Juliano Guerra: personalidade, sarcasmo e amor

Reportagem de Estevan Garcia e  Vanessa Kleber – 

Sotaque marcante, ritmos tipicamente brasileiros e letras que transformam o cotidiano em poesia. Essas são algumas das características do trabalho do músico Juliano Guerra, nascido no município de Canguçu, em 7 de outubro de 1983.

O artista iniciou sua carreira ainda no final dos anos 90, quando participou de projetos como “Banda de Rock Revel e o Quinteto de Choro” e “Samba Noesis”, até começar a sua caminhada solo. Seu primeiro álbum, denominado “Lama”, lançado em agosto de 2012, mescla ritmos como bolero, samba e bossa nova, utilizando instrumentos musicais não muito usuais, como o sopapo, instrumento da cultura negra do Rio Grande do Sul.

Músico gravou recentemente CD "Sexta Feira" Foto: Divulgação/Felipe Campal

Músico gravou recentemente disco solo “Sexta Feira”         Foto: Divulgação/Felipe Campal

Nos anos 2013 e 2014, Guerra se dedicou a produções com colaboração de outros artistas e às gravações de seu segundo disco solo, o “Sexta-Feira”. O disco, pré-produzido em parceria com o percussionista e baterista Davi Batuka, foi inteiramente gravado no município de Pelotas, produzido de maneira independente e distribuído pelo selo pelotense da Escápula Records. O “Sexta-Feira” conta com 10 canções com letras de um tom sarcástico e de amor, com um ritmo carregado instrumentalmente e ainda guardando um espaço para um diálogo com o samba. Entre as faixas está “Logo Vem”, que teve videoclipe produzido pela Moviola Filmes.

A fim conhecer um pouco mais o trabalho desse artista de personalidade, entrevistamos Guerra, que nos contou um pouco sobre a carreira, a música independente na região, o “Sexta-feira”, além do videoclipe de “Logo Vem” e seu mais novo show. Confira a entrevista.

Juliano Guerra revela que o hábio de escutar rádio do pai e as canções maternas influenciaram sua proposta musical recente Foto: Divulgação/Felipe Yurgel

Juliano Guerra revela que o hábito de escutar rádio do pai e as canções maternas influenciaram nas suas propostas musicais  recentes         Foto: Divulgação/Felipe Yurgel

Arte no Sul (AS): Como tu enxergas o desenvolvimento da música independente aqui na região?

JG: Acho que temos produzido cada vez mais (em quantidade) e, até por isso mesmo, temos progredido na qualidade e no acabamento das produções. A revolução digital deu essa possibilidade de se gravar com muito mais ferramentas em um home studio, por exemplo, do que aquelas que eu tive gravando pela primeira vez, em 2000, quando a Revel (minha primeira banda) foi para um estúdio em Porto Alegre gravar nossa primeira demo. Falando ainda das possibilidades de produção – e puxando a brasa pro meu assado sem constrangimento -, penso que termos selos como o Escápula Records, pelo qual lancei o “Sexta-Feira”, oferecendo ótimas condições de trabalho. Também há um estúdio com o equipamento e a perícia técnica do A Vapor, que contribui imensamente pra esse aumento de qualidade do qual falei.

Por outro lado, temos ainda bastante dificuldade com os shows, tanto pelas poucas possibilidades de circulação (mostrar o trabalho fora de Pelotas não é fácil) como pela ausência de um bom teatro de pequeno/médio porte no qual os artistas possam mostrar seu trabalho sem um investimento absolutamente fora da realidade de quem faz, por exemplo, música autoral por aqui.

AS: Quando tu decidiste que querias trabalhar com música? Da onde surgiu ou surgem as tuas inspirações?

JG: Eu não sei bem quando eu decidi trabalhar com música, foi mais uma coisa que me aconteceu do que uma decisão, até porque tive meu primeiro instrumento ali pelos 6 anos e desde então eu já gostava de “inventar” minhas próprias canções. Com 17 anos eu já tinha uma banda que tocava canções escritas por mim, além de minhas primeiras parcerias, feitas com o Mauricio Antunes, batera da banda que também escrevia letras que eu passei a musicar.

