Por que os filmes de terror estão com medo de assustar?

“Longlegs: Vínculo Mortal” faz parte da crise de identidade que o gênero de horror vem sofrendo    

Por Gabriel Veríssimo

     

Nicolas Cage personifica um serial killer no filme dirigido por Osgood Perkins       Fotos: Divulgação

 

O filme “Longlegs: Vínculo Mortal”, dirigido por Osgood Perkins, tem se destacado como uma das obras mais comentadas do cinema de horror deste ano. A trama gira em torno de uma agente do FBI (interpretada por Maika Monroe), convocada para reabrir um caso arquivado de um serial killer (vivido por Nicolas Cage). Lançado mundialmente em 12 de julho, o longa já ultrapassou a marca de US$100 milhões em bilheteria.

Esses números são notáveis, especialmente considerando que “Longlegs” competiu nas salas de cinema com grandes lançamentos como “Deadpool vs Wolverine” e “É Assim que Acaba” durante julho e agosto. Um dos fatores que pode ter contribuído para esse sucesso é o forte marketing, que desde 2023 promove o lançamento como “um dos filmes de terror mais assustadores de todos os tempos”.

Não é surpreendente que os fãs do gênero tenham demonstrado grande interesse por “Longlegs”, especialmente considerando a escassez de filmes de terror que realmente se propõem a assustar o público. No entanto, surge a pergunta: “Longlegs” é realmente tão assustador quanto promete?

A resposta correta seria: depende. O medo é uma experiência subjetiva; o que aterroriza alguns pode não causar o mesmo efeito em outros. Porém, vamos analisar essa questão de uma perspectiva histórica. Assim como qualquer forma de arte, o cinema evolui em termos de linguagem e técnica ao longo do tempo. Podemos comparar o cinema atual, por exemplo, com os primeiros filmes, mudos e em preto e branco, que se limitavam a cenários em movimento com uma câmera fixa. Hoje, cenas são criadas inteiramente através de efeitos visuais de computação gráfica.

No caso específico do cinema de horror, essa evolução também é evidente. O gênero tem se tornado cada vez mais eficaz em criar experiências assustadoras e realistas para o espectador. Podemos observar essa mudança comparando os clássicos do expressionismo alemão, como “O Gabinete do Dr. Caligari” e “Nosferatu” – filmes mais lentos, com atuações teatrais e longos planos – com produções contemporâneas como “A Bruxa de Blair” e “Atividade Paranormal”. Estes últimos, no estilo *found footage*, utilizam câmeras digitais amadoras para transmitir uma sensação de maior realismo.

 

Trama gira em torno de uma agente do FBI (Maika Monroe), que investiga caso de assassino em série

 

Terror próximo ao cotidiano

Essa evolução no cinema de horror também reflete uma mudança na forma como o medo é apresentado. Enquanto filmes mais antigos buscavam criar uma atmosfera de estranheza e suspense por meio de uma estética visual e narrativa mais teatral, as produções do final da década de 1990 e início dos anos 2000 tendiam a utilizar novas técnicas para aproximar o terror da realidade cotidiana do espectador. No entanto, em meio a essa transformação, surgem obras como “Longlegs”, que desviam para outros gêneros, mostrando que o foco atual do horror não é a frontalidade.

Voltando à pergunta inicial: “Longlegs” é realmente assustador? A resposta é não, pois o filme não se propõe a isso. Embora possua uma atmosfera de tensão muito bem desenvolvida no primeiro ato, ela é descartada no decorrer da história.

“Longlegs” se transforma no seu decorrer, adotando um tom mais voltado ao drama psicológico e ao thriller policial, abandonando a frontalidade e o medo explícito característicos do gênero.

Esse distanciamento da estética do terror tem se tornado uma tendência nos últimos anos, marcada por uma espécie de crise de identidade do gênero. Filmes de horror que parecem ter medo de assustar são cada vez mais comuns. Obras como “Midsommar”, “X”, “Pearl”, e outros filmes de estúdios como a “A24”, exemplificam essa nova fase, em que o terror é frequentemente misturado com drama psicológico. Estes filmes oferecem uma narrativa mais densa e lenta, voltada para as histórias de traumas e situações semelhantes, mas ao fazer isso, deixam de lado o impacto direto que muitos espectadores associam ao terror.

Essa tendência pode ser vista como uma tentativa dos estúdios de moldar um novo padrão de gosto entre o público, onde o terror se aproxima cada vez mais do drama psicológico, afastando-se de suas raízes mais gráficas e assustadoras. Com isso, o gênero vai se transformando e buscando novas formas de manter a relevância, ao mesmo tempo em que se afasta da sua essência original, construída ao longo de décadas.

Essa mudança pode estar ligada ao desejo de elevar o gênero de terror nas grandes premiações. Ao incorporar elementos de drama psicológico e se afastar da frontalidade, esses filmes buscam reconhecimento crítico, almejando ser vistos como algo mais “elevado” do que o terror tradicionalmente é. Essa busca por legitimidade no mundo cinematográfico se torna problemática, pois acaba desvalorizando ainda mais o terror como gênero, transmitindo a ideia equivocada de que essa tendência representa uma evolução ou, até mesmo, a salvação do terror, o que definitivamente não corresponde à realidade.

 

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Museu do Doce tem programação especial para Primavera dos Museus

Amanhã, dia 28 de setembro, o espaço terá atividades culturais e musicais com abertura noturna       

Stéfane Costa       

 

O Museu do Doce fica no Casarão 8 do Centro Histórico de Pelotas    Fotos: Stéfane Costa

 

Museus de todo o País estão com uma programação especial pela 18ª Primavera dos Museus, ação promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Esses locais de resgate histórico e importância cultural estão realizando oficinas especiais, visitações e exposições. Em Pelotas não é diferente. Na Princesa do Sul, o Museu do Doce, administrado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), receberá visitantes em várias atividades.

