Fórum Social discute o uso e o abuso de substâncias psicoativas
A Pró-reitora de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Pelotas conduziu a última reunião do Fórum Social, referente ao mês de agosto, realizada na Casa dos Conselhos Municipais de Pelotas. O evento reuniu aproximadamente 50 pessoas, e contou com uma roda de conversa com o tema “Prevenção ao uso de drogas e redução de danos”
O consumo de drogas é um fato histórico em diversas civilizações e é tão antigo quanto o ser humano. A Professora do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Michele Oliveira, e a Professora Dra. Valéria Cristina Coimbra comentaram sobre a história do humano com as drogas e seus padrões de uso, tais como: experimental, recreativo/social, controlado, nocivo/abuso. Além disso, a dependência é a necessidade psicológica ou física de continuar usando-a. Já a tolerância às drogas é toda necessidade de uma quantidade cada vez maior, para que se chegue ao mesmo efeito do uso anterior. Podendo, assim, aumentar gradativamente o uso do entorpecente.
Alexandra Pereira, vice coordenadora da Associação Hip Hop, alegou que a desigualdade social, a perspectiva unilateral de tratamento e o baixo investimento na Promoção da Saúde, que consta a prevenção de riscos e agravos e doenças, são pretextos para entrar no mundo das drogas.
Bernardino da Silva participa do Conselho da Saúde do bairro Py Crespo há três anos e comentou: “Às vezes falta ajuda da comunidade”. Segundo ele, as pessoas não devem manter-se apenas nas pesquisas, mas, sim, conciliá-las com ajuda e apoio que deveriam estar sendo cedidos àqueles que necessitam.
Edson Mesquita, Central Única das Favelas (CUFA), relatou: “A péssima distribuição de renda pode levar a drogas. Muitas vezes, aquele jovem que não tem o que fazer no turno inverso da escola acaba experimentando uma substância”, e acrescenta: “Além disso, muitos culpam o filho da vizinha, mas o problema pode estar dentro da nossa casa, com nossos exemplos. Somos responsáveis pelos nossos filhos”.
Josué Sousa, estudante de 5° semestre do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas e monitor de Fisiologia, aconselha pensar formas de articular o problema, para que ele seja combatido; através da humanização, acolhimento e apoio a essas pessoas para que saiam das margens da sociedade. Além disso, Josué participa do projeto de conscientização à prevenção ao uso de drogas, onde os participantes realizam suas atividades em escolas da cidade de Pelotas e região. E uma das participantes, Larissa Escobar, comentou: “Nós vamos lá para ensinar, mas eles que acabam nos ensinando. Foi visto que a maioria dos alunos do ensino médio tinham maiores conhecimentos sobre o assunto e já tinham tido algum contato com uma substância, seja ela lícita ou ilícita”.
Sendo assim, não se pode dizer que há uma única razão para que uma pessoa inicie o consumo de algum entorpecente, mas sim vários fatores que podem influenciar na iniciação, com alguns se sobrepondo, apresentando maior incidência.
Como encaminhamento, os integrantes do Fórum Social propuseram que a temática da prevenção do uso de drogas e redução de danos percorresse os bairros da cidade e, ao final, um fórum de discussão fosse constituído, contribuindo, assim, com maiores informações sobre os impactos do uso de drogas e alternativas para a redução de danos. As professoras Michele e Valéria, da Faculdade de Enfermagem, trabalharão na elaboração de um projeto de extensão que incorpore a demanda e fortaleça a discussão.
Além dos representantes da UFPEL, participaram do Fórum Social membros da Central Único das Favelas (CUFA), Associação Hip Hop, Quilombo Algodão, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Redução de Danos, representações de associações e ONG.