Sobre inspiração, eu gosto de ter cuidado quanto ao caráter meio místico que às vezes se dá a essa palavra. Meu processo de composição é fazer/refazer/revisar/desistir/retomar, muito mais do que descer uma entidade ditando a canção já pronta. Dito isto, os temas que me interessam na hora de escrever uma canção são diversos e aparecem de todo lado: das músicas que ouço, dos filmes, dos livros, da conversa na rua, do que está acontecendo ou aconteceu na minha vida. Depois do surgimento do tema (às vezes só um verso solto, uma expressão, um ou dois acordes no violão) começa a parte que considero a mais prazerosa: montar e remontar as peças até chegar a um resultado satisfatório.

AS: Esse ano tu lançaste teu segundo disco, o “Sexta-feira”. Conte-nos um pouco como foi o processo de produção desse álbum.

 JG: O “Sexta-Feira” foi a realização de algo que eu ansiava muito por fazer, um disco com uma “bandona”, com uma turma de músicos com os quais eu tenho afinidade, pessoas que se envolveram de verdade com aquilo que estávamos fazendo. A gente ensaiou no estúdio do baterista e percussionista Davi Batuka, que foi meu parceiro na pré-produção. A logística da coisa toda foi da Ana Maia, que passou a ser minha produtora depois do “Lama”, meu primeiro disco. Quando fomos pro estúdio (o A Vapor, como eu disse anteriormente), as músicas já tinham arranjos definidos e, conforme gravamos, a coisa foi sendo burilada, ajustada. A captação, mixagem e masterização do disco foram trabalho do Lauro Maia – sem dúvida, um dos técnicos mais talentosos e dedicados da cena. Foi um bocado de trabalho e dedicação de bastante gente e o resultado está aí pra ser ouvido – eu tenho muito orgulho desse disco.

Músico gravou clipe em parceria com a Moviola Filmes Foto: Divulgação/Felipe Yurgel

Cantor gravou clipe em parceria com a Moviola Filmes               Foto: Divulgação/Felipe Yurgel

 

AS: Recentemente tu lançaste o videoclipe da música ‘Logo Vem’ em parceria com a produtora independente Moviola Filmes, como que se deu essa parceria e a produção do clipe?

JG: Tenho um amigo que conta uma história engraçada sobre como ele já namorava a mulher dele mesmo antes dela namorar com ele, ela só não sabia ainda. Minha história com a Moviola é parecida: eu já namorava com eles antes deles saberem de mim. O filme “O Liberdade” fez parte da minha vida de forma muito intensa durante a gravação do “Lama” – ainda hoje, ao rever qualquer cena do filme, fico impressionado com a beleza desse registro (e o bar Liberdade, num causo meio longo que eu não pretendo reproduzir dessa vez, foi o responsável direto pelo meu “pulo” do rock pro samba, ainda ali pelo fim da adolescência). Fazer o clipe com a Moviola foi, portanto, uma dessas felicidades que aparecem na vida da gente meio por acaso. Tenho muita afinidade com a turma toda da Moviola, tanto na forma de pensar sobre o que se faz quanto na escolha de temas, nas inclinações estéticas, essa coisa toda.

Nós (eu, Ana, Eduardo e os moviolas) trabalhamos bastante antes de ir pros finalmentes, o que foi essencial pra produção do clipe, gravado todo em um único dia de muito calor que me fez derreter no vestidão vermelho. Foi também uma oportunidade de trabalhar com uma pessoa muito querida que é o Eduardo Bandeira Braga, nossa estrela e, sem dúvida, a “alma” do clipe que bolamos. Taí mais um trabalho que só me dá satisfação ter feito.

AS: Tu estás produzindo um novo show em que irás cantar sucessos da década de 60, 70 e 80, que são considerados por muitos música “brega”. Da onde surgiu essa ideia?