Uma variedade de oficinas seria realizada nesta semana, porém com o cenário alarmante das fortes chuvas e cancelamento das atividades na Universidade, a programação precisou ser adiada para a próxima semana. Neste sábado (dia 28 de setembro), o espaço funcionará até as 22h, para o evento “Uma Noite no Museu”, com abertura prevista para a as visitações às 10h. Ou seja, o museu estará aberto das dez da manhã às dez da noite.

O visitante poderá visitar as exposições do Museu durante todo o horário de funcionamento.  Haverá uma oficina de biscoitos às 15h. A banda Sobreviventes, do Centro Musical O Batuta, irá abrir a programação musical às 17h, seguida pela banda Lady Blue, às 18h. O Núcleo de Teatro da UFPel fará uma encenação de “A atriz” às 19h. E a noite de atividades culturais será fechada com apresentação da banda de reggae do Kilombo Urbano.

As demais atividades que precisaram ser adiadas terão data e horário divulgadas no Facebook e no Instagram.

 

Exposição de cadernos de receitas das antigas doceiras é uma das atrações do museu

Inclusão

Com o tema “Museus, acessibilidade e inclusão”, a Primavera dos Museus propõe a estes espaços que reforcem seu papel na sociedade. Para Noris Leal, diretora do Museu do Doce, a inclusão vai muito além da acessibilidade à pessoa com deficiência, é o reforçar a inclusão à cultura para todas as pessoas. “A gente está tentando possibilitar que mais pessoas que não tenham como hábito vir ao museu possam participar das atividades”, diz.

 

A diretora do Museu, Noris Leal, salienta a importância da democratização e da acessibilidade da instituição

 

Ainda, segundo a entrevistada, um dos objetivos do Museu é tentar se aproximar do público que não costuma frequentar espaços como os casarões do Centro Histórico de Pelotas. Com as atividades realizadas no espaço, a ideia é que mais pessoas se sintam à vontade para conhecer tanto sobre a história doceira de Pelotas como outras possibilidades de áreas trabalhadas dentro do museu, cumprindo assim seu papel de democratizar a educação. Ela reforça que a estrutura do Museu é acessível, contando com exposições táteis, livro em braile e possibilidade de tradução para surdos.

 

Peças de exposição propõem interação com público

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Vitor Ramil lança quinta single “Amar Você”

O cantor e compositor de Pelotas anuncia também o novo álbum “Mantra Concreto” em homenagem ao poeta Paulo Leminski    

 

 

          Vitor Ramil celebra autor curitibano com música na web     Foto: Marcelo Soares/Divulgação

 

Nesta quinta-feira, dia 26 de setembro, será lançada na internet a música “Amar você”, single que anuncia o novo álbum de Vitor Ramil, “Mantra Concreto”. Este novo trabalho será inteiramente dedicado à poesia do curitibano Paulo Leminski (1944/1989), que completaria 80 anos em 24 de agosto deste ano.

Sozinho ou em parceria, Leminski compôs mais de cem canções. Sua vida é contada no livro “Paulo Leminski – o bandido que sabia latim” (Tordesilhas, 2022), escrito pelo jornalista Toninho Vaz. Quanto à poesia, seus versos eram eruditos e populares. Ao todo, a produção de Leminski compreende oito livros de poesia: “Quarenta clics em Curitiba” (1976), “Não fosse isso e era menos não fosse tanto e era quase” (1980), “Polonaises” (1980), “Caprichos & relaxos” (1983), “Distraídos venceremos” (1987), “La vie en close” (1991), “Winterverno” (1994) e “O ex-estranho” (1996). Desses, os três últimos são póstumos. Em 2013, a Companhia das Letras reuniu os oito livros em um só: “Toda poesia”, que já vendeu o número expressivo de 170 mil exemplares.

Um dos marcos da carreira de Leminski foi o trabalho em parceria nos anos 1980 com o cantor e compositor Guilherme Arantes assinando a trilha sonora do programa especial de TV Pirlimpimpim 2 (1984). Juntos, os dois compuseram nove músicas, entre as quais “Xixi nas estrelas” e “Tomamos vinhos maravilhosos e tivemos papos delirantes”. Guilherme Arantes, por sinal, vai apresentar o show “Intimista”, no dia 18 de outubro, no Theatro Guarany, em Pelotas.

Outro trabalho conjunto de Leminski foi com o cantor e compositor Paulinho Boca de Cantor, que deu título ao segundo álbum solo, de 1981, com a música “Valeu” do poeta. A performance do cantor de “Se houver céu” foi uma das prediletas de Leminski. Paulinho participou do Festival Paulo Leminski, que aconteceu no dia 24 de agosto, em Curitiba. Vitor Ramil, Arnaldo Antunes, e Zeca Baleiro estavam entre os convidados. A filha de Leminski e da poetiza Alice Ruiz, Estrela Ruiz Leminski, também participou. Em 2014, ela gravou o álbum duplo “Leminskanções”, que resgata 25 canções do repertório do pai – tanto músicas solo, como “Verdura”, gravada por Caetano Veloso no LP “Outras palavras” (1981), quanto parcerias, como “Oxalá”, composta e gravada por Moraes Moreira no “Pintando o oito” (1983).

 

Ramil toca violões e canta com parcerias de André Gomes, Edu Martins e Alexandre Fonseca     Foto: Marcelo Soares

 

“Amar Você é Coisa de Minutos”

O início de um dos melhores e mais conhecidos poemas de Paulo Leminski, “Amar você é coisa de minutos” ganhou música de Vitor Ramil e transformou-se na canção “Amar Você”.  Os versos de devoção e entrega à mulher amada ganharam leveza e lirismo na melodia de Vitor Ramil, e a performance de André Gomes no sitar acentua a espiritualidade no arranjo. Ramil toca violões e canta, acompanhado por Edu Martins (synth bass) e Alexandre Fonseca (bateria, tablas, percussão e programação).

