Por Vitória de Góes
Semana Farroupilha motiva retorno gradual das atividades nas entidades tradicionalistas
Desde o dia 12 de março de 2020, quando o governo recomendou o cancelamento de eventos devido à pandemia de Covid-19, o Movimento Tradicionalista Gaúcho passou a adiar e cancelar encontros como rodeios, congressos e concursos. Agora, pouco mais de um ano depois, os Centros de Tradições Gaúchas estão retornando com algumas atividades culturais de forma presencial, aproveitando as comemorações da Semana Farroupilha.
A 26ª Região Tradicionalista, composta pelos municípios de Pelotas, Capão do Leão, Turuçu, Arroio Grande e Morro Redondo, realizou seus eventos culturais de forma on-line durante esse período de pandemia. Segundo a 1ª Prenda Regional da gestão 2019/2021, Leticia Conter, apesar de os encontros presenciais fazerem falta, não foi difícil adaptar-se ao virtual. Desde o início, as entidades passaram a organizar lives e ações voluntárias, sempre mantendo os cuidados em relação à pandemia. Quanto à expectativa desse retorno presencial, Letícia explica: “Aos poucos nós estamos retornando. Um exemplo é a distribuição da Chama Crioula, que vai acontecer de forma presencial mas com várias restrições. Então, acredito que gradativamente vamos voltando a ter as solenidades, com algumas medidas, já que os eventos tradicionalistas envolvem pessoas de todo o Estado”.
Prendas e Peões 26ªRT gestão 2019/2021 Foto: Reprodução/Facebook
As festividades da Semana Farroupilha costumam reunir um número significativo de pessoas, principalmente durante os famosos desfiles de 20 de Setembro. Por isso, neste ano, novamente a região optou por não realizar esse encontro na data, o que deverá acontecer é uma carreata com representantes das entidades tradicionalistas. “Esse momento de pandemia também foi uma prova de que a gente não necessita estar dentro do galpão, da entidade, para sermos tradicionalistas e agirmos como tal. Foi uma prova de valores, de amor ao próximo e de respeito, além de uma grande abertura para a juventude que se mobilizou mais”, reforçou Letícia.
Os representantes de duas entidades tradicionalistas de Pelotas, a União Gaúcha João Simões Lopes Neto e o CTG Sinuelo do Sul, falam de como foi passar por esse momento em que as portas dos galpões ficaram fechadas. Também, de como está sendo esse retorno gradual às atividades presenciais.
União Gaúcha J. Simões Lopes Neto
Arte no Sul – Como foi o processo de fechar as portas da entidade e ter que dar uma pausa nos eventos culturais e campeiros, mas, ao mesmo tempo, manter os associados envolvidos?
Romualdo Cunha Júnior, Patrão da União Gaúcha (UG)
“Desde 17 de março de 2020, a pandemia interrompeu nossas atividades e conseguinte nos vimos diante um dos maiores desafios do setor cultural de todos os tempos. Na União Gaúcha não foi diferente. Com a interrupção das atividades houve uma baixa em sessenta por cento da arrecadação do associado que deixou de frequentar a entidade através das invernadas artísticas e do público que frequentava nossos eventos que complementavam nossa receita. Por algum tempo, conseguimos manter o associado envolvido com programações e encontros on-line, mas aos poucos o pessoal foi se afastando e o interesse também foi decaindo. O único departamento que permaneceu ativo, mesmo com limitações, foi o campeiro, que continuou frequentando a entidade para o trato diário dos equinos de sua responsabilidade. O futuro ainda é incerto, teremos que fazer um trabalho individual para atrair os associados antigos e nos desdobrar para buscar novos, mesmo sem saber como está o poder aquisitivo das pessoas pós pandemia.”
Arte no Sul – A União anunciou o retorno de algumas atividades como os ensaios das invernadas, como irá funcionar?
Cunha Júnior – “Sim. Desde a segunda quinzena de agosto iniciamos as tratativas com os coordenadores das invernadas da entidade a fim de estimularmos o retorno das aulas de dança, respeitando os protocolos sanitários e os decretos municipal e estadual. Há exemplo de uma tentativa de retorno em fevereiro deste ano, a tentativa de agora foi muito mais positiva, visto que a vacinação avançou e, em fevereiro, não tivemos muita adesão de retorno. A ideia é recomeçar devagar e aproveitar o que resta do ano. No primeiro momento as invernadas Xirú e Adulta já realizaram seus primeiros encontros e a invernada Mirim recomeçará nos próximos dias. A única invernada que ainda não tem data definida é a Juvenil, pois ainda estamos organizando e recrutando os dançarinos. Os ensaios serão, na verdade, aulas de dança. Respeitando o distanciamento, aferindo a temperatura na chegada aos ensaios, uso de máscara, mantendo o local arejado e orientando sempre para proporcionar aulas com segurança.”
