Ideias inovadoras: uma nova visão de literatura nasce em Pelotas

Uma nova forma de trabalho para ajudar autores independentes em Pelotas. Foto: Divulgação Fugitivo Literário

Por Roberta Muniz

O mercado editorial brasileiro não passa por bons momentos, grandes livrarias estão fechando as portas por todo país. Mas aqui em Pelotas uma nova ideia nesse mercado surgiu e nasceu a editora Fugitivo Literário, que busca trabalhar com escritores independentes quebrando os padrões da literatura brasileira.

“O objetivo de trabalhar literatura independente veio do distrato que a maioria das editoras – se não quase todas – no Brasil tem com esse nicho que vem se tornando praticamente uma escola literária. As novas tecnologias mostraram que qualquer pessoa pode escrever o que quiser, e existe muita literatura boa em formas diferenciadas, como os portais do Nyah, da Amazon, blogs e enfim. Existe muita literatura independente sendo feita”, declara Ketlen Aires, diretora de comunicação da Fugitivo Literário.

A literatura independente tem sido muito praticada por escritores que estão começando as suas carreiras e não conseguem alcançar todos os critérios que uma editora pede para que o livro seja publicado. Muitas vezes os valores para publicação são altos e para um escritor iniciante no mercado, isso pode ser uma dificuldade enorme.

A Fugitivo Literário tem como visão democratizar o acesso à literatura e por isso disponibiliza, de forma gratuita, as versões digitais de todos os livros lançados. “Não trabalhamos com muitas publicações por ano, e nem vendemos os livros para seus criadores. Não buscamos simplesmente aumentar o catálogo sem manter a qualidade. Não buscamos vender nossos corações. Buscamos fugir, e crescer, e fazer literatura. De quem escreve e ama, para quem lê e ama”, explicam no site da editora.

A diretora de comunicação, Ketlen, conta que a aceitação com essa nova visão de trabalho ainda é muito fechada e de grande resistência. “Por mais que a Fugitivo se empenhe em tornar o livro democrático e tê-lo como um produto barato, e de acesso facilitado, ainda sentimos certa resistência. Essa resistência acontece, às vezes, porque nem todo mundo está disposto a gastar com um autor que não conhece, e também porque o Brasil não é um país que consome ebook”.

Ketlen ainda relata que a resistência com o trabalho deles também vem por parte dos livreiros. “Ainda lutamos com as portas fechadas de grupos livreiros que não têm bons olhos para a democratização do livro e, como o livro é um bem consumível por impulso, lutamos com essa dificuldade do não ser bem-vindos nas livrarias. Os grupos livreiros não querem expor um autor independente porque acham que ele não vende, então põem os livros em prateleiras que ninguém chega, justamente apenas para dizer que ‘estão ajudando’. É impossível saber sem tentar. As pessoas precisam pegar o livro, manusear, sentir. Realizar o impulso. Esse efeito ocorre tanto em grandes livrarias, como sebos locais que carregam a bandeira de ‘valorização da cultura local’”.

Para os amantes da literatura, essa uma oportunidade de conhecer novos autores e valorizar os escritores da região que muitas vezes passam despercebidos em meio aos nomes que já se destacaram no mercado. “Por exemplo, não é porque alguém da comunidade, sem formação alguma, escreveu algo que isso torna a obra ruim e não tão boa quanto um bestseller. Justamente o oposto. É porque podemos compreender a realidade dessa literatura independente, e fazer o leitor se sentir mais próximo do autor, que a torna fantástica. Não podemos mais negar a literatura independente”, diz Ketlen Aires.

+ Nós entrevistamos o escritor Leonardo de Andrade, da Fugitivo Literário, para o Em Pauta Cast #03: ouça!

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