Com lançamento previsto para o dia 10 de outubro (Satolep Music), o álbum “Mantra Concreto” nasceu no período da pandemia, em 2021.  “Justamente por estar isolado em casa, fui contaminado pela poesia de Paulo Leminski. Certo dia, enquanto lia o poema ‘Sujeito Indireto’, passei a mão no violão e minha imunidade baixou. ‘Quem dera eu achasse um jeito, de fazer tudo perfeito’ logo virou canção. Nos dias subsequentes a cena se repetiu com outros poemas. Em três semanas, treze poemas, treze canções”, lembra Vitor Ramil.

A produção do single “Amar você” e do álbum “Mantra Concreto” é de Vitor Ramil, Alexandre Fonseca e Edu Martins, com gravação de Lauro Maia, mixagem de Moogie Canazio e masterização de André Dias. As capas do single e o do álbum são criações do designer Felipe Taborda.

Ouça o single neste link a partir de quinta, dia 26 de setembro. 

 

 

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“Pelotas Mal Assombrada”: um passeio pelo desconhecido

Uma jornada pela história sombria e não contada da cidade revela secretos ocultos         

Por Emily Alves e Lidiane Lopes   

O tour “Pelotas Mal Assombrada” está trazendo à tona uma perspectiva desconhecida da cidade, explorando uma visão gótica e questionadora. Em atividade há um ano, o passeio aborda temas como racismo, desigualdade social, suicídio e outros mistérios que se conectam à história local. Pelotas, como muitas cidades brasileiras, guarda segredos ocultos que poucos conhecem, e esse projeto pretende desvendar alguns deles.

Esta programação foi idealizada pelos professores de História, Lizandra Pinheiro e Nikolas Corrêa. Lizandra, professora e organizadora do projeto, é a principal responsável pela execução de todas as etapas do passeio. Ela cuida da organização antes, durante e após cada realização, sendo a peça central para o funcionamento e continuidade da iniciativa. Nikolas, também professor, é o contador de histórias. Com mais de 10 anos de experiência em pesquisa sobre as lendas e crimes da cidade, ele traz o conteúdo histórico do passeio à vida, conectando os visitantes a um passado muitas vezes esquecido. Desde 2019, Nikolas administra a página @pelotasantiga, na qual compartilha curiosidades e histórias sobre a cidade.

O “Pelotas Mal Assombrada” vem atraindo um público crescente e despertando a curiosidade dos moradores e visitantes. Ao caminhar pelas ruas históricas da cidade, os participantes se deparam com narrativas que discutem não apenas o lado misterioso de Pelotas, mas também questões sociais relevantes. O tour reflete sobre momentos e figuras marcantes da história do município, propondo um olhar crítico sobre seu passado. Pelotas, ao contrário do que muitos pensam, faz parte de um seleto grupo de cidades brasileiras cujas histórias assombradas estão longe de serem esquecidas.

 

Grupo em frente à Catedral Metropolitana de Pelotas durante o tour histórico  Foto: Lizandra Pinheiro

 

Com um enfoque que vai além do mero entretenimento, o projeto também busca promover uma reflexão sobre os desafios e questões históricas da cidade, convidando os participantes a questionar e debater as camadas mais profundas de sua identidade. A junção de narrativas históricas com um contexto social mais amplo faz do “Pelotas Mal Assombrada” uma experiência diferenciada, tanto para aqueles que buscam uma aventura no desconhecido quanto para os interessados em história e cultura.

O passeio se estabeleceu como uma forma única de explorar Pelotas, sendo uma oportunidade para moradores e turistas conhecerem a cidade sob uma nova perspectiva. Além das histórias, o tour utiliza a arquitetura e o ambiente urbano como parte integrante da experiência, fazendo com que os participantes sintam-se imersos nos cenários onde os eventos relatados ocorreram.

 

Resgate de histórias do passado é vivenciada ao lado das obras do patrimônio histórico

 

O passeio inicia na Catedral Metropolitana São Francisco de Paula, onde seus conflitos com a maçonaria e o início da construção religiosa na cidade começam. Mas, além de templos e catedrais, uma lenda urbana de Pelotas fala sobre a maldição de uma princesa cigana que esteve na cidade no final do século XIX. Doente e sem melhora, seu povo teria buscado ajuda médica, mas os profissionais se recusaram a tratá-la por ser cigana. A princesa piorou e morreu, mas, antes de falecer, teria amaldiçoado a cidade com as palavras: “esta cidade de hoje em diante não mais prosperará.” Logo, prosseguimos para as ruas, mais especificamente para a rua General Argolo, onde é abordada a morte do jornalista romântico e gótico do século XIX, Lobo da Costa, que teria sido encontrado sem vida e, até então, esquecido pela sociedade.

As histórias seguem o roteiro, passando pelo antigo cemitério central da cidade, uma pequena saudação à mascote do passeio, a figura de uma gárgula, e, em seguida, para a rua Doutor Cassiano, conhecida como zona de meretrício da região em séculos passados, onde se discute de forma questionadora a posição da mulher na sociedade.

A quinta parada não podia ser diferente, abordando o assassinato brutal da rua Voluntários da Pátria, conhecido como “O assassinato de João dos Reis,” que reflete a situação atual da sociedade. A sexta parada fala sobre a Pompas Fúnebres Moreira Lopes, conhecida por ser a funerária mais antiga do Brasil. Seu prédio exibe uma autêntica arquitetura Art Nouveau encantadora, e sua localização no Centro Histórico adiciona um toque especial, proporcionando uma atmosfera única.

