Mulheres lutam do nascimento à morte

Enquanto uma caloura brasileira era humilhada na universidade pela sua idade, Michelle Yeoh ganhava Oscar, aos 60 anos, discursando sobre esse tipo de preconceito três dias depois

Por Yasmin Arroyo / Em Pauta

A universitária Patrícia Linares, de 44 anos, foi vítima de etarismo na última quinta-feira. A estudante de Biomedicina da universidade particular Unissagrado, em Bauru (SP), foi informada por colegas de turma que havia um vídeo circulando pela universidade em que as alunas Bárbara Calixto, Beatriz Pontes e Giovana Cassalatti debochavam da graduanda pela sua idade. “Mano ela tem 40 anos já. Era pra estar aposentada” diz uma das jovens do vídeo. Esse tipo de preconceito é denominado etarismo, considerado crime no Brasil.

 

Homenagem de colegas de turma à estudante Patrícia Linares que havia sido alvo de etarismo. Foto: arquivo pessoal

Entenda o que é etarismo

Também conhecido como idadismo ou ageísmo, o etarismo, segundo a ONU, ocorre quando a idade leva à discriminação a fim de categorizar e dividir as pessoas por atributos que causam desvantagens ou injustiças e minam a solidariedade intergeracional. Na legislação brasileira, o etarismo está previsto no Estatuto da Pessoa Idosa e, embora seja um preconceito frequente considerado um desafio global pela OMS, é crime no Brasil.

A advogada e estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Pelotas, Michele Gautério, de 47 anos, afirma que a liberdade é para todas as mulheres “A liberdade é a escolha de ser feliz, depois dos 40 nós nos damos essa liberdade, nós somos responsáveis por sermos felizes. O jornalismo era uma paixão antiga e que se oportunizou na minha vida. Sou muito feliz dentro do ambiente universitário, eu adoro os meus colegas, adoro a função da universidade e não vejo nenhum problema na minha diferença de idade” diz a aluna.

Premiada do Oscar 2023, Michelle Yeoh, aos 60 anos. Foto: reprodução

Três dias depois do caso da Patrícia, o Oscar que repercutiu no mundo inteiro, chegou como uma luz de esperança à graduanda de biomedicina e a todas as mulheres mais velhas que se sentem inseguras com o etarismo. Além de Michelle Yeoh, que afirmou estar cansada de ouvir que seu momento de brilhar já havia passado da hora, outra premiada foi Jamie Lee Curtis, que afirmou ser o auge de sua carreira, aos 64 anos de idade. As duas atrizes foram premiadas pela atuação em “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, tradução de Everything Everywhere All At Once, filme que se baseia no multiverso e expõe a exploração de universos paralelos por uma imigrante chinesa.

As mulheres vivem mais que os homens no mundo todo. No Brasil, são quase 10 anos de disparidade da longevidade entre homens e mulheres, entratanto, o etarismo é uma discriminação que atinge em cheio as mulheres que têm, desde a infância, a liberdade julgada e limitada. 

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