Maternidade e Universidade
Por: Mariana Lealdino
Se a gravidez pode ser sinônimo de transformação e adaptação, ser mãe e universitária significa alguns desafios a mais. Entre provas, trabalhos, palestras, estágios, congressos, viagens, entre outras incumbências que a graduação exige, ser mãe universitária significa conciliar tudo isso com a atenção que os pequenos reivindicam.
Conversamos com Adrielle Torma (20), estudante do segundo semestre do curso de História na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), e mãe da pequena Analu (1), que compartilhou um pouquinho desse cotidiano. Confira a entrevista.
Adrielle, fale um pouquinho da tua rotina.
Nossa rotina começa bem cedinho, mas a minha termina bem tarde. Passamos a manhã juntas, à tarde ela e eu vamos para “aula”, e a noite geralmente ficamos em casa. Ela costuma dormir cedo, próximo às 22h, e é nesse horário que eu aproveito para estudar, às vezes limpar a casa. É possível conciliar as coisas com ela e estudar, porém, não é fácil, necessita organização.
Como é conciliar os estudos com a tua filha?
Não é fácil, mas tem como deixar os textos e trabalhos em dia, é só se organizar. Nesse ponto entra a questão da rotina, que é muito importante. No mínimo os horários de refeições têm que ser seguidos, então, depois que ela dorme o sono da noite tem como dar aquela estudada.
Quais são as maiores dificuldades que tu enfrentas como mãe, no ambiente universitário?
Eu poderia dizer que a grande demanda de cursos noturnos, mas também existem muitas mães que trabalham durante o dia, o que só possibilitaria o estudo a noite. Acho que o problema real, não seria a universidade, mas onde a criança se encaixaria nisso. É bem complicado estudar, trabalhar e criar os filhos. Não são todos professores que aceitam crianças dentro de sala de aula, e é de compreensão. Afinal isso acaba se tornando novamente um problema governamental, de gestão. O que fazer com as crianças né? Fica complicando para mães que como eu, não residem na mesma cidade da família, por exemplo. Vai muito de cada uma.
No que tu achas que a Universidade poderia colaborar para facilitar um pouco mais teu dia?
Dentro da UFPel existe um programa que se chama Auxílio Escolar. Esse programa atende somente crianças de 0 à 5 anos. Eu uso para pagar a escolinha Analu. Acho válido esse incentivo dentro da universidade para as mães/pais com uma renda menor, terem como manter seus filhos e, até mesmo, estar dentro de um mundo acadêmico. Mas acredito que também há outras maneiras de auxiliar, criando associações com creches e escolas tanto municipais/estaduais, como particulares e, nisso haver um outro programa onde o aluno pai/mãe obtenha uma preferência por vaga ou desconto na mensalidade.” No Brasil, existe a lei que garante os direitos da estudante genitora, ao regime domiciliar durante três meses a partir do oitavo mês de gestação, o que significa adaptar a rotina de estudos, mantendo as instruções à distância ou ter um planejamento diferente de entregas das atividades, combinado e garantindo o direito da prestação dos exames finais, mantendo sempre o contato com a instituição.