Dando espaço para a sétima parada, podemos dizer que é a mais temida por todos que passam por ela, seja de dia ou de noite: a “praça dos enforcados”, também conhecida como a praça dos suicidas, nos arredores da rua Professor Doutor Araújo. E, por fim, os túneis subterrâneos da antiga cervejaria Ritter, construída em 1880, onde são abordados temas esotéricos que envolvem o movimento filosófico Rosa Cruz do século XVII.

De acordo com Nikolas, a importância cultural que o tour pode proporcionar para quem participa é sair do convencional e mostrar o lado mais irreverente que a cidade possui.

“Quando desenvolvemos o tour, nunca imaginamos chegar onde chegamos. Sem posts patrocinados, sem anúncios pagos, tudo foi feito por divulgação orgânica. Isso é muito bom, indica que estamos no caminho certo e pouco explorado. Nossa ideia sempre foi mostrar uma Pelotas diferente da que estamos acostumados. Nossa cidade tem muita história e muitos problemas mal resolvidos. Então partimos dessa ideia e conseguimos alcançar muitas pessoas,” diz Nikolas.

Sobre o planejamento da produção e apuração das histórias, Nikolas relatou que todo o processo é baseado em estudos e pesquisas sólidas. “Eu estudo a história de Pelotas há mais de 10 anos, e tenho um catálogo muito variado de lendas, crimes e mistérios. Ano passado (2023), quando começamos a estruturar o passeio, queríamos algo coeso e possível de ser feito a pé. Então, listamos os pontos e avaliamos quais eram relevantes para o trajeto como um todo. Acredito que nosso passeio tem um início, meio e fim bem definidos. Ao longo do tour, resgatamos conceitos que já foram desenvolvidos em outros pontos.”

A fascinação pelas histórias permeia o passeio para aqueles que participam pela primeira vez. Pensando nisso, Nikolas também falou sobre o mistério favorito que mais gostou de produzir para o tour. “Gosto bastante dos mistérios sem solução. Acho muito interessante a lenda da Cigana Terena e do Homem do Chapéu Cinzento. Mas meu favorito é o que falamos sobre João dos Reis. Trata-se de um tema ainda muito complicado para nós, um reflexo da sociedade do século XIX que ainda persiste. Um crime com aquela brutalidade é algo aterrorizante até hoje,” conclui Nikolas.

O convite está aberto. Se ficou interessado, o tour é mensal, com vagas abertas divulgadas com antecedência na página do Instagram.

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Tenho interesse no passeio , como funciona?

Cibele Maino Gonçalves

Resposta do Arte no Sul: Prezada Cibele! Muito obrigado por sua visita e comentário! Recomendamos fazer contato com os organizadores pelo link do Instagram disponível acima.

Aléxia Porto: jovem escritora conquista milhares de seguidores e encanta leitores com sua arte

Natural da cidade de Capão do Leão, autora começou seu trabalho criativo já na infância    

Por Vanessa Oliveira e Lidiane Lopes     

 

Espinhos

O seu problema é que

Você se contenta com espinhos

Desde que se conhece por gente.

 

Então, quando alguém lhe apresenta uma flor

Você recusa.

 Por não saber receber o amor sem sentir dor.

 

– Isso chega ser desumano consigo mesmo.

 

Uma das poesias de Aléxia Porto, jovem escritora natural de Capão do Leão, ilustra a profundidade e a sensibilidade de sua obra. Com apenas 18 anos, Aléxia já se destaca no cenário artístico nacional. Desde pequena, sua trajetória já indicava que seguiria o caminho das artes. “Com apenas oito anos de idade já escrevia minhas primeiras histórias e sempre tive apreço pela arte”, conta.

 

       Aléxia lançou recentecente seu livro na livraria Feito de Letras, em Pelotas         Foto: Reprodução/TikTok

 

Seu trabalho recém-lançado, “O que os pássaros me contaram”, é um livro de poesia que mostra o lado sensível e emocional das quatro estações do amor. Paixão, amor, perda e cura. A obra é dividida em quatro capítulos, e cada um ganha o nome de uma estação. Primavera, verão, outono e inverno. Mostrando cada episódio do amor ao processo de cura e libertação. É um livro que trata dos processos dolorosos e do recomeço de uma nova etapa. Cada estação com suas características, cores e amores. Mostrando que toda fase deve ser aproveitada e que, no final de tudo, sempre existe um recomeço e que o amor é a melhor opção.

Além de escritora, Aléxia também participou de projetos como atriz, incluindo a produção de um curta-metragem com um amigo da família, e destacou-se em concursos de poesia e shows de talentos na escola.

Em 2021, ela deu um passo significativo ao oficializar sua paixão pela escrita. Criou a página no Instagram @vivendo_escrita e publicou seu primeiro poema no TikTok @_alexiaporto intitulado, “Não se apaixone por artistas”. O poema rapidamente viralizou, conquistando milhares de pessoas que, assim como ela, têm uma forte conexão com a arte. Atualmente, seu perfil no TikTok já soma mais de 100 mil seguidores, espalhando sua poesia por todo o Brasil.

Aléxia tem ampliado sua atuação não apenas no mundo digital, mas também fisicamente. Seus poemas já foram recitados em saraus no Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo, além de integrarem projetos em escolas e faculdades. “A poesia sempre esteve em mim, e eu a utilizo como forma de expressão para me entender melhor e mostrar quem eu realmente sou”, reflete a jovem escritora.

Em 2023, a trajetória de Aléxia foi reconhecida pela prefeitura de Capão do Leão, que a homenageou com a comenda Florisbelo Garcia. No mesmo ano, ela participou da Feira do Livro de sua cidade, quando compartilhou suas experiências com alunos de escolas locais. A jovem escritora também lançou seu livro, “O Que os Pássaros Me Contaram”, na Livraria Feito de Letras, em Pelotas. “Foi uma tarde muito especial, onde pude me conectar com várias pessoas e partilhar o que mais amo: a arte”, lembra.

