Os diálogos necessários de Sartori

Por Gabriel Bresque

São vários os motivos que apontam a dificuldade que José Ivo Sartori enfrentará nos próximos quatro anos, ao governar o Rio Grande do Sul. O Estado vive a pior crise financeira de sua história, as cidades históricas do interior passam por estado de miséria e os professores lutam, com razão, pelo piso salarial, hoje impossível de ser pago com o PIB (Produto Interno Bruto) gaúcho. As demandas aumentam diariamente e a dívida com a União também.

Por isso, a qualidade do governo de Sartori passa diretamente por uma ação de seu rival nas urnas e atual governador do Estado, Tarso Genro. Em novembro, Tarso vai até Brasília para a votação da negociação da dívida do Rio Grande do Sul no Senado. Se confirmada, ela tirará um rombo insustentável nas contas e voltará a rumar o progresso.

Mas sem a negociação, a situação pode ficar pesada para o ex-prefeito de Caxias do Sul. Será necessário um trabalho econômico forte, usando todas as bases da sociedade para manter a dívida longe das finanças do Estado e permitir a recuperação nesse setor, com ações como, por exemplo, o pagamento do piso para o magistério.

Foto: Reprodução (http://bit.ly/109ny9v)

Foto: Reprodução (http://bit.ly/109ny9v)

Outro problema que deve complicar o futuro governador do estado é a quebra que ele fez ao governo Federal e às bases nacionais do seu partido, o PMDB, ao apoiar Aécio Neves na eleição de segundo turno para presidência da República. A vitória de Dilma com Michel Temer, do PMDB, pode complicar as relações do Rio Grande do Sul com a União Federal e comprometer os planos futuros de Sartori. Outra vez, o diálogo, que ele tanto disse que faria durante a campanha, será necessário: O caxiense precisará reconstituir sua relação com o seu partido e, consequentemente, com a presidente reeleita, Dilma Roussef, que declarou apoio direto à candidatura de Tarso Genro.

Apesar da forte aprovação que Sartori teve no domingo passado, quando se elegeu governador do Rio Grande do Sul, o Estado tem história de mudar esse fator muito rapidamente. Em 2010, Tarso Genro conseguiu maioria dos votos no primeiro turno, e a então governadora Yeda Crusius, não chegou a 20% dos votos válidos. Sartori precisará fazer um governo estruturado na recuperação financeira dos donos de terra, dos pequenos negócios e dos professores do estado, setores que se mostraram decisivos na visão Gaúcha em relação aos seus governadores. Precisará, também, recuperar a autoestima da população em relação ao Estado, que perdeu credibilidade em quase todos os fatores importantes.

A conversa com esses setores terá que acontecer para que, daqui quatro anos, o amado caxiense não seja mais considerado um péssimo governador, passando pelo estado sem deixar melhorias importantes. Não será fácil e milagres não são possíveis em um Estado que conta com problemas econômicos jamais vividos no Rio Grande do Sul.

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