JG: O brega está “amarrado” na minha formação: nasci e cresci na zona rural de Canguçu, ouvindo as rádios AM de tabela pelo radinho de pilha do meu pai (deve fazer uns 30 anos que ele praticamente só desliga o rádio pra dormir). Minha mãe, que sempre cantou lindamente e desprovida de preconceito musical, cantarolava pela casa – ainda outro dia a vi cantando “As Pastorinhas” pra minha sobrinha recém nascida, mais ou menos como deve ter feito quando nasci também – canções belíssimas que só depois de tempos fui entender que eram de “universos” diferentes, de Noel Rosa a Waldick Soriano, Odair José, Agnaldo Timóteo. De alguma maneira, talvez por causa dos preconceitos bobos que a gente pega na adolescência (só gosto de rock, buuu, só gosto de samba, blééé), essas canções ficaram meio deixadas de lado na minha vida até uns dois anos atrás, quando minha esposa me apresentou o filme “Vou rifar meu coração”, dirigido pela Ana Rieper, um documentário simplesmente maravilhoso sobre o brega. Lembrou-me dessas coisas todas, além de despertar meu interesse em ouvir e conhecer melhor os artistas e canções que se enquadram nessa estética. Esse show, portanto, tá na incubadora faz algum tempo, e, conforme eu fui ficando mais íntimo dessas canções, ele também foi se tornando mais impossível de evitar: é algo que eu tenho que fazer, um pouco como desculpas (a mim mesmo) pelos anos de desatenção com esse conjunto de artistas, mas principalmente pelo prazer que me dá tocar as músicas de artistas brilhantes como Wando, Odair José e Reginaldo Rossi.

O “Sexta-Feira” está disponível para download gratuito no site do músico ou pode ser adquirido pelo valor médio de R$ 25,00 nas lojas de CD, pelos serviços de distribuição digital como iTunes, Spotify e Deezer, além do próprio site.

Veja o clipe “Logo Vem” produzido com a Moviola Filmes.

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Grupo Tholl retorna aos palcos com “Exotique”

Reportagem de Rayssa Lima Natale e Camila Porto – 

O grupo Tholl retornou aos palcos pelotenses em setembro, com o espetáculo “Exotique”, para uma ação beneficente. A renda do espetáculo foi totalmente revertida para o Clube Grêmio Esportivo Xavante, com o cunho de ajudar na construção de novas arquibancadas para o estádio do Grêmio Esportivo Brasil, o Bento Freitas.

 

O Grupo Tholl impressiona pelas habilidades cênicas e coreografias

A Companhia teatral e circense impressiona pelas habilidades cênicas e coreografias

Criado em 2004, por João Bachilli, o grupo teve seu principal espetáculo “Tholl, Imagem e Sonho” lançado em 2006. Atualmente, o grupo Tholl é considerado patrimônio do Rio Grande do Sul. O grupo tem caráter sociocultural, sem fins econômicos. Atualmente conta com três espetáculos em cartaz: “Tholl, Imagem e Sonho” e “Exotique”, ambos no âmbito circense, além de “O Circo de Bonecos”, na modalidade teatro infantil.

Seus principais objetivos são estimular o crescimento cultural de crianças e adolescentes, promover as técnicas circenses, conjuntamente com o teatro e a dança, difundir e desenvolver o exercício da educação, além de melhorar a qualidade de vida daqueles inseridos no grupo.

Apresentações ocorreram em benefício do Grêmio Esportivo Xavante

Apresentações ocorreram em benefício do Grêmio Esportivo Xavante

O Tholl está sempre envolvido em projetos sociais. Sua mais recente colaboração é na construção de novas arquibancadas para o time rubro negro, após parte de sua arquibancada original ter cedido no início deste ano. O time passa por dificuldades financeiras e burocráticas e boa parte gira em torno da questão das arquibancadas e segurança dos torcedores.

Para o artista Ricardo Bach e protagonista do espetáculo “Exotique”, ter feito parte de mais este feito é de imensa alegria. Para ele é muito emocionante usar sua arte para fazer o bem e ajudar boas causas. O criador e diretor João Bachilli complementa: “Nosso Centro de Treinamento fica bem próximo ao estádio e é triste vê-lo assim. O Tholl e o Xavante fazem parte da cultura pelotense, se temos a oportunidade de ajudar a manter nossa história viva, porque não fazer?”

Espetáculos encantam públicos de todos os lugares por que passam

Espetáculos encantam públicos de todos lugares por que passam

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Leonardo Andrade lança terceiro livro: “Ídolo Quebrado”

Reportagem de Daniel Corrêa, Juliana Escouto e Etienne Castro – 

O escritor rio-grandino Leonardo Andrade, de 18 anos, fez o lançamento de seu último livro “ídolo Quebrado”. O lançamento ocorreu no dia 4 de setembro, em Rio Grande. A obra, porém, já havia sido apresentada ao público, em evento realizado pela editora que cuida das suas edições, em Porto Alegre.