Aléxia ainda teve a oportunidade de conhecer pessoalmente Fabrício Carpinejar, um de seus escritores favoritos, durante uma palestra. “Foi um momento incrível. Conversamos sobre arte, e entreguei a ele um exemplar do meu livro”, relata.

Novos projetos e reflexões

Aléxia Porto já está em processo de escrita de seu próximo livro, revelando que a arte de escrever continua a ser uma forma de autodescoberta e maturidade. Para ela, seu livro “O que os pássaros me contaram” representa um marco importante e de crescimento pessoal.

“Espero que, ao lerem meu livro, os leitores percebam a maturidade adquirida entre os versos e que consigam lidar com os ciclos e as fases da vida. Que cresçam com cada etapa e aceitem a vulnerabilidade. Que entendam que a maturidade não é sinônimo de emoção ou fraqueza; ser vulnerável é sinal de força”, reflete Aléxia.

Ela deseja que seu livro não apenas inspire, mas também acolha seus leitores. “Espero que este livro abrace a cada um deles, assim como eu fui abraçada durante o processo de escrita. Que, ao longo dos versos, eles possam crescer e se conhecer, da mesma forma como eu amadureci enquanto escrevia cada palavra.”

Com uma carreira promissora à sua frente, Aléxia Porto continua a inspirar e encantar com sua poesia, mostrando que a arte não tem idade nem fronteiras.

Para os interessados em conhecer mais de perto o trabalho de Aléxia Porto, seu livro “O que os pássaros me contaram” está disponível para compra no site da sua editora. Basta acessar drafteditora.com.br. Além disso, a obra também pode ser adquirida pela Amazon, onde o ebook está disponível, acessando este link.

Conecte-se com Aléxia Porto

Além do livro, os leitores podem acompanhar Aléxia e seu trabalho artístico pelas redes sociais. No Instagram, ela compartilha seus pensamentos e poesias na página @vivendo_escrita, e no Tiktok, seus vídeos poéticos podem ser encontrados no perfil @_alexiaporto.  Em ambas as plataformas, ela interage com seus seguidores, compartilhando seu amor pela poesia e a arte.

Conheça um pouco mais da escritora e seus pensamentos neste vídeo do YouTube:

 

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Parabéns pela matéria! Grande poeta Alexia Porto.👏🏽👏🏽

Lucian Brum

Chegada da Chama Crioula marca início dos Festejos Farroupilhas em Canguçu

Programação teve início no dia 8 de setembro e prossegue até dia 22        

Por Amanda Leitzke e Chaiane Römer        

 

Prefeito de Canguçu, Marcus Pegoraro, recebendo a Chama Crioula   Fotos: Otávio Lopes

 

No domingo, dia 8 de setembro, a cidade de Canguçu recebeu a Chama Crioula, trazida pelo piquete O Vanguardeiro. Este evento deu início aos festejos farroupilhas no município, que se estenderão até o dia 22 de setembro. Durante a tarde, a programação incluiu uma ronda de integração no Ginásio Municipal e um show com o Capitão Faustino.

A festividade deste ano será prolongada por quase um mês, o que reflete a grande importância e o envolvimento da comunidade local. A coordenadora do Departamento de Cultura, Lizane Ledebuhr, explica que a tradição dos festejos em Canguçu vai além da típica “Semana Farroupilha”. “Normalmente, associamos a Semana Farroupilha a uma semana de eventos, mas a nossa programação se estende por mais de 15 dias. Por isso, passamos a chamar de Festejos Farroupilhas. Contamos com a participação ativa dos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) e das escolas, que promovem uma ronda a cada dia para garantir a integração entre todos os participantes.”

 

Piquete O Vanguardeiro trazendo a Chama Crioula para Canguçu no dia 8 de setembro

 

O tema dos festejos deste ano é o centenário de nascimento do poeta regionalista Jayme Caetano Braun (1924-1999). O patrono estadual é o violonista, cantor e compositor de música nativista Pedro Ortaça. Em Canguçu, a homenageada é Janeti Terezinha Cardoso Vargas. Lizane Ledebuhr revela que a escolha de Janeti foi unânime. “Durante uma reunião com patrões e entidades, surgiram dois nomes, além de um indicado pela Câmara de Vereadores. Após votação, a professora Janeti foi escolhida por seu papel significativo no CTG e na cultura tradicionalista, sendo também a primeira prenda do Rio Grande do Sul.”

A programação dos festejos inclui rondas estudantis e eventos nos CTGs ao longo do mês, com grande importância para a preservação da cultura tradicionalista. O professor e membro do Departamento de Cultura, Giales Raí Rutz, ressalta a relevância dessa participação. “O principal objetivo é manter viva a cultura tradicionalista, envolvendo tanto as escolas quanto os CTGs. As escolas são fundamentais para introduzir a cultura gaúcha desde a infância, e essa conexão com os CTGs permite que as crianças cresçam imersas na tradição.”

Há dois anos, Canguçu viveu um dos momentos mais marcantes da cidade com a 73ª Geração e Distribuição da Chama Crioula, realizada nos dias 12 e 13 de agosto de 2022. O evento, organizado pela 21ª Região Tradicionalista e pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), marcou o início dos festejos farroupilhas no Rio Grande do Sul. O professor e também membro do Departamento de Cultura, Andrio Aguiar, recorda o impacto desse evento: “Foi um marco histórico para Canguçu. A cidade teve a oportunidade de sediar a geração e distribuição da chama, algo que a comunidade não conhecia até então. O evento trouxe uma enorme visibilidade para Canguçu, atraindo delegações de todo o Estado, do País e até do exterior. A recepção calorosa da população e a participação ativa das escolas foram cruciais para o sucesso do evento.”

