Jeremy Scott fecha um ciclo criativo e destemido ao sair da Moschino

Na última segunda-feira (20), Jeremy Scott anunciou sua saída da direção criativa da marca de moda italiana, na qual trabalhou por 10 anos

Anúncio foi feito através de sua conta no Instagram. – Foto: Reprodução/Instagram

Por Maria Clara Morais Sousa / Em Pauta

Por uma década Jeremy Scott, designer estadunidense, chocou o mundo com verdadeiras obras de arte nas coleções da grife italiana Moschino. Vestiu celebridades e participou de diversas semanas de moda sempre trazendo criatividade e diversão em suas peças. 

Em sua despedida no Instagram, ele agradece por todo o amor e apoio que ganhou nos anos que trabalhou com a marca. Também diz que se divertiu criando designs que viverão para sempre e está animado para mostrar o que tem para compartilhar no futuro. Scott possui sua própria marca desde 1997 e agora deverá focar exclusivamente nela.

Massimo Ferreti, presidente executivo do grupo que é dono da marca, disse ter tido sorte de trabalhar “com a força criativa que é Jeremy Scott”, agradeceu o designer e afirmou que o mesmo fará “parte da história da Moschino”.

Coleção Moschino Outono/Inverno 2023/24 foi a última com Jeremy Scott no time criativo. – Foto: Instagram/Moschino

Jeremy apresentou seu último desfile (não anunciado) na Semana de Moda de Milão em fevereiro de 2023, a coleção foi de Outono/Inverno e trouxe referência punk com peças pretas e brancas muito elegantes. A inspiração foi o quadro “A persistência da memória” de Salvador Dalí, o que explica os formatos de onda das saias, parecido com os relógios derretendo na pintura.

Não é a primeira (e nem última) vez que o americano traz inspirações artísticas e subjetivas para seus designs. Por essa razão seu trabalho é devidamente notável e admirado por muitos. A jornalista de moda Jéssica Lopes salienta “Um grande feito dele, na minha opinião, foi no desfile outono/inverno de 2014, quando trouxe toda uma coleção, brilhante por sinal, baseada na cultura do consumo, no qual, ele utilizou logotipos do McDonald ‘s”. As referências pops do designer sempre trouxeram uma nova perspectiva para a alta costura.

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Na mesma coleção, Jeremy trouxe inspirações do Bob Esponja, folhas de jornal e embalagens de produtos de comida. O tema geral chocou e marcou muito o mundo da moda que se viu refletindo sobre consumismo no seu próprio meio.

Cores vibrantes e fantasia sempre foram comuns para suas criações, por isso, ninguém ficou surpreso quando o designer criou uma colaboração entre a grife italiana e a Barbie na coleção de primavera-verão de 2015. As passarelas de Milão se encheram de peças que marcariam a moda. 

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Fugindo básico de apenas rosa, Scott trouxe modelos que exploravam outras cores, como preto, que não é muito associado a boneca, e infantilidade. Logo depois, foi anunciada uma Barbie especial para colecionador que usaria as criações do artista, a qual teve quatro versões que variavam entre cor da pele (branca e negra) e roupa (rosa ou preta).

Cardi B em seu primeiro MET Gala usando Moschino. – Foto: ABC7 New York

Não só bonecas usaram suas peças, muitas celebridades já vestiram criações assinadas pelo designer. Cardi B estreou no MET gala em 2018, nesse ano o tema era “Corpos do paraíso, moda e imaginação católica”, então a ideia geral – como a rapper estava grávida – foi representar uma visão moderna da Virgem Maria.

Nomes brasileiros também aparecem nessa lista, no MET Gala do ano passado (2022) a cantora Anitta usou um vestido roxo feito especialmente para ela pelo estilista. O tema “Era de ouro” é representado no look pelo cetim e pérolas remetendo a luxo e riqueza.

Anitta usa vestido sob medida assinado por Jeremy Scott. – Foto: Just Jared

Antes de tudo, Jeremy sempre tentou discutir sobre o papel da moda no mundo. Em entrevistas para FFW ele disse “Com certeza, eu acho que sempre vai haver lugar para esse tipo de moda. É parte do que precisamos em nossas vidas. Sempre precisamos de um pouco de fantasia, um pouco de escapismo”. Mas nem sempre ele escapava, seu trabalho também ironizava muito a relação entre moda, consumismo e trabalho.

Jéssica resume que o trabalho de Scott “uniu de forma engenhosa a cultura pop com o mundo fashion, foi polêmico, mas fez de tudo pra sempre deixar uma mensagem que levasse as pessoas à reflexão.”

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