O começo

Leonardo diz que começou a escrever com 15 anos. No início pretendia apenas colocar suas ideias no papel. Muitas delas surgiam enquanto jogava on-line com seus amigos. Seu primeiro livro foi lançado em 2012, quando ele ainda tinha 15 anos. Porém, após participar da Feira do Livro de Rio Grande, em 2013, acabou tomando gosto pela literatura, o que o fez continuar escrevendo.

O apoio

Sua família foi de vital importância para que ele iniciasse sua carreira como escritor. O jovem conta que a primeira pessoa a ler seus livros é sempre sua mãe. Segundo ele, é a sua maior fã, contudo é muito crítica em relação às obras. Seu pai e seu irmão também o apóiam. A equipe tem o reforço da professora Raquel, que foi quem o incentivou a publicar seus escritos. Ela é responsável pela revisão e é auxiliada pelo pai e pelo irmão de Leonardo na tarefa.

Ídolos quebrados

O rapaz conta que levou em torno de um ano para concluir o livro. A obra conta a história de Evan, um aspirante a escritor que não tem muito sucesso. Com a morte do pai, Evan vê suas esperanças ruírem. Após várias decepções, ele conhece Morgan, que sabe tudo a respeito de sua vida. Porém Evan não sabe nada sobre Morgan e muito menos porque este está disposto a ajudá-lo. A partir daí Evan busca descobrir quem é realmente Morgan, o que ele pretende e por qual razão ele sabe tanto sobre sua vida.

Dicas e inspiração

Leonardo dá dicas para quem pretende começar a criar trabalhos literários. “Ler é muito importante para quem quer escrever. Eu tenho também uma rotina. Procuro sempre escrever pela manhã.” Ele diz ainda que seu gosto pela leitura foi o que o levou à paixão pela literatura. E ainda motiva quem está pensando em começar. “Fazer é o primeiro passo, isto é, começar a fazer, depois o resto surge de forma natural.” Questionado sobre onde ele busca ideias, ele relata que elas surgem nas atividades do cotidiano. “Pode ser lendo, na internet, assistindo televisão, jogando vídeo game, andando na rua ou até mesmo lendo quadrinhos.”

Leonardo começou a escrever aos 15 anos de idade

Leonardo começou a escrever aos 15 anos

Outras obras

Mesmo sendo tão jovem, Leonardo já publicou três livros e já tem mais alguns concluídos esperando para serem publicados. O primeiro foi publicado em 2012 e se chama “As crônicas de um arqueiro – Midnight”. Depois da aceitação de seu trabalho inicial, o rapaz não parou mais de escrever, e teve os livros “Outra Era” e o “Ídolo Quebrado” publicados na sequência. Mas se engana quem pensa que o jovem parou por aí. Leonardo revela que já tem mais livros prontos. São eles: “Verde escuro”, “Abismo final” e “Mundos partidos”, sendo que o último está em fase de conclusão.

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Aulas de hip hop são estímulo para jovens rio-grandinos

Reportagem de Débora Klein

A afirmação do hip hop como meio de inserção social é o que buscam os artistas André Dizéro e DJ Micha Cnr ao ministrarem oficinas em Rio Grande. Atravessando barreiras da educação convencional por meio da música e da cultura urbana, as aulas de Hip Hop ocorrem no Centro de Convivência Meninos do Mar (CCMar) e cerca de 300 jovens já foram contemplados.

O envolvimento com o hip hop vem desde cedo para ambos artistas. A oficina surgiu através de um convite feito por um professor da Universidade Federal de Rio Grande (FURG), que já conhecia o trabalho realizado. De acordo com Dizéro, as aulas são oferecidas aos alunos dos cursos profissionalizantes do CCMar – formação de manicure, panificação, culinária, entre outros. Diversos artistas do cenário do hip hop rio-grandino são convidados pelos ministrantes a apresentar suas experiências aos alunos durante as oficinas.