Os festejos farroupilhas de 2024 estão apenas começando em Canguçu. Com uma programação rica em atrações e atividades, o evento promete manter viva a chama do tradicionalismo e o entusiasmo da comunidade canguçuense até o final do mês.

Confira a programação completa divulgada pela Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Cultura de Canguçu:

 

 

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Coletivo de Autores de Pelotas realiza Festim da Primavera em outubro

Grupo promove evento com várias atividades para incentivar literatura e lançar seu novo livro “Poção Literária”         

Por Enzzo Lopes Rodrigues   

 

O Coletivo de Autores de Pelotas (CAP) começou em fevereiro de 2019, a partir de uma conversa informal entre amigos sobre dicas de como publicar um livro. Desde então, foram organizados outros encontros e foi decidido criar um grupo de escritores nascidos ou radicados na cidade de Pelotas, com o objetivo principal de fazer ações para promover a literatura. O grupo já realizou mais de 100 atividades e, atualmente, conta com 20 membros.

Em outubro, o coletivo vai realizar o evento Festim de Primavera, quando irá lançar o livro infantil “Poção Literária”. A promoção seria realizada no começo do ano, mas precisou ser adiada devido às enchentes que ocorreram no Estado. Com duração de três dias, terá como tema o resgate da criança que existe em cada um de nós e que, com o passar dos tempos, acaba sendo retraída devido às dificuldades da vida adulta.

“A gente quer que as pessoas entendam que qualquer um tem potencial para escrever, gostando e se dedicando. Algumas pessoas escrevem melhor que as outras, mas aquele que escreve mais ou menos e que realmente se dedicar, se interessar, vai melhorar. Então, qualquer pessoa tem potencial,” diz a escritora e jornalista Joice Lima, integrante do grupo.

Com isso em mente, o coletivo realiza uma série de atividades. Uma delas é o “Tá lendo o quê?”, um encontro que acontece mensalmente em cafés, onde as pessoas compartilham o que estão lendo e suas impressões sobre o livro, podendo assim despertar o interesse de outras pessoas pela mesma leitura. Ao fim, ocorre um sarau, quando quem quiser pode compartilhar um trecho do livro que considere interessante.

 

Diogo Rios foi um dos participantes do encontro “Tá lendo o quê?”

 

O coletivo tem uma parceria com a Secretaria Municipal da Cultura de Pelotas (Secult). “Eu sou servidora pública da Secult. Trabalho no (Teatro) Sete de Abril e também sou coordenadora dos pontos de leitura da Secretaria, que foram criados no ano passado. Pontos de leitura Secult e Dunas. […] Então acabou que eu propus para o grupo, todo mundo aceitou e a gente fez uma parceria”, explica Joice, autora de quatro romances. Assim, os escritores do coletivo participam de atividades nos pontos de leitura. A parceria também inclui oficinas de escrita mensais.

 

Joice Lima coordenou uma das oficina literárias gratuitas no ponto de leitura Secult

 

            Confira a programação completa do Festim da Primavera:

11/10/2024 – Sexta-Feira

  • Das 16h às 18h – Sarau Literário na Associação Comunitária Quilombola do Alto do Caixão (localizada na Colônia Santo Antônio, acesso pela Estrada Principal do 7° Distrito Quilombo, zona rural de Pelotas).

 

12/10/2024 – Sábado

  • Das 10h às 14h – Feira Itinerante #EuLeioPelotas no Mercado das Pulgas (Largo Edmar Fetter – Mercado Central).
  • Das 15h às 17h – Caminho das Cores (Secretária de Cultura – Pr. Cel Pedro Osório, 2).
  • Das 17h30 às 19h30 – Lançamento do “Poção Literária – Histórias e poemas para despertar o prazer da leitura”, edição de estreia do Coletrinhas – Caderno Literário Infantil 1. (Secretária de Cultura – Pr. Cel Pedro Osório, 2).
  • 22h – De luz e sombras: “Uma imersão de três horas em escrita criativa, a partir de exercícios e provocações de três ministrantes, baseado no conceito de luz e sombra, seja para despertar a luz da criança adormecida em nós ou para explorar nosso lado mais assustador”. Inscrições antecipadas. (Theatro Sete de Abril – Pr. Cel. Pedro Osório, 152).

 

13/10/2024 –  Domingo

  • CAPela enCena – apresentação de esquete teatral inspirada na Parábola do Filho Pródigo, por atores do Studio Atores de Pelotas e participação especial de Luis Kurz, escritor do CAP.

O grupo já lançou dois livros, o “Aguaceiro” e o “Espaços de vida: escritas de um coletivo”, que podem ser adquiridos diretamente com os autores, no Mercado das Pulgas, do qual o coletivo participa uma vez ao mês, ou no Sebo Icária (rua Tiradentes 2609, Pelotas). Além disso, realiza uma série de outras atividades abertas ao público, todas com o objetivo de incentivar a leitura e a escrita, que podem ser acompanhadas pelo Instagram, @euleiopelotas,  em que também podem ser encontradas mais informações sobre a programação do Festim de Primavera.

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Narrativa sobre solitude e solidão em “Se os gatos desaparecessem do mundo”

Obra literária trata do sofrimento de doença terminal e aborda dilemas atuais na sociedade      

Por Ricardo Bandar     

A frase “Se os gatos desaparecessem do mundo” representa o maior pesadelo de todos os gateiros e gateiras do planeta. O livro do escritor japonês Genki Kawamura traz ao leitor uma mescla de fantasia e reflexões sobre dilemas reais. Lançada em 2012, a obra foi traduzida em inúmeros idiomas e cativou as pessoas com a sua forma de apresentar temas como solidão, solitude (isolamento voluntário e consciente) e a finitude da vida.

