Restaurante Escola oferece opções para vegetarianos

Por Andressa Machado, Jean Carlo dos Santos e Luiza Meirelles

Agora, a comunidade acadêmica da UFPel tem mais de uma variedade de cardápio.

Foto: reprodução (http://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2013/12/16/restaurantes-r-200-refeicao/)

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Desde o início de dezembro do ano passado, o Restaurante Escola da UFPel (RE) inseriu em seu cardápio opções específicas para vegetarianos e veganos. Essa mudança havia sido proposta durante a campanha eleitoral da atual gestão da reitoria. Para este projeto tornar-se realidade, foi preciso de muito estudo, além de se re-estruturar todo o setor.

Nos primeiros dias da implementação do novo cardápio, a administração encontrou dificuldades para cumprir a demanda. Segundo Vagner Vargas, coordenador administrativo do RE, a proteína de soja, elemento essencial em muitos pratos vegetarianos, acabou em poucos dias. “Nós compramos toda a proteína texturizada de soja na cidade e ela durou somente pelo final de semana”, disse. Atualmente, a administração ainda encontra dificuldades em conseguir com os fornecedores a quantidade ideal de produtos específicos para o preparo das refeições.

Esta mudança de cardápio já era uma reivindicação dos alunos vegetarianos e veganos que frequentam o local. “A gente fez um levantamento nosso, de emergência, no meio de dezembro e contabilizou cerca de trezentos alunos vegetarianos, incluindo os veganos”, diz Vagner. O interesse dos estudantes também é vital para a melhoria do cardápio diferenciado. Segundo ele, os próprios alunos procuram a administração com sugestões de temperos e de possíveis distribuidores. “Os estudantes, entre si, estão se organizando para terem reuniões comigo e para continuar com essa relação de parceria”, disse Vagner.

Conservar os mantimentos para a utilização futura é inviável, já que eles chegam na quantidade certa para o consumo pelos distribuidores do RE e são preparados no mesmo dia. O preparo dessas refeições diferenciadas ficou um pouco mais caro para o RE, mas não houve alteração de preço para o consumidor, explica o coordenador administrativo. Atualmente, o preço é fixo, custando R$ 2,00 a refeição independente do cardápio escolhido.

Vagner afirma que o hortifruti vem todo da agricultura familiar, pois existe uma lei em todas as instituições federais que impõe que no mínimo 30% dos alimentos sejam provenientes deste tipo de produção. “Desde outubro (de 2013), a gente se reúne com a EMATER e com as cooperativas”, comenta. Ele também explica que, no início, os fornecedores não tinham uma organização logística para atenderem a demanda de quantidade e de entrega, além de variedades de produtos. Com o passar do tempo, tudo foi sendo organizado e agora são feitas reuniões semanais para manter o contato entres eles. Desta forma, o pequeno agricultor acabou sendo ajudado, já que agora ele recebe todo o pagamento sem intermédios e, antigamente, a verba passava pelos empresários que faziam o atravessamento destes produtos.

 Entenda as dietas

O considerado vegetariano puro tem uma dieta que exclui todo e qualquer produto de origem animal, incluindo carnes, ovos e laticínios. A dieta do vegano é a mesma do vegetariano puro, a diferença entre elas se dá pelo veganismo ser uma filosofia de vida na qual se procura evitar o abuso e exploração dos animais. O vegano, diferente do vegetariano, não faz o uso de nenhum produto de origem animal ou que fora testado nos mesmos. Mais do que isso, na dieta dos veganos os alimentos têm de ser preparados separadamente das carnes e, para os mais radicais, em um fogão vegano (com o uso de energia solar). Além destas duas, ainda existem outros tipos de dietas, como as de ovo-lacto-vegetarianos, ovo-vegetarianos, lacto-vegetarianos, frugívoros e crudívoros. Para saber mais, basta acessar o site: http://www.centrovegetariano.org/index.php?article_id=70

 Para a especialista

Segundo a nutricionista Mírian Machado, a dieta vegetariana – quando planejada de forma apropriada – é saudável, adequada nutricionalmente e acaba promovendo benefícios na prevenção e no tratamento de certas doenças, conforme cita a Associação Norte-Americana de Nutrição. “Este tipo de dieta apresenta vantagens como menores níveis de gorduras saturadas, colesterol e proteína animal, bem como maiores níveis de carboidratos, fibras, magnésio, potássio, ácido fólico e antioxidantes, como as vitaminas C e E”, esclarece.

Mírian ressalta que o principal cuidado na dieta vegetariana, em relação ao consumo de nutrientes, refere-se à ingestão de vitamina B12, de cálcio e de ácidos graxos ômega 3, provenientes dos animais. “A carência de B12 pode causar anemia e danos ao sistema nervoso. Também é necessário prestar atenção na procedência dos alimentos, já que alguns peixes possuem toxinas, e algumas frutas e hortaliças, carregam uma grande carga de agrotóxicos. Desta forma, são fundamentais cuidados higiênico-sanitários no preparo dos mesmos”, destaca.

Sobre a diferença para o organismo da dieta onívora para a vegetariana, Mírian diz que já existem estudos que relacionam um menor número de doenças à escolha da dieta vegetariana, como, por exemplo, alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares. Ela comenta, inclusive, que pela ausência de algumas vitaminas, recomenda-se que em caso de transfusão de sangue, este seja proveniente de um doador vegetariano.

 

Palavra de consumidor

Cristiane Zimmer, 34 anos, laboratorista do Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos e vegana há quase seis anos aprovou a nova opção do cardápio. “Acho maravilhoso a comunidade da UFPel ter a oportunidade de se alimentar de acordo com suas opções e com mais qualidade, e também propiciar aqueles que são onívoros a possibilidade de experimentar outras formas de alimentação”, disse ela.

Todavia, tanto ela, quanto Tatiane Lilge, 25 anos, estudante do curso de Física e vegetariana há quase dois anos, não sabem exatamente do que e como é feito o “preparado vegetariano”, pois não há especificação do produto. Tatiane inclusive comenta: “Não sei se o cozinheiro que prepara a proteína é vegetariano, por exemplo, o que eu acho que seria uma boa ideia, pois este poderia trazer novidades para os pratos”. Ambas adotaram essas dietas pela compaixão que têm com os animais, além de concordarem que a saúde melhorou bastante e que acabaram por se sentir mais leves.

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