Movimento organizado por estudantes da UFPEL cresce nas redes sociais

O movimento Alicerce UFPEL, formado em 2013, tem ganhado nos últimos meses cada vez mais visibilidade nas redes sociais (@alicerce.ufpel no Instagram).

Por Enrique Bohm

Com uma atuação marcada pelo engajamento, pela representatividade e pelo compromisso com a defesa dos direitos dos estudantes, o grupo se consolidou como uma importante voz na defesa da universidade pública de qualidade e digna para o estudante desenvolver-se plenamente.

Formado por estudantes de diferentes cursos, o Alicerce UFPEL busca promover a inclusão, a equidade e a diversidade, além da luta pelo fim do novo teto de gastos do governo Lula. Seus membros atuam em diversas frentes, organizando debates, participando de conselhos universitários, promovendo ações de conscientização e cobrando do governo medidas concretas que garantam melhores condições de ensino, pesquisa e extensão.

Para entender melhor os posicionamentos e a dinâmica do movimento, conversamos com Cassio Lilge, estudante do curso de Licenciatura em História e membro organizado do coletivo.

Estudante e militante Cassio Lilge (Foto: Arquivo Pessoal)

Pergunta: Como surgiu o coletivo?

Cassio: Foi em 2013, a partir das jornadas de junho. Foi aquele momento que houve grandes manifestações no Brasil todo. Manifestando a reivindicação por direitos, começando com a questão do transporte. As manifestações tiveram muito a ver com o mal-estar que se sentia na época, o Brasil sentindo os efeitos da crise de 2008, que demorou um pouco para chegar no Brasil. […] Íamos ter uma copa do mundo aqui em 2014 e a população via que iria se investir muito em estádios, mas não havia serviços de saúde, educação e transporte que contemplassem o direito da classe trabalhadora. […] Mas eram atos desorganizados, sem uma pauta definida e com isso poderiam ir para qualquer lugar, e a direita se apropriou muito dos atos de 2013.

Pergunta: Quais os objetivos do coletivo?

Cassio: O objetivo principal do coletivo é contribuir com a luta da classe trabalhadora. Tendo o entendimento que vivemos uma crise do atual modo de vida, do sistema que vivemos atualmente. Nesse sentido, compreendemos que as coisas só irão se resolver pela mão da classe trabalhadora. Participamos de processos eleitorais e incentivamos as pessoas a voltarem, mas entendemos o limite dentro do sistema que vivemos hoje. Entra governo, sai governo e objetivamente as condições postas no mundo é de concentração de riqueza, precarização e destruição do meio ambiente.

Pergunta: Quais as bases ideológicas do movimento?

Cassio: O Alicerce se põe como ferramenta de luta da classe trabalhadora. O movimento tem o entendimento que apenas o povo trabalhador pode resolver seus problemas. Estamos ao lado das lutas da classe trabalhadora e estamos nos lugares onde está havendo insatisfação das pessoas com o sistema. Historicamente o Alicerce sempre se colocou ao lado dos movimentos estudantis e à ocupar espaços.

Cassio ainda ressalta como o coletivo não deseja tutelar a sociedade, e sim, aprender com ela em um exercício conjunto de troca de experiências e conhecimentos. Fomentam um estímulo para debater as contradições da sociedade capitalista em diversos espaços como universidades, escolas, locais de trabalhos, etc.

Uma das pautas de enfrentamento é o arcabouço fiscal, que é reconhecido pelo coletivo como um novo teto de gastos que limita as verbas para áreas vitais que atendem as necessidades da população mais pobre, em detrimento de um regime fiscal que privilegia banqueiros, grandes rentistas e o capital especulativo.

A posição em relação ao atual governo consiste em entendê-lo como uma força progressista, mas que atende aos desejos do grande capital brasileiro, gerando atritos entre as classes e dificultando a vida dos trabalhadores, assim é se necessário a organização e o enfrentamento.

Recentemente, o governo recuou da tentativa de taxar o IOF (imposto sobre operações financeiras) por conta de pressões de setores da burguesia rentista, mas segue com a imposição dos cortes as universidades, que afetam as bolsas de estudantes e o financiamento de serviços essenciais que podem afetar, até mesmo interditar, o funcionamento dos campus.

Outra medida tomada pelo governo é a indexação do programa Pé-de-Meia, que oferece bolsas a estudantes do ensino médio, ao fundo da educação. O Estado brasileiro deve destinar no mínimo 18% de sua arrecadação para a educação. Antes, com o Pé-de-Meia fora desse orçamento dedicado, era como se fosse um adicional a esses 18%, porém, agora com a integração do programa, o orçamento para o mesmo terá que ser reduzido para adequar-se ao teto.

Movimento Alicerce em protesto contra o corte de verbas (Foto: Divulgação)

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