Dicas de SST para o setor de limpeza

Muitas vezes alguns setores da economia passam desapercebidos quando estamos tratando da Segurança e Saúde Ocupacional, sendo que os setores ligados à prestação de serviços frequentemente acabam recebendo às vezes menos atenção ao tratar-se da condição do trabalhador.
São exemplos os casos dos comerciantes, frentistas, pintores autônomos e muitos outros, dos quais os serviços de limpeza enquandram-se aqui como uma caso especialmente importante de ser observado. Para estes trabalhadores há uma interessante iniciativa desenvolvida pela Fundacentro, a qual apresenta uma série de orientações para os trabalhadores do setor de limpeza. A instituição disponibilizou um documento em pdf e em vídeo bastante interessantes e que podem ser úteis em diversas circunstâncias.
Confira o vídeo abaixo e acesse o documento em pdf clicando AQUI. Você também pode fazer o download do vídeo clicando AQUI.
Segue abaixo o texto utilizado pela Fundacentro para a divulgação do trabalho:
“O objetivo deste video é chamar a atenção para os riscos devidos à exposição a vapores, gases e poeiras provenientes de produtos utilizados ou da própria atividade de limpeza cotidiana, enfocando para o início de sintomas que podem preceder o estabelecimento de doenças como asma e rinite. Cita alguns tipos de produtos de limpeza e situações que podem ser associados aos sintomas, fornece dicas de como perceber esta associação e faz algumas recomendações de pequenos cuidados na realização de tarefas que podem auxiliar na prevenção de exposições desnecessárias a estes produtos. Faz, ainda, algumas orientações quanto aos direitos dos trabalhadores e aos procedimentos para o diagnóstico da rinite e da asma relacionados ao trabalho.”


Publicação de trabalho em evento internacional – SHO2014/Portugal

SHO 2014 - Guimarães - Portugal

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Um trabalho do curso de Engenharia de Produção e associado a um tema de interface com o LABSERG é aprovado em um evento internacional. O trabalho que nasceu de uma aplicação prática desenvolvida na disciplina de Projeto Integrador 1, no ano de 2012, passou por revisões e releituras, bem como novas visitas a campo, até culminar no documento final que submetido e aprovado. Ao todo, haviam sido submetidos mais de 150 full papers (além dos resumos expandidos) desenvolvidos por autores de 15 diferentes países.

O trabalho aprovado fará parte dos proceedings do International Symposium on Occupational Safety and Hygiene (SHO2014), bem como será posteriormente publicado em um livro editado pela CRC Press (Taylor & Francis). O evento acontecerá na cidade de Guimarães, em Portugal, nas instalações da Universidade do Minho.

Parabéns aos alunos Guilherme Freitas e Giácomo Bolzan, que dedicaram grande esforço e meses de trabalho para o desenvolvimento dessa publicação.

BOLZAN, G.N.;FREITAS, G.S.; FRANZ, L.A.S.. A study regarding the ergonomic conditions in an area of winding transformers. In: SHO 2014 – International Symposium on Occupational Safety and Hygiene, Guimarães – Portugal, 2014.

EP-UFPel terá três trabalhos apresentados no XXII CIC 2013

XXII CIC 2013 - UFPel

XXII CIC 2013 – UFPel

Três trabalhos nascidos no curso de Engenharia de Produção e desenvolvidos junto ao LABSERG serão apresentados no XXII CIC 2013 (XXII Congresso de Iniciação Científica), na UFPel (Universidade Federal de Pelotas). Os trabalham tratam de ações em diferentes temáticas, ligadas às áreas de conhecimento do LABSERG.
O primeiro trabalho trata dos resultados obtidos até o momento no projeto de extensão Cultura de Segurança desde Criança (veja AQUI), que vem sendo desenvolvido com sucesso em escolas de Pelotas e Rio Grande e com apoio de empresas da região.
O segundo trabaho, sobre proteção de máquinas em unidades de beneficiamento de grãos, apresenta o planejamento e primeiras percepções de um projeto de pesquisa que iniciou recentemente (veja AQUI), após aprovação no PIBIP (Programa de Bolsas de Iniciação à Pesquisa).
O terceiro trabalho, sobre AET (Análise Ergonômica do Trabalho) em fabricação de transformadores, consiste em uma síntese de um trabalho maior que será publicado no seu todo em um Congresso Internacional.

