Linha do tempo da produção doceira em Pelotas é tema de palestra na Fenadoce 2019
Qual o momento em que a cultura do doce transformou-se em tradição na cidade de Pelotas? Esta foi a pergunta norteadora da palestra realizada no auditório 1 do Centro de Eventos da Fenadoce nesta quarta-feira (19). A atividade foi ministrada pela docente do curso de Museologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Nóris Leal.
A ideia do projeto surgiu durante o desenvolvimento de sua tese do Doutorado em Memória Social e Patrimônio Cultural pela UFPel, focada na construção do Museu do Doce. Nóris conta que ao longo do desenvolvimento do assunto, diversas questões surgiram, incluindo as razões da tradição pelotense. “Senti necessidade de começar a estudar a questão de como o doce se posiciona na tradição, de onde vem, como Pelotas tornou-se capital Nacional do Doce”, comenta. O início de tudo foi com a chegada dos portugueses ao Brasil, trazendo a cultura e costumes. Assim, quando Pelotas desenvolveu-se, os doces e açúcares já estavam consagrados no Brasil. Nóris explica que os primeiros visitantes do município, em 1820, não citam doces, mas sim pomares: todas as frutas como pêssego e laranja, já transformadas em doce. “Deste relato, é um sinal de que nas cozinhas já eram fabricados doces, e como se desenvolve o doce passando pelos grandes jantares, início das confeitarias na cidade e a questão de sociabilidade”, afirma.
O ponto chave para a consolidação do município como Capital do Doce se concretiza, de acordo com a docente, na primeira edição da Feira Nacional do Doce. Até este ponto, os doces aparecem na literatura pelotense constantemente, mas sem destaque. “É na Fenadoce que explode a ideia de Pelotas realmente tem uma tradição e ocorre toda a organização para que a gente chegue como patrimônio cultural”, afirma. A linha do tempo apresentada por Nóris é focada em todos os pontos principais da produção do doce, com início na cana-de-açúcar cultivada na península Ibérica no período da conquista dos mouros e é finalizada no ano de 2018, com o reconhecimento do Patrimônio Cultural.