Brasil tem seu melhor desempenho em Olimpíadas, mas expectativa do COB não é atingida

Por: Rafael Mirapalheta

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro se encerraram no último domingo, 21 de agosto, com grande festa do público brasileiro. E não poderia ser diferente. A competição, de modo geral, agradou a todos; público, mídia e até mesmo àqueles que não acreditavam em êxito no que se diz respeito à organização do evento.

Um dos motivos da satisfação dos brasileiros foi o desempenho do país, o melhor já realizado em Olimpíadas. O destaque foi para performances surpreendentes em algumas modalidades, como Canoagem (com três medalhas de Isaquias Queiroz), Boxe (ouro de Robson Conceição), Ginástica (Arthur Zanetti, Diego Hypolito e Arthur Nory indo ao pódio) e a Vela (ouro com Martine Grael e Kahena Kunze).

Martine Grael e Kahena Kunze comemoram a conquista do Ouro na Vela. FOTO: Reuters/Benoit Tessier

Com os ouros conquistados nos dois últimos dias dos Jogos pelas seleções masculinas de futebol e vôlei, o Brasil finalizou o quadro geral de medalhas com sete ouros, seis pratas e seis bronzes, atingindo a 13ª colocação. O desempenho superou a participação de 2004 em Atenas, a melhor até então, quando foram conquistados cinco ouros, duas pratas, três bronzes e a 16ª posição geral. Já no número total de medalhas, a melhor participação brasileira havia sido nos jogos de 2012 em Londres, com 17 pódios, quesito também superado com as 19 medalhas no Rio de Janeiro.

Expectativa do Comitê não é atingida

Apesar de todos esses números, o desempenho nas Olimpíadas do Rio não pode ser classificado como absoluto sucesso por conta de dois motivos: a expectativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e o crescimento do país sede em relação à participação anterior.

A meta estipulada pelo COB antes do torneio era de que o país figurasse, ao final da competição, entre os 10 primeiros colocados no quadro de medalhas. A previsão de medalhas também se mostrava mais otimista em relação ao resultado final: 27. Oito a menos foram conquistadas. Para Marcos Vinícius Freire, superintendente executivo da entidade, a meta se mostrou alcançável.

“A meta era difícil, mas era factível. E se mostra factível, faltaram três medalhas, e alguns campeões olímpicos e mundiais ficaram foram da lista. Poderíamos ter tido bronze, ou alguma outra medalha, com alguns campeões mundiais e olímpicos que não entraram na lista”, disse Freire.

Além disso, historicamente, o país sede das Olimpíadas sempre demonstrou enorme evolução de desempenho comparado a sua última participação. Como mostrado anteriormente, no caso do Brasil não foi diferente. Porém, mesmo com sua maior delegação da história (465 atletas), o país registrou o menor desses crescimentos. Tudo isto pesa para que a avaliação do desempenho brasileiro, mesmo sendo o melhor da história, seja feita com os pés no chão e sem muito entusiasmo.

Seleção masculina de vôlei conquista último ouro do Brasil nas Olimpíadas em vitória contra a Itália. FOTO: Ap Photo/Jeff Roberson.

Marcus Freire, por fim, destaca o sabor de “dever cumprido” pela melhora em relação a Londres, e projeta passos ainda mais largos para os jogos de Tóquio em 2020.

“Ficamos três medalhas atrás, a meta era dura, mas temos a sensação total do dever cumprido. Foi a melhor preparação da história, o melhor financiamento também, que a gente espera que continue, para chegarmos a Tóquio e estar acima. O investimento direto do Time Brasil, que é onde interessa, foi R$700 milhões. O Ministério foi um agente fundamental. A Bolsa Pódio, que beneficiava todo mundo que era top 20 do mundo, e o Plano Medalha foram fundamentais e precisam continuar. Esse apoio, junto com o clube, com o patrocinador, com as Forças Armadas, com o Comitê Olímpico e com a sua federação, vamos chegar a Tóquio ainda melhor que no Rio”, finalizou o dirigente.

Comentários

comments

Você pode gostar...