Coletivo Transviada fortalece cena LGBTQIAPN+ em Pelotas
O coletivo que começou como cineclube em Pelotas inovou na noite de domingo trazendo o primeiro Ballroom da cidade
Por Maria Clara Morais Sousa / Em Pauta
Na noite de domingo (02), o Galpão Satolep ganhou vida ao receber o primeiro Ballroom de Pelotas. Além de workshops e rodas de conversas, o coletivo Transviada também contou com as categorias: Face, Runway, Best Dresssed in Drag, Baby Vogue, Sexsiren e Vogue Femme no baile.
Vitor Meirelles, um dos participantes do coletivo, conta que tudo começou com um cineclube na Universidade Federal de Pelotas. “ A ideia era só fazer sessões mensais no cine, a última sexta do mês, só com filmografia queer, cinemas marginalizados, outros tipos de cinemas ao longo do mundo”, conta ele.
Mas o Transviada não parou no cinema. Logo vieram as festas como “Grytaria”, com o intuito de promover espaços LGBTs em Pelotas. Todos os organizadores sempre tiveram a expressão da sexualidade como primórdio, já que isso é tão presente no cinema em si.
Vitor também afirmou que antes de começarem a arquitetar o baile, foi feita uma pesquisa: “A gente falou com a galera realmente de cada cena, de Porto Alegre, de experiência, pra gente construir junto com as pessoas e aprender junto com elas que já estão há tempos no pole”.
Na quarta-feira (30) da mesma semana, o coletivo se juntou com o Pub Hype para transmitir o primeiro episódio de Drag Race Brasil, versão nacional do reality show americano, e comemorar o aniversário da Kali Berdre, uma das organizadoras do Transviada.
Em comentário no X (ex- Twitter), Guilherme, ou Drag Luxana mostra o entusiasmo com a inovação do Coletivo ao realizar a Watch Party de Drag Race Brasil.
Gente que experiência fodaa ver Drag race em uma watch party! Foi incrível
— Guih_Alvess_ foi ver o Jão (@Guih_Alvesz) August 31, 2023
A drag queen Anahí considerou o evento uma conquista, ela diz que tudo isso serve para “mostrar que a gente também é capaz do que as gringas estão fazendo, mostrar que a nossa cena aqui em Pelotas também tem visibilidade, que não é só pra performance, que não é só pra ser DJ”.
Guilherme Moreira, que também faz drag, diz que Watch Parties – um encontro para assistir algo em português – assim fazem falta, principalmente em Pelotas, cidade que tem uma cena LGBT muito forte. O evento tem um intuito simples de promover a reunião da comunidade, “para ter essa troca, para todo mundo rir junto, torcer, chorar e também para fomentar a cultura drag local”, ele afirma.
O baile emocionou ainda mais. O jovem Tiago Facio se montou pela primeira vez para o evento, e diz que foi uma jornada de autoconhecimento. “Uma noite divertida e espetacular” onde ele se encontrou com uma arte que já o inspira há muitos anos. Sobre o baile ele diz que “a comunidade se fortalece como eventos como esse, justamente por mostrar que tudo que julgam é na verdade algo para ser celebrado”.
https://twitter.com/tiago_facio/status/1698137677030146080
Já Pedro Aguiar, que participou de uma das categorias, conta que sentiu uma euforia muito forte em todo momento do evento e disse que a comunidade realmente se uniu naquele momento, “todos ali pelo mesmo motivo e todos estavam vibrando demais”.
Ele também comenta a importância do evento: “Nós temos artistas incríveis que merecem ser vistos e essa visibilidade precisa partir da gente, principalmente como comunidade. Pelotas é uma cidade artística ao máximo, mas isso foi completamente esquecido em algum momento da história. Cabe somente a nós lembrarmos disso e mostrarmos Pelotas para o mundo.”