A narrativa gira em torno de um jovem carteiro solitário. Logo no começo da história, ele descobre ter uma doença terminal, um tumor cerebral em estágio quatro, e que, infelizmente, não lhe resta muito tempo de vida. Abalado com a notícia, o rapaz aceita fazer um pacto com o diabo, que consiste em fazer algumas coisas desaparecerem do mundo para conseguir mais dias de vida. Através dessas trocas é que o escritor aborda os dilemas da solidão e solitude, utilizando a fantasia e o surrealismo na trama.

 

Livro teve primeira edição em 2012 e já tem várias versões em idiomas diferentes

 

A cada troca realizada, torna-se mais evidente que o carteiro não possui conexões pessoais e sociais. Na verdade, não sobraram muitas. O seu maior laço é com seu gato, o Repolho, que era de sua falecida mãe. Já os vínculos com o pai, amigos e ex-namorada, apresentam muitos problemas e situações mal resolvidas.

A solitude é apresentada toda vez que o personagem principal precisa revirar o seu passado, como, por exemplo, quando faz o celular desaparecer. Antes disso, ele marca um encontro com a sua ex-namorada. Nesse trecho, ao mergulhar na sua história com a garota, é notável a maneira que ele mesmo escolhe manter distância da namorada e a falta de atitude para resolver impasses e conflitos entre eles. Essa situação se repete no decorrer dos capítulos, quando o jovem precisa lidar com um antigo amigo e o seu pai.

Ao mesmo tempo, a solidão aparece como um tema presente em toda a obra, sempre evidenciando que a pessoa com que o garoto realmente podia e gostava de compartilhar os seus dias era a sua mãe. A partir dessa observação, é possível compreender ainda mais o amor dele pelo Repolho, o gato que era de sua mãe.

Então chega a hora em que o diabo propõe fazer todos os gatos do mundo desaparecerem por mais um dia de sua vida. E, nesse momento, o carteiro entra em conflito, terá de escolher entre seu amado gatinho e a sua própria vida. Aqui se nota um grande choque entre a solitude e a solidão do rapaz, afinal, o Repolho é o único ser do qual ele não quis se isolar e escolheu compartilhar seus dias. Além disso, o gato representa uma conexão com a sua mãe, uma forma de atenuar o sentimento da perda dela e de lidar com a finitude da vida.

A escolha que o garoto irá fazer traz a pergunta se a opção pela solidão representa uma vida que vale a pena ser vivida. Está em questão se ele quer encarar o fim da própria vida e se livrar da vontade de se isolar. Se quer resolver os impasses do passado e ir atrás de alguém com quem compartilhar seus dias.

“Se os gatos desaparecessem do mundo”, de Genki Kawamura, faz parte do “subgênero” de ficção de cura, que vai de encontro a um movimento atual de buscar a reflexão sobre os dilemas atuais da sociedade, como distanciamento social, solidão, hiperconectividade, instantaneidade, etc. Esse tipo de livro, faz com que o leitor resgate a felicidade e o sentido nas pequenas coisas do cotidiano.

Além disso, essa obra vai um pouco mais fundo, explorando questões como luto e aceitação da morte, autoavaliação, conexões e relações pessoais, a busca por significado e a superação pessoal. A narrativa emociona e cativa os leitores através de uma jornada em busca de uma vida que vale a pena ser vivida.

 

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Filme “Cidadão Kane” marca legado do diretor Orson Welles

Produção de 1941 inovou na forma do cinema contar histórias e visão multifacetada do protagonista 

Por Pedro de Oliveira   

“Cidadão Kane”, dirigido por Orson Welles e lançado em 1941, é frequentemente considerado um dos maiores filmes de todos os tempos. Para entender essa aclamação, é crucial examinar a revolução narrativa e técnica que o filme introduziu. Welles inovou ao usar a narrativa não linear, começando o filme com a morte do protagonista, Charles Foster Kane, e reconstruindo sua vida através de flashbacks e múltiplas perspectivas. Essa estrutura narrativa desafiou as convenções da época, permitindo ao espectador uma visão multifacetada do personagem.

O uso de técnicas cinematográficas como a profundidade de campo também se destacou. Esta técnica, que mantém todos os elementos do quadro em foco, simboliza a complexidade da vida de Kane e o intrincado emaranhado de eventos que moldaram seu caráter. Além disso, a colaboração com o diretor de fotografia Gregg Toland resultou em composições visuais impressionantes, como o uso de ângulos baixos para engrandecer o poder de Kane. Estas inovações técnicas e narrativas continuam a influenciar cineastas modernos, reafirmando o status icônico de Welles.

 

Famosa cena do filme que exemplifica a técnica da profundidade de campo  Fotos: Reprodução/Internet

 

Crítica ao Poder e à Mídia

Centrado na figura de Charles Foster Kane, o filme oferece uma crítica contundente ao poder e à manipulação midiática. Kane, inspirado na vida do magnata da imprensa William Randolph Hearst, é retratado como um homem que ascende ao poder utilizando a mídia como ferramenta de controle e propaganda. A trajetória de Kane revela como a obsessão por poder e controle pode corromper os valores e desumanizar o indivíduo.

A crítica de Welles vai além do personagem, estendendo-se à própria mídia, que se torna cúmplice na construção e destruição de ícones como Kane. O filme questiona a ética jornalística, sugerindo que a busca pelo sensacionalismo pode comprometer a verdade e a responsabilidade social. Para estudantes de jornalismo, “Cidadão Kane” serve como um alerta sobre os perigos da concentração de poder midiático e a importância de manter a integridade na profissão.

 

Imagem clássica que representa a ascensão de Kane em sua caminhada na produção de notícias

 

Enigma de “Rosebud”

O mistério de “Rosebud,” a última palavra proferida por Kane antes de sua morte, é o fio condutor que permeia toda a narrativa. Essa palavra simboliza a busca incessante pelo significado da vida e pela essência perdida do protagonista. Ao longo do filme, diferentes personagens oferecem suas interpretações sobre Kane, mas ninguém parece compreender plenamente seu verdadeiro desejo ou a razão de seu fracasso pessoal.

