Guerra ao Islã?

por Douglas Dutra

Estado Islâmico. Estas palavras que dominam os noticiários​ há alguns anos já são sinônimo de medo. A organização de radicais muçulmanos provoca o que há de mais sensível no ocidente, em especial os Estados Unidos da América: o terrorismo.

Desde 11 de setembro de 2001, quando o terrorismo derrubou as torres gêmeas do World Trade Center na ilha de Manhattan e pôs em cheque o poderio dos EUA, o islamismo virou sinônimo de terror, graças à propaganda norte-americana e à guerra ao terror.

No entanto, assim como as questões políticas não são tão preto no branco e dicotômicas quanto parece, a questão religiosa também não é.

O Islã é o segundo maior grupo religioso do globo, atrás apenas do cristianismo. Enquanto o cristianismo é a religião de 2,2 bilhões de pessoas, cerca de 31% da população, o islamismo é a religião de 1,7 bilhão de pessoas, mais de 23% da população terrestre.

Esses números, espantosos para nós americanos dominados pelo catolicismo e com pouco contato com a cultura islâmica, nos dão noção da quantidade de adoradores de Allah com quem compartilhamos a terra. Apenas a título de informação, os judeus não representam nem 0,5% da população.

Evidentemente, o combate ao terrorismo não pode ser sinônimo de combate à religião islâmica, como líderes políticos raivosos fazem parecer. Os muçulmanos são tão motivados ao terrorismo pelo Alcorão quanto os cristãos são motivados pelo Deus vingativo do pentateuco bíblico.

Culpar uma religião de proporções expressivas pelo terror de uma minoria é reduzir ao absurdo uma questão política extremamente complexa. É como ir numa das penitenciárias brasileiras e colocar a culpa dos crimes dos presidiários no fato de a maioria ser cristã.

Para darmos o primeiro passo contra o terrorismo, precisamos compreender o islamismo e aceitar o seu crescimento no ocidente, com ônus e bônus. Isso exige a quebra de preconceitos e a desmistificação do Islã.

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