Obesidade infantil aumenta durante a pandemia
Por Giordanna Benkenstein Vallejos / Em Pauta
A obesidade infantil é um problema mundial de saúde pública a ser superado. Dados nacionais mostram que 3 a cada 10 crianças de 5 a 9 anos estão acima do peso no país.
O Brasil estará na 5º posição no ranking de países com o maior número de crianças e adolescentes com obesidade em 2030, com apenas 2% de chance de reverter essa situação se nada for feito, segundo o Atlas Mundial da Obesidade. Além disso, a OMS estima que em 2025 o número de crianças obesas no planeta chegue a 75 milhões, sendo considerado um problema de saúde global.
Devido à pandemia, as crianças não foram para a escola, deixaram de sair tanto de casa e por consequência ficaram mais sedentárias e com os hábitos alimentares desregrados. O Pediatra Jorge Alberto Pires Pereira diz ter percebido a diferença nos seus pacientes em Dois Irmãos. “Normalmente coloco os pacientes no gráfico de desenvolvimento de peso e é notório que a maioria teve um aumento de peso de Março de 2020 para cá.”, Afirma o médico.
Outra diferença percebida pelo pediatra é que algumas mães têm consultado em função do ganho de peso como queixa principal. Quando a obesidade infantil é diagnosticada, é feita uma investigação por meio de exames de sangue para ver se existe algum comprometimento em relação a triglicerídeos, colesterol total ou glicose, por exemplo. Dessa forma é possível saber qual a melhor mudança na alimentação da criança e um acompanhamento com uma nutricionista é recomendado.
Um dos fatores que interferem além da alimentação e atividade física é a genética da família. “Temos que ver também o padrão familiar, porque muitas vezes a criança é obesa, o pai é o obeso e a mãe é obesa. Então eles acham que aquele perfil físico é o normal e parece que eles não enxergam essa obesidade infantil, sendo que ela existe e é prejudicial para a criança.” Disse o médico.
A obesidade infantil preocupa, pois pode gerar doenças como hipertensão, diabetes, aumento na sobrecarga dos joelhos e entre outras condições que podem comprometer a saúde da criança antes mesmo de chegar à vida adulta.
A nutricionista da Secretaria de Educação, Ana Paula Gassen, que trabalha auxiliando a coordenar a merenda das escolas do município, também percebeu uma diferença nos hábitos alimentares das crianças de Dois Irmãos. “Eu percebo que o habito deles mudou, no sentido de estarem comendo poucas frutas na escola. Talvez em casa eles não tivessem muito o habito de comer fruta. As merendeiras estão relatando que está sobrando frutas da merenda.”
Ana Paula também acrescenta que “A gente nota que com certeza eles estão bem desregrados com relação à alimentação. Algumas famílias comentam que o filho aumentou de peso. A mudança principal que notei foi no habito, da criança ter comida a disposição em casa e ficar beliscando durante o dia, sem ter aquela refeição completa como deveria.”
Segundo a nutricionista, para amenizar o problema o primeiro passo é colocar uma rotina alimentar na vida da criança, ou seja, não deixar ela se alimentar simplesmente a hora que quiser. Além disso, dentro das refeições principais buscarem sempre oferecer um carboidrato, uma fonte de proteína e salada. Sendo ideal a criança ingerir durante os lanches pelo menos três frutas ao dia e evitar alimentos industrializados, como bolachas recheadas e salgadinhos.
Algumas crianças podem ter dificuldade em aceitar frutas e vegetais. “O primeiro passo para a criança comer é os pais comerem, eles precisam ser guiados pelo exemplo. Então tem que insistir fazer diferentes preparações da mesma salada ou fruta para mudar a forma de apresentação e ver onde ela vai ter uma maior aceitação.” Explica a nutricionista.
Existe também o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos (bit.ly/36srqak) e o Guia Alimentar para a População Brasileira (bit.ly/3xumFJu), ambas publicações do Ministério da Saúde criados pelo Ministério da Saúde, que também podem ser uma forma de auxiliar para uma alimentação mais saudável.