou significativamente a historiografia sul-americana e todos aqueles com ela conviveram.
Ainda, durante as homenagens, a Profa. Lorena Gill, coordenadora do NDH-UFPel, fez o anúncio de que, a partir daquele momento, o Núcleo passará a se chamar Núcleo de Documentação Histórica da UFPel – Profa. Beatriz Loner.
Na abertura estavam presentes o Diretor do ICH, Prof. Sidney Vieira, o Coordenador do PPGH, Prof. Edgar Gandra, a Coordenadora do PPGS, Profa. Elaine Leite. Além destes, o PPGE também colaborou para que o Encontro fosse realizado. A reitoria, representada pelo Vice-Reitor, Prof. Luis Amaral, também se fez presente.
O Encontro prossegue na manhã de quinta, com as apresentações e debates nos Simpósios Temáticos. A tarde e noite estão previstos debates e conferência, conforme programação.