Sala de aula com alunos da segunda turma no CCMar em Rio Grande Foto: Arquivo Pessoal

Sala de aula com alunos da segunda turma no CCMar                                                 Foto: Arquivo Pessoal

No formato de três encontros, os estudantes têm a oportunidade de, primeiramente, conhecer o histórico da cultura hip hop, seus elementos, causa social e filosofia. Já, no segundo dia de curso, ocorre o contato com o rap, mercado musical, referências locais, aparelhagem do DJ e produção textual. Para finalizar, o terceiro encontro proporciona uma atividade prática através de roda de rimas. “Através dessa cultura conseguimos explicar o quanto estudar é importante. Mais do que isso, conseguimos obter uma troca de histórias reais e aprendizado que dinheirinho nenhum compra”, afirmou DJ Micha em sua página pessoal no Facebook.

Segundo André, uma proposta para que as oficinas sejam transformadas em curso já ocorreu, visando jovens com baixa renda e situação de risco. “Acredito que um curso deste porte pode dar a sustentação necessária para os jovens adquirirem uma identidade, recuperarem a autoestima, terem o contato direto com a arte e poderem ser um agente disseminador da cultura”, destacou. Ainda, de acordo com ele, as aulas também têm a capacidade de formar músicos e artistas.

Encerramento das atividades da oficina no mês de junho                 Foto: Arquivo Pessoal

A satisfação é mútua; tanto os professores quanto os alunos finalizam o curso com crescimento pessoal e profissional. Dizéro conta que gostaria de ter alcançado antes a oportunidade deste contato com a cultura urbana, mas hoje comemora por poder transmitir aos jovens o que aprendeu através da sua experiência.

Os trabalhos pessoais de ambos podem ser acompanhados pelas páginas no Facebook:  André Dizéro e  DJ Micha Cnr.

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Sofá na Rua reúne pelotenses

Reportagem de Aléxia Tavares e Caroline Lemos – 

Integrar pessoas de diversas vertentes, ocupar os espaços públicos e proporcionar lazer à comunidade, são alguns dos objetivos do Sofá na Rua, que em outubro completa três anos de existência. Este evento já chegou à marca de 2000 participantes, mas nem sempre foi assim. Ficou interessado? A gente te conta essa história!

Tudo começou com a chegada da Casa Fora do Eixo à cidade de Pelotas. Em todo Brasil existem lugares desse tipo, que são espaços coletivos permanentes em pontos estratégicos. Por eles passam diferentes artistas, de várias vertentes, que vêm dando novo significado à realidade social atual através da produção de cultura. Há debates abertos a todos em favor de novas políticas públicas e, entre outras coisas, requisitando acesso à educação e democratização da mídia.

Evento congrega de forma descontraída um público diverso (Foto: Divulgação)

Evento congrega de forma descontraída um público diverso      (Foto: Divulgação)

Com tantas pessoas e, consequentemente, tantos talentos passando por ali, se fez necessária a existência de um evento que integrasse todas as áreas e trouxesse mais uma forma de lazer. Mas existia um porém: como criar um evento aberto à comunidade dentro de uma casa pequena? Surgiu então a ideia de ocupar a rua. Os organizadores colocaram os sofás da casa no espaço público e convidaram alguns músicos para participarem da festa. Nasce ai o “Sofá na Rua”, que em sua primeira edição teve a presença de aproximadamente 50 pessoas apenas.

Depois do primeiro sofá, como é carinhosamente chamado por todos, várias pessoas se integraram à organização, cada um ajudando do jeito que pode e todos buscando o êxito do evento. Além de fazerem parte da realização do sofá, os envolvidos têm a oportunidade de aprender mais sobre outras áreas do conhecimento.

Atrações artísticas chamam para o debate sobre a realidade social (Foto: Divulgação)

Atrações artísticas chamam para o debate sobre a realidade social
(Foto: Divulgação)

Com o passar do tempo, o Sofá na Rua ficou conhecido pela comunidade e cresceu a cada realização: em sua 20ª edição chegou à marca de aproximadamente 2000 participantes e o número sobe cada vez mais. Atualmente o sofá na rua mudou de local. O evento ainda é no bairro Porto, mas, está sendo realizado na rua José do Patrocínio em frente ao Galpão Satolep.

Quando o sofá comemorou 20 edições, nossa equipe fez um levantamento do crescimento do público, e olha só o resultado (abaixo)! É claro que o público segue crescendo. E agora a pergunta: qual o número de pessoas que você acha que vão participar da edição de 3 anos? Conta pra gente!