 

Segue abaixo as datas e horários de apresentação dos trabalhos. Todos são bem vindos para prestigiar o evento e as apresentações dos trabalho.

Título do trabalho Apresentador(es) Orientador Data Horário
Um levantamento quanto à cultura de segurança e saúde entre as crianças matriculadas no ensino fundamental Patrícia Machado Pereira Prof Franz,
Prof Isabela
18/Nov 10:30
Um estudo sobre máquinas e equipamentos nas unidades de beneficiamento de grãos Estela Schneider Müller Prof Franz 19/Nov 09:00
Análise ergonômica do trabalho: Estudo em uma área de bobinagem de transformadores Guilherme Souza de Freitas Prof Franz 21/Nov 14:50

Até onde as pressões de trabalho podem levar: onda de suicídios na Polícia Federal brasileira surpreende

Uma notícia veiculada na revista Isto É de Agosto impressiona pelo seu conteúdo, o qual trata dos suícidios associados às pressões no trabalho. Os números apresentados na reportagem surpreendem, mesmo se comparados aqueles normalmente relatados nas regiões atreladas ao cultivo do fumo e produção de cigarros.

A reportagem nos instiga perguntar se esta realidade da Polícia Federal é um caso isolado ou se podemos encontrar panoramas similares em outros setor de atividade econômica. Certamente, questões neste campo de conhecimento inspiram uma ótima pesquisa acadêmica e de enorme relevância social. Não deixem de ler. Boa leitura!!

Dados levantados em pesquisa surpreendem

condições de trabalho levantadas na pesquisa surpreendem


ONDA DE SUICÍDIOS ASSUTA

Em um ano, 11 agentes da PF tiraram a própria vida. Atualmente, policiais morrem mais por suicídio do que durante combate ao crime. Conheça as possíveis causas desse cenário dramático

Vista do lado de fora, a Polícia Federal é uma referência no combate à corrupção e ainda representa a elite de uma categoria cada vez mais imprescindível para a sociedade. Vista por dentro, a imagem é antagônica. A PF passa por sua maior crise interna já registrada desde a década de 90, quando começou a ganhar notoriedade. Os efeitos disso não estão apenas na queda abrupta do número de inquéritos realizados nos últimos anos, que caiu 26% desde 2009. Estão especialmente na triste história de quem precisou enterrar familiares policiais que usaram a arma de trabalho para tirar a própria vida. Nos últimos dez anos, 22 agentes da Polícia Federal cometeram suicídio, sendo que 11 deles aconteceram entre março de 2012 e março deste ano: quase um morto por mês. O desespero que leva o ser humano a tirar a própria vida mata mais policiais do que as operações de combate ao crime. Em 40 anos, 36 policiais perderam a vida no cumprimento da função. Para traçar o cenário de pressões e desespero que levou policiais ao suicídio, ISTOÉ conversou com parentes e colegas de trabalho dos mortos. O teor dos depoimentos converge para um ponto comum de pressão excessiva e ambiente de trabalho sem boas perspectivas de melhoria.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) no ano passado mostrou que por trás do colete preto, do distintivo, dos óculos escuros e da mística que transformou a PF no ícone de polícia de elite existe um quatro grave. Depressão e síndrome do pânico são doenças que atingem um em cada cinco dos nove mil agentes da Polícia Federal. Em um dos itens da pesquisa, 73 policiais foram questionados sobre os motivos das licenças médicas. Nada menos do que 35% dos entrevistados responderam que os afastamentos foram decorrentes de transtornos mentais como depressão e ansiedade. “O grande problema é que os agentes federais se submetem a um regime de trabalho militarizado, sem que tenham treinamento militar para isso. Acreditamos que o problema está na estrutura da própria polícia”, diz uma das pesquisadoras da UnB, a psicóloga Fernanda Duarte.