“Rosebud” representa a inocência perdida de Kane, sua infância feliz antes de ser separado de sua família e lançado em uma vida de riqueza e solidão. Essa metáfora ressoa profundamente, sugerindo que, apesar de toda a sua riqueza e poder, Kane morreu sem encontrar a paz interior. A simplicidade desse enigma é o que torna “Cidadão Kane” tão poderoso, pois revela a fragilidade humana por trás da fachada de grandeza.

Relevância Contemporânea

Embora “Cidadão Kane” tenha sido lançado há mais de oito décadas, sua relevância permanece intacta. Em tempos de crescente influência das mídias digitais e redes sociais, a história de Kane ecoa as preocupações contemporâneas sobre a manipulação da informação e o culto à personalidade. O filme questiona como o poder e a mídia podem moldar a percepção pública, criando narrativas que favorecem os interesses de poucos em detrimento do bem comum.

Para os estudantes de Jornalismo, essa reflexão é particularmente importante. A era digital trouxe novas formas de disseminação de notícias, mas também novos desafios éticos. Assim como Kane utilizou seu império midiático para moldar a opinião pública, hoje, algoritmos e campanhas de desinformação ameaçam a integridade do jornalismo. “Cidadão Kane” nos lembra que a busca pela verdade deve ser o princípio norteador de qualquer jornalista.

 

 

          Obra de Orson Welles transcende o tempo de sua realização                                                Foto: NBCUniversal via Getty Images

 

Trabalho criativo imortal

“Cidadão Kane” não é apenas um filme; é uma lição sobre o poder, a mídia, e a condição humana. A obra-prima de Orson Welles transcende o tempo, oferecendo uma crítica incisiva que ainda ressoa nos dias de hoje. Para os futuros jornalistas, o filme serve como uma reflexão sobre o papel da mídia na sociedade e os dilemas éticos que cercam o exercício da profissão.

Ao assistir “Cidadão Kane”, é impossível não se impressionar com a habilidade de Welles em entrelaçar temas complexos com uma narrativa visualmente inovadora. A obra permanece um estudo essencial para qualquer estudante de Jornalismo, não apenas pelo seu valor histórico, mas também pelas lições atemporais que oferece sobre a natureza do poder e da verdade.

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Exposição promove reflexões sobre enchente que afetou Pelotas

Mapa da cidade em 3D, exposto no Museu Carlos Ritter, propõe e estimula debates sobre a cidade     

Stéfane Costa     

 

Mapa conta com projeções para ilustrar possíveis cenários a serem vividos       Fotos: Stéfane Costa

 

Parte do coração do Centro Histórico de Pelotas, o Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter mostra muito mais do que se propõe. Apesar de visar as ciências como um todo, o espaço é de grande importância sociocultural.

Exemplo disto é a exposição “Impressão (3D) do relevo de Pelotas: um espaço para reflexão sobre a enchente”. Misturando tecnologia, informação e visual, a mostra traz uma representação da cidade, para estimular pensamentos e ideias sobre a triste realidade climática enfrentada recentemente.

Antes de ganhar destaque em uma das salas do museu, o modelo foi utilizado na Sala de Situação montada para trabalhar as atualizações sobre a enchente e que funcionava no 9º Batalhão de Infantaria Motorizada, onde eram tomadas as decisões quanto às inundações no município.

A longo prazo, o mapa fornece uma rica experiência sensorial para quem o visita no museu.  Para Adriane Borda, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, é justamente seu formato que se destaca. “Nós trabalhamos principalmente para auxiliar pessoas com deficiência visual, de compreender as formas dessa arquitetura, como uma interface para dialogar sobre todo o interesse cultural dessa arquitetura, e, com isso, nós nos desafiamos para representação do relevo da cidade, que é algo complexo também”, explica.

 

Mapa sem projeções  faz parte de exposição que explica nossa relação com meio ambiente

 

O modelo também responde questionamentos de senso comum ouvidos durante as enchentes, como o fato de Pelotas ser uma cidade totalmente sujeita à invasão da água. “Foi fundamental para pessoas leigas porque, muitas vezes, várias pessoas tinham dificuldade de compreender as representações como estavam sendo feitas por meios digitais ”, diz.

Reforçando o conceito da acessibilidade e educação lúdica, o projeto foi feito em partes, ou seja, é possível destacar “partes da cidade” para mergulhar em um recipiente com água. Essa é mais uma forma sensorial de demonstrar como as pessoas podem entender a cidade e o local onde vivem.

 

Peça destacada para ser mergulhada em água é experiência lúdica que demonstra como partes da cidade podem ser afetadas

 

Carolina Silveira, assistente administrativa do museu, acredita que a exposição também seja um importante objeto de reflexão já que se propõe a mostrar os “vários fatores que estão mudando o nosso clima e aos quais temos que se adaptar”. Se não cuidarmos “do nosso meio ambiente, a gente vai ter que se adaptar de um jeito ou de outro, mas tem que se pensar num futuro, não pensar só no hoje. Pensar num futuro e continuar, não só na hora do desespero e parar para ver o que fazer quando já está acontecendo. Tem que pensar com antecedência, tem que seguir refletindo, né?”, reforça.

Segundo Carolina, essa exposição é apenas um exemplo de como o museu “é um espaço para a gente divulgar a ciência, a cultura, e diversas áreas do conhecimento que podem interagir. É muito importante para a comunidade, para o nosso público”, completa. 

O Museu Carlos Ritter fica na Praça Cel. Pedro Osório, 1, no Centro Histórico de Pelotas. Os horários de visitação são de segunda a sábado, das 13h às 18h30.

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