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Canal no YouTube incentiva a leitura

Reportagem de Tanara Hormain – 

A leitura nos traz conhecimento, vocabulário, desperta nossa imaginação, aguça os sentidos, além de vários outros benefícios. Pensando nisso, no dia 18 de março de 2015, nasceu o canal no YouTube chamado “Somos Livros, somos Livres!”, que tem o foco de incentivar a leitura, com o objetivo de colaborar para a expansão da democratização da Literatura.

Tábatha Belzareno, proprietária do canal, é graduada em Letras na Universidade Federal do Rio Grande e aluna do Mestrado em História da Literatura na mesma universidade. Segundo a autora, a paixão pelo mundo dos livros nasceu ainda quando pequena e o incentivo partiu de casa. A graduação fez essa paixão aumentar. É responsável por ela querer passar esse conhecimento adiante, ajudando outras pessoas.

O canal conta com parceiros fixos, que enviam obras para ela dar a opinião pessoal e também para ser feita uma crítica literária especializada. Ela já tem por costume comprar muitos livros – sendo para o seu curso de mestrado ou não – o que deixa o canal ainda mais rico em conhecimento. Segundo dados do YouTube, no início do mês de setembro, a média de acessos já estava em torno dos 3.895 e o site contava com 690 inscritos, aumentando de 10 a 15 inscritos por dia. Thábata já recebeu uma proposta da Bahia para ser colunista em um jornal bilíngue de Literatura e Arte, que circula no Brasil, Estados Unidos e Irlanda, e também já foi convidada para falar em duas rádios.

Uma mulher jovem e cheia de conhecimento para ajudar o mundo. Através do canal, já teve diversas experiências com variados públicos que a acompanham. Isso faz com que ela acredite ainda mais no que está fazendo e se apaixone cada vez mais pela área em que escolheu atuar.

Link para a página do “Somos Livres, Somos Livros” no Facebook

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A rio-grandina Tábatha Belzareno contagia com sua paixão pela leitura

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Teatro Escola de Pelotas existe desde 1914

Reportagem de William Machado – 

O Teatro Escola de Pelotas foi criado em 1914, com o nome de Corpo Cênico do Apostolado dos Homens da Catedral, era dirigido por Antônio Alves dos Reis, num tempo em que as mulheres ainda não podiam participar. Somente em 1946, com Davi José Zanotta, foi então transformado em Teatro Escola de Pelotas.

Na montagem de um novo espetáculo, a atual diretora da trupe, Barthira Franco, comenta que “…a proposta do grupo é estar aberto para qualquer pessoa participar”. O grupo se consolidou na cidade e no Brasil, presente em eventos importantes como o Projeto Mambembão, do Ministério da Cultura, no Festival Internacional Porto Alegre em Cena e em festivais nacionais de teatro como os de Canela (RS), São José do Rio Preto (SP), Ponta Grossa (PR), Sorocaba (SP), Itabira (MG), Campina Grande (PB) e Blumenau (SC).

O grupo faz ensaios ao ar livre, na Praça Coronel Pedro Osório. Entre os participantes, está a designer gráfica Francine Dias. Embora ela não imaginasse em “um dia ser atriz”, descobriu no Teatro Escola o seu potencial.

Ficou curioso? Quer saber como participar do grupo? Então, confira as nossas dicas abaixo, como obter mais informações sobre uma das companhias teatrais mais antigas em atividade no Brasil.

O QUÊ? TEATRO ESCOLA DE PELOTAS

COMO SE INSCREVER? ENTRAR EM CONTATO PELO TELEFONE 81076414 OU PELO FACEBOOK “TEATRO ESCOLA DE PELOTAS”.

ONDE? FÁBRICA CULTURAL – RUA FÉLIX DA CUNHA, 690.

Grupo faz ensaios na Praça Coronel Pedro Osório                            (Foto: William Machado)

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Comédia musical percorre bairros da cidade de Pelotas

Reportagem de Ronaldo Quadrado Gomes – 

     A Companhia de Teatro Caboclos da Cidade, em parceria com o grupo musical Adelante, vem apresentando a peça teatral itinerante “Olha o santo!”. A produção foi pensada para que o teatro chegasse à periferia, podendo ser um elo entre a história da cidade e seus moradores. O enredo conta a trajetória de duas irmãs africanas, Mimosa e Xoróca, que vieram como escravas para o Brasil. O contexto é o período de opulência econômica da cidade de Pelotas, quando a escravidão era legalmente aceita. As personagens são parentes das tias Minas, senhoras escravas que, privadas de entrar no Mercado Público Municipal, vendiam seus quitutes no entorno do prédio. Elas falam também de seu desejo de encontrar alguém pra casar.

