Amamos Butiá: Valor ao pampa gaúcho e o amor pelo butiá
Por Anahí Silveira e Letícia Pinto
A parceria entre a Embrapa Clima Temperado Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Centro de Apoio às Promotorias de Meio Ambiente e Urbanismo (CEAMA) e Flora Pelotensis – projeto de divulgação da biodiversidade do extremo sul do Brasil – tem dado bons frutos. Este vínculo dá origem a um documentário, que une o valor do pampa gaúcho à fauna e flora do bioma, de modo simples e explicativo.
O documentário Amamos Butiá tem se espalhado rapidamente na internet, não só entre amantes de butiá, pesquisadores e pessoas nascidas no Rio Grande do Sul, mas também por um público muito mais amplo, alcançando pessoas do Brasil inteiro. Com mais de 195 mil visualizações e 9.561 mil compartilhamentos nos primeiros 30 dias de postagem, o vídeo tem encantado o público e está disponível nas páginas da Embrapa nos sites de redes sociais Facebook e YouTube. “Quando notamos que o vídeo estava sensibilizando pessoas de idades, classes e formações tão diferentes, vimos que nosso objetivo havia sido atingido”, relata o estudante de pós-doutorado da UFPel e também bolsista da Embrapa, Gustavo Gomes.
Confira o documentário com quase 11 minutos de produção, direto da página da Embrapa.
A ideia surgiu na equipe como uma forma de sensibilizar as pessoas, apresentando a fauna e a flora dos ecossistemas de butiazais de uma maneira educativa, além de ressaltar a importância das questões culturais, sociais e ambientais relacionadas ao tema. O vídeo foi estruturado ao longo de quatro meses e explorado minuciosamente, desde o texto narrado às imagens captadas. A linguagem utilizada foi bastante simples, para que pessoas de diferentes idades e escolaridades compreendessem o documentário. As imagens foram captadas por Günter Beskow, estudante de doutorado da UFPel, Sergio Silva, cinegrafista da Embrapa, e pelo próprio Gustavo Gomes.
“O propósito de realizar este documentário, veio a partir da dificuldade que a comunidade científica enfrenta em informar o público geral. Por isso, o vídeo foi feito de forma simples e objetiva, também para mostrar o quão conectadas à natureza as pessoas estão, e dependem de seu equilíbrio. O intuito é explicar como uma única espécie de planta é essencial à sobrevivência de tantos animais, além de fazer parte da história e cultura do povo, na região onde ocorre, sendo inclusive uma alternativa econômica para muitas pessoas”, afirma Gomes.
O vídeo Amamos Butiá também ganhou uma nova versão: We Love Butiá, edição com legendas em português, espanhol e inglês no canal corporativo da Embrapa no YouTube. Para visualizar, basta acessar o link bit.ly/1ijV5b5, clicar na engrenagem que aparece no canto inferior direito da imagem, selecionar “Legendas/ CC” e escolher o idioma desejado.
A cultura do butiá
O butiá é um fruto típico do Rio Grande do Sul, que tem uma relação com a cultura e a história das pessoas que habitam os territórios onde ele cresce. No Estado, há oito espécies de butiá: Butia eriospatha, B. catarinensis, B. exilata, B. lallemantii, B. odorata, B. paraguayensis, B. witeckii, B. yatay. Todas elas estão ameaçadas devido à ação humana, pela grande redução das populações naturais nos últimos 40 anos. Os ecossistemas de butiazais têm grande valor paisagístico, de biodiversidade e histórico-cultural. Compreendem uma valiosa diversidade de flora e fauna nativa associada. Os campos nativos associados aos butiazais também abrigam uma diversidade de espécies herbáceas, principalmente de gramíneas e leguminosas, com reconhecido valor forrageiro.
O uso dos butiás como alimento remete aos primeiros habitantes do Sul do Brasil, os indígenas, que consumiam tanto a polpa do fruto como as sementes. No início do século 20, as folhas dos butiazeiros eram usadas para a produção de crina vegetal, um tipo de fibra utilizada no enchimento de colchões e de mobiliário estofado. Porém, com o advento da indústria petroquímica, a crina vegetal não foi mais produzida.
Atualmente, além do consumo in natura, o butiá é usado para a produção de vários tipos de alimentos e bebidas. As fibras das folhas e da polpa dos frutos são utilizadas no artesanato, para produção de objetos decorativos e utilitários. A produção de sucos, licores e geleias de butiá é uma fonte de renda em alguns lugares do Rio Grande do Sul, a qual pode ser expandida com o desenvolvimento de novos produtos. As plantas também são usadas no paisagismo rural e urbano. Além disso, a produção de óleos de boa qualidade de suas sementes tem potencial de uso em diferentes setores da indústria alimentícia, farmacêutica e cosmética.