Podemos ser a Amsterdã brasileira?

Por Douglas Duarte

“Temos potencial para ser a Amsterdã brasileira”, é o que afirma o professor universitário, advogado, vereador de Pelotas e ativista do movimento que incentiva o uso do transporte alternativo, Marcus Cunha, sobre a implantação de ciclovias e a utilização de bicicletas como meio de transporte. Não é só ele que pensa assim. Muitos membros do MUBPEL (Movimento dos Usuários de Bicicleta de Pelotas), e do Pedal Curticeira, levam fé que no futuro a princesa do sul será o paraíso dos ciclistas gaúchos.

Pode parecer um pouco de exagero, mas quem entende do assunto afirma que Pelotas tem o mais importante para que esse sonho se torne realidade: a característica geográfica de planície. “Eu já estive em Amsterdã e vi como funciona. Aqui nós podemos fazer isso também, pois Pelotas tem o mais importante, que é o terreno”, diz Marcus.
É claro que ainda temos um longo caminho pela frente até chegarmos a 37% da população se locomovendo em “magrelas”, segundo estima-se que seja o percentual na capital holandesa. São cerca de 700 mil bikes passando para lá e para cá nos 400km de ciclovias da cidade.

É bem verdade que existe um fator cultural que é um diferencial em Amsterdã. As bicicletas fazem parte da formação da cidade. Ainda assim, a realidade de Pelotas é bem melhor que a da maioria das cidades gaúchas. Segundo a prefeitura municipal, já são 32 km de malha cicloviária, ligando pontos estratégicos, como as Avenidas Bento Gonçalves e Duque de Caxias. O grande problema, no entanto, é a qualidade das vias destinadas aos ciclistas. Recentemente concluída, a ciclovia da Simões Lopes já começa a esfarelar. Além disso, existem os casos de ciclofaixas em que a marcação já está um pouco apagada, gerando risco aos condutores de bicicletas.

Outro grave problema é destacado pelo idealizador do MUBPEL, o professor de espanhol Horácio Severi. Trata-se da necessidade de conscientizar os motoristas de carros. Segundo ele, é sempre um risco sair de bicicleta. “Se acontecer um acidente, quem está dentro de um veículo está mais seguro. Creio que isso faz com que alguns motoristas não respeitem o ciclista”, afirma Horácio. “É indispensável investir na ampliação e qualificação da malha cicloviária, mas também na formação dos condutores”, complementa.

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