Seus quitutes são os famosos doces de Pelotas, mas, ao contrário do que se diz, elas esclarecem que a grande maioria são receitas de origem africana e não portuguesas. O quindim, por exemplo, além de ser uma receita para adoçar o paladar, era feito também em homenagem ao Orixá Ogum. Em todas as apresentações, o roteiro abre uma “janela” para contar, também, um pouco da história do bairro em que está sendo realizada.

A companhia já passou pelos bairros Balsa, Getúlio Vargas, Barro Duro e Dunas. Segundo o diretor, que é doutorando da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Hélcio Fernandes, a produção vem trazendo uma série de impactos positivos nas comunidades por qual passou: “Além de poder levar o teatro para mais pessoas, nos alegra em estar contribuindo para que um pouco da história esquecida da cidade possa ser contada”, afirma Hélcio.

Toda a pesquisa foi elaborada pelo diretor e pelo elenco, que conta com Juliane Grinberg (Mimosa) e Francine Mohammed (Xoróca). O grupo musical Adelante é formado por Luan Borba, Vítor Moreira e Toko Ciocca. O grupo ensaia duas vezes por semana e está se preparando para participar do Festival de Teatro de Rua, que terá apresentações dia 24 de outubro no Mercado Público de Pelotas, a partir das 15h.

O Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Procultura) é quem financia o projeto, que foi selecionado, por edital público, entre cem outros e ficou entre os 15 contemplados.

Espetáculo visa integração comunitária e estará dia 24 no Mercado

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Comentários:

Parabéns, conterrâneos!
Sou pelotense e moro há muitos anos em São Paulo (SP). Tudo o que eu não aprendi na escola, sobre o passado de nossa cidade, vou descobrindo agora, com o resultado de excelentes pesquisas e trabalhos como o de vocês.
Muito sucesso!

Maria Inês Carniato

 

Maratona promove fotografia em mostra até amanhã

Reportagem de Antoniela Fonseca e Janaína Pereira – 

A Secretaria de Cultura de Pelotas (Secult) promove a primeira Maratona Fotográfica de Pelotas, estimulando ainda mais o gosto pela linguagem das fotos. Profissionais e amadores participam, unidos pelo tema do evento: “a floração dos pessegueiros”. Há mais três subtemas, as águas na área rural, os acervos dos museus nas colônias de Pelotas e fotos que retratem uma parte da cidade nas cores preta e branca.

Foram escolhidas 11 conjuntos de imagens que foram impressas e estão em exposição até amanhã, na Sala Frederico Trebbi, no Paço Municipal.

A Maratona tem a intenção de fomentar atividades culturais nos diversos territórios do município, fortalecendo a arte da fotografia, descobrindo novos talentos e novos olhares sobre Pelotas.

As imagens da exposição estão sendo votadas. Será escolhida a melhor imagem da categoria “individual” e em “grupo”. Os prêmios na modalidade individual/adulto são R$ 2.000 + produtos culturais do Procultura (primeiro lugar), R$ 1.000 + produtos culturais do Procultura (segundo lugar). Na modalidade grupo/ família os prêmios são R$ 2.000 + produtos culturais do Procultura + pacotes de Passeio Turístico na Colônia de Pelotas (primeiro lugar) e R$ 1.000 + produtos culturais do Procultura (segundo lugar).

O evento tem o apoio da Prefeitura e a ideia surgiu quando se fazia reuniões para a “Quinzena do Pêssego”. A artista Daniela Borges, uma das organizadoras desta exposição, ressalta a valorização da fotografia. Segundo a entrevistada, a cidade estimula várias áreas relacionadas à cultura, mas faltava uma maior atenção à fotografia. Assim foi proposta esta forma de incentivo. “Pretendemos seguir realizando a Maratona nos anos seguintes com outros temas, houve neste ano a seleção de 11 imagens, com o total de 44 concorrentes”, detalha.