Arte no Sul – Quais serão as ações e eventos durante a Semana Farroupilha e como vocês irão realizar de forma que seja seguro para todos?
Cunha Júnior – “As ações que promoveremos dependem ainda do que o decreto municipal permitir. Até o momento estamos ainda na fase de elaboração. Nossa ideia é realizar o acendimento da chama, promover jantares com limitação de público, a tradicional missa crioula e centralizar nossa chama na parte externa do parque, o que nos dará mais segurança ao ar livre. Não faremos nenhum tipo de baile e nossa ideia para o aniversário da entidade é investir nos artistas da casa, estimulando-os a realizarem apresentações no nosso palco, como por exemplo, declamação, intérprete solista, instrumental e talvez algum casal executando danças tradicionais.”
CTG Sinuelo do Sul
Arte no Sul – Quais foram as ações da entidade durante 2020 e agora no primeiro semestre de 2021?
Paulo Bastos Jr., diretor do Departamento Jovem do MTG e integrante do CTG Sinuelo do Sul
“A gente teve uma reunião com a patronagem para pensar como adaptar as atividades. Tentamos trazer em questão principalmente não deixar de realizar as atividades, para manter o pessoal ativo, mesmo que de forma on-line. Através de lives, ações sociais e eventos on-line, a gente tentou reforçar a importância da participação do CTG mesmo em tempos pandêmicos.”
Arte no Sul – Qual a sua expectativa quanto ao retorno dos eventos presenciais?
Bastos Jr. – “A gente sabe que, com a questão da vacina, algumas coisas já começaram a ser liberadas, mas como o nosso CTG fica dentro de uma escola, que é o Pelotense, e ela não retornou às atividades presenciais, então não temos uma previsão de retorno presencial da entidade também. Mas estamos com a expectativa de que no ano de 2022 nós consigamos retornar.”
Arte no Sul – Quais estão sendo os preparativos da sua entidade para a Semana Farroupilha?
Vera Lúcia Xavier, Patroa do CTG
“A nossa entidade está se preparando para buscar a Chama Crioula no dia 16 de setembro, em Porto Alegre. Teremos uma apresentação artística em um palco que será montado no Shopping Pelotas e ainda no dia 20 de setembro uma amostra com os trabalhos desenvolvidos pelo CTG, também em um espaço do Shopping. Por conta da pandemia, muitas atividades que desenvolveríamos não poderão ser feitas. Neste momento, tudo ainda será muito restrito.”
Retorno dos concursos culturais
Ainda no feriado da Independência, as Regiões Tradicionalistas realizaram a 51ª Ciranda Cultural de Prendas e o 33º Entrevero Cultural de Peões, definindo os representantes regionais. Confira os vencedores da 26ª Região Tradicionalista:
Daniela Silva Martinez – 1ª Prenda
Rebeca Dias – 1ª Prenda Juvenil
Alice Bergmann – 2ª Prenda Juvenil
Eduarda da Silva – 3ª Prenda Juvenil
Guilherme Henrique Pons – 1º Guri Farroupilha
Juan Vinicius Sichmann – 2 Guri Farroupilha
Rafaela Damasceno – 1ª Prenda Mirim
Mikaela Erben – 2ª Prenda Mirim
João Pedro Vencato – Piá Farroupilha
Imagem: Reprodução Facebook
Na sexta-feira, dia 10 de setembro, o MTG anunciou os vencedores da 50ª Ciranda de Prendas Estadual e o 32º Entrevero Cultural de Peões, que irão representar a juventude tradicionalista no período de 2021/2022. Confira aqui a publicação oficial com os nomes e regiões dos vencedores.
Chama Crioula é gerada
Na manhã de quinta-feira, dia 16 de setembro, foi gerada a Chama Crioula Farroupilha da 26ªRT, no município de Capão do Leão. O evento contou com a presença do prefeito Vilmar Schmitt e da prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, além de autoridades tradicionalistas. A Centelha se deslocará para Pelotas, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre. O objetivo é visitar a cidade-mãe, Pelotas, e em seguida todos os municípios que dela se emanciparam.
Solenidade ocorreu dia 16 de setembro Foto: Reprodução/Prefeitura de Capão do Leão
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