O drama dos familiares dos policiais que se suicidaram está distribuído nos quatro cantos do País. A última morte registrada em 2013 ainda causa espanto nas superintendências de Roraima, onde Lúcio Mauro de Oliveira Silva, 38 anos, trabalhou entre dezembro do ano passado e março deste ano. Mauro deixou a noiva no Rio de Janeiro para iniciar sua vida de agente da PF em Pacaraima, cidade a 220 quilômetros de Boa Vista. Nos 60 dias em que trabalhou como agente da PF, usou o salário de R$ 5 mil líquidos para dar entrada em financiamento de uma casa e um carro. O sonho da nova vida acabou com um tiro na boca, na frente da noiva. Cinco meses se passaram desde a morte de Mauro e o coração de sua mãe, Olga Oliveira Silva, permanece confuso e destroçado. “A Federal sabia que ele não tinha condições de trabalhar na fronteira. Meia hora antes de morrer, ele me ligou e disse: Mainha, eu amo a senhora. Perdoa eu ter vindo pra cá sem ter me despedido”.

Relatos de colegas de Mauro dão conta que ele chegou a sofrer assédio moral pela pouca produtividade, situação mais frequente do que se poderia imaginar. Como ele, cerca de 50% dos agentes federais já chegaram a relatar casos de assédio praticados por superiores hierárquicos. Essas ocorrências, aliadas a fatores genéticos, à formação de cada um e à falta de perspectivas profissionais, são tratadas por especialistas como desencadeadoras dos distúrbios mentais. “A forma como a estrutura da polícia está montada tem causado sofrimento patológico em parte dos agentes. Há dificuldades para enfrentar a organização hierárquica do trabalho. As pessoas, na maioria das vezes, sofrem de sentimentos de desgaste, inutilidade e falta de reconhecimento. Não é difícil fazer uma ligação desse cenário com as doenças mentais”, afirma Dayane Moura, advogada de três famílias de agentes que desenvolveram doenças psíquicas.

Os distúrbios mentais e a ocorrência de depressão em policiais são geralmente invisíveis para a estrutura da Polícia Federal. De acordo com o Sindicato dos Policiais do Distrito Federal, há apenas cinco psicólogos para uma corporação de mais de dez mil pessoas. Não há vagas para consultas e tampouco acompanhamento dos casos. Foi nessa obscuridade que a doença do agente Fernando Spuri Lima, 34 anos, se desenvolveu. Quando foi encontrado morto com um tiro na cabeça, em julho do ano passado, a Polícia Federal chegou a cogitar um caso de vingança de bicheiros, uma vez que ele tinha participado da Operação Monte Carlo. Dias depois, entretanto, descobriu-se que Spuri enfrentava uma depressão severa há meses. O pai do agente, Fernando Antunes Lima, reclama da falta de estrutura para um atendimento psicológico no departamento de polícia. “Os chefes estão esperando quantas mortes para tomar uma ação? Isso é desumano e criminoso”, diz ele.

O drama de quem perdeu um familiar por suicídio não se limita aos jovens na faixa dos 30 anos. Faltavam dois anos para Ênio Seabra Sobrinho, baseado em Belo Horizonte, se aposentar do cargo de agente da Polícia Federal. Com histórico de transtorno psicológico, o policial já havia comunicado à chefia que não se sentia bem. Solicitou, formalmente, ajuda. Em resposta, a PF mandou dois agentes à sua casa para confiscar sua arma. Seabra foi então transferido para o plantão de 24 horas, quando o policial realiza funções semelhantes às de um vigia predial. A missão é considerada um castigo, pois não exige qualquer treinamento. No dia 14 de outubro de 2012, Seabra se matou, aos 49 anos. Apesar de estar perto da aposentadoria, a família recebe pensão proporcional com valor R$ 2 mil menor do que os vencimentos do agente, na ativa.

Fruto de uma especial combinação de fatores negativos, internos e externos, o suicídio nunca foi uma tragédia de fácil explicação para a área médica nem para estudiosos da vida social. Lembrando que toda sociedade, em qualquer época, tem como finalidade essencial defender a vida de seus integrantes, o sociólogo Émile Durkheim (1858-1917) demonstrou que o suicídio é a expressão mais grave de fracasso de uma comunidade e que raramente pode ser explicado por uma razão única. Ainda que seja errado apontar para responsabilidades individuais, a tragédia chegou a um nível muito grande, o que cobra uma resposta de cada parcela do Estado brasileiro que convive com esse drama.

Fonte: Isto É – Ago.2013