Um dos classificados, Rita de Cássia Veiga, conta que a sua inspiração foram os pessegueiros em flor e as plantações de pêssego. Sobre as águas rurais, ela fotografou a cachoeira do Arco-Íris. Também clicou imagens dos acervos dos museus nas colônias de Pelotas, como alguns pesos e balanças, a última que mostrava Pelotas em preto e branco na área da Doca perto da região do Porto com barco e água. Assim, o próprio contexto da região, a parte das águas, tenta mostrar a vida calma das redondezas e as belezas naturais

Um dos classificados na modalidade grupo/família, Endrigo de Oliveira, comentou que foi uma ótima oportunidade para observar melhor a região através das fotografias em vários lugares e aspectos, como os pessegueiros e as cachoeiras. “Acompanhado de toda minha família, minha esposa e meus dois filhos, foi um momento de descontração que todos adoraram”, ressalta.

Ideia da exposição surgiu em torno da agricultura do pêssego

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A periferia tem voz

Reportagem de Luís Artur Janes Silva –

Dentre as várias manifestações da cultura hip-hop em Pelotas está a personalidade e a obra de Luís Henrique Barcelos Duarte, o Mano Rick, um dos integrantes mais populares do movimento hip hop no Loteamento Dunas, periferia da cidade. É uma das vozes mais influentes daquela comunidade, estigmatizada pela imagem de violência.

Mano Rick teve sua veia artística despertada aos oito anos, quando ganhou de aniversário dos pais um duo de CD’s que influenciou de forma determinante sua orientação.  O grupo de rap Racionais MC’s e o DJ Carcaça introduziram o hip hop e as batidas na vida de Luís Henrique.

O artista é grande entusiasta do movimento Dunas RAP, esforço feito por representantes do hip hop no Loteamento Dunas. Este evento, criado em 2011, irá expandir-se para outras localidades da cidade, em iniciativa patrocinada pela Secretaria Municipal de Cultura (Secult). Assim, os bairros Navegantes, Simões Lopes e Getúlio Vargas poderão conhecer expoentes do hip hop do Dunas, entre eles, Mano Rick.

Intitulando-se MC (Mestre de Cerimônia) e beatmaker, pois faz batidas misturando sons de vários artistas, Mano Rick diz que suas letras mostram a realidade do Loteamento Dunas e que adora apresentar-se no local. Lá acontece a troca de ideias entre o poeta e o seu público, que se enxerga nas letras.

Mano Rick também demonstra maturidade e visão de mundo quando reconhece que a Internet serviu para ampliar as possibilidades de divulgação da obra dos artistas, mas ao mesmo tempo pasteurizou o discurso de alguns integrantes do hip hop. Na sua visão, eles preferem a produção musical contínua e muitas vezes desprovida de conteúdo mais profundo, em detrimento de uma criação artística mais cuidadosa, e que leve uma mensagem de conscientização ao público.

Além disso, critica a diluição de conteúdo a que alguns artistas submetem-se ao trabalhar para grandes gravadoras, advindo deste fato a predileção em produzir seu material musical, feito por ele e dirigido aos seus próximos.

Mano Rick apresenta-se no Bairro da Gente

Mano Rick apresenta-se no Bairro da Gente

Assim, o nosso artista prefere fazer tudo ao seu tempo, depois de lançar o EP (extended play) Fatos e Fatos em 2013, gravado com recursos próprios e com ajuda dos parceiros de “guerra”, no estúdio caseiro Dinossauro Records, Mano Rick dedicou-se à pesquisa e produção de novos beats. Estabeleceu contato com outros artistas e auxiliou velhos conhecidos que começam a seguir a senda de alguma vertente do hip hop.

Ainda sem previsão de lançamento, o primeiro CD de Mano Rick gera uma grande expectativa na comunidade do Loteamento Dunas que espera que uma de suas mais brilhantes mentes encante a todos com sua poesia ritmada.

 

Escute a música Situação, do EP Fatos e Fatos.

Influenciado por extensa lista de artistas, que inclui Racionais MC’s, Da Guedes, DMN, Sabotage, Notorius B.I.G e Tupac,  Mano Rick não se esquece dos velhos parceiros do Loteamento Dunas, tais como o seminal Banca CNR, e, ainda, os contemporâneos Alemonix, Luan, Zumbi e Duck GS.

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