53° Sofá na Rua lembra 130 anos da Lei Áurea
A edição do domingo de dia das mães contou com intervenções artísticas da luta da população negra, produtos artesanais e shows musicais.
Por Júlia Müller
Um espaço artístico e aberto para os mais diversos públicos: essa é a ideia do Sofá na Rua, evento que teve ontem a 53ª edição. No ambiente de diversidade e música, os mais de 800 presentes prestigiaram artistas locais, comerciantes e apresentações.
Em clima de euforia e gratidão, um trio composto por poetas comemorou a recepção que recebeu do público na primeira intervenção artística que realizaram no evento. Mas a data que simboliza os 130 anos da Lei Áurea não foi motivo de alegria, como ressalta Wesley Silveira, “a gente ainda tá lutando e ainda tá buscando por um novo amanhecer”. A apresentação contou com poesias lembrando os presentes da ainda necessária luta racial e social da população negra.
“Ficamos felizes em saber que de alguma forma a gente tocou as pessoas e conseguiu transmitir a mensagem que queríamos”, aponta Jeniffer Fernandes, estudante de 17 anos que integrou o trio. A performance foi inspirada nas características de um poetry slam, prática que dispensa adereços como figurinos, cenário, instrumentos musicais e aposta nas emoções que o artista transmite pela voz e expressões do corpo. Jessica Porciuncula, também integrante do trio, afirma que o objetivo é continuar com as intervenções artísticas no Sofá na Rua, abordando também outras temáticas. O coletivo Stay Black é responsável pela união dos três artistas e da organizadora Bartira Val Marques. No último mês foi lançado um dos vídeos projetados durante a apresentação, que você confere aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=E-f-vlYSxFs
Apesar de não ser a ideia do evento, o espaço também proporciona um meio de auxílio monetário. Como é o caso da estudante de Ciências Sociais, Jenifer Vendrusculo, que conseguiu por meio do comércio de alimentos veganos comprar uma passagem de ida para o interior de São Paulo. Jenifer conta que no último ano se mudou pra Pelotas e conheceu o evento, logo começou a venda de bolos e barras de cereais veganas no Sofá.
O comércio itinerante também compõe as diversas atrações do Sofá na Rua.
Adepta do vegetarianismo e acostumada com a produção caseira de outros produtos, a estudante conseguiu a quantia necessária em poucas edições e pretende seguir com as vendas no evento e no Campus do Instituto de Ciências Humanas (ICH – UFPel), onde estuda. Também, o comércio não se restringe aos alimentos veganos, produtos como sabão liquido natural, desodorante e entre outros feitos artesanalmente entram na lista de possibilidades.
A banda Mato Cerrado encerrou os shows da 53ª edição do evento, desta vez com um novo integrante. O baterista Stefano Rosa entrou em março no grupo e participou da apresentação do último domingo, que teve como repertório o álbum da banda lançado há um ano.
O que é o evento?
O Sofá na Rua acontece mensalmente desde novembro de 2012 e é pioneiro dentre os eventos de rua independentes da cidade, atualmente fazendo parte do calendário cultural pelotense. O que inicialmente foi pensado como um espaço para jovens, hoje se estende a toda família e já começou a se adequar trazendo iniciativas como o incentivo ao esporte e o “sofázinho”, pequeno sofá destinado ao público infantil. De acordo com o mestre de cerimônias, Higor Alencaragão, o objetivo da organização é trazer para as pessoas formas de expressões artísticas distintas que possam acontecer no espaço com a estrutura estabelecida. A edição de número 54 ainda não tem previsão, mas irá acontecer no local de sempre: rua José do Patrocínio, 8, em frente ao Galpão de Satolep.
