Okupar com K: Desconstruir e Construir

O movimento promove amanhã uma feira independente com apresentações de dança, circo, teatro e música

O movimento promove amanhã uma feira independente com apresentações de dança, circo, teatro e música

Reportagem de Eliane Rubim –

A liberdade é conceito abstrato, utopia sonhada por pensadores desde que se tem registro da filosofia. E se em algum momento da vida você não se perguntou sobre se você é completamente livre, certamente algum dia o fará.

E na busca de serem “totalmente” livres, alguns seres humanos tiveram destaque e reconhecimento na história da “audácia”, tais como os artistas, os intelectuais, os insurgentes. Vou me ater a falar sobre uma “leva” dessa última geração que reivindica a desescolarização para a descolonização cultural imposta, e que dentro desse processo político de “auto-descobrimento” de si cria e recria cotidianos e formas de comportamento “livres”.

Parece complexo tentar traduzir o que significa confrontar os anseios individuais transformando-os em práticas e construções coletivas, tanto que trago o exemplo do Espaço “Okupa 171” para ilustrar. Gerido pelo Coletivo Tranca Rua, o coletivo desenvolve há mais de seis anos práticas e vivências anarquistas e libertárias em uma casa ocupada no centro da cidade de Pelotas-RS.

Um Squatt, ou uma Okupa se caracteriza, dentre tantas outras coisas, pela ideia de ocupação como união de moradia e espaço social. Também estão presentes os princípios de autonomia e autogestão, livre de hierarquias e relações opressoras.

Outra característica forte dentro da cultura libertária, é o nomadismo. Nos seis anos da Okupa 171, várias pessoas já passaram pelo espaço, e dentro dessas temporadas cada indivíduo demonstra sua intensidade que fica marcada na transformação do espaço, do coletivo e de si mesmo. Serena (nome fictício a pedido dx entrevistadx), que entre indas e vindas, convive com o espaço desde a sua ocupação, diz que “a estrutura do espaço só se transforma com a intervenção das pessoas que nela estão, e essas mesmas pessoas também buscam rever suas próprias estruturas quando estão em espaços anarquistas”.

Entre os espaços coletivos da casa estão as salas de ensaio, ateliê  e  para as oficinas de circo

E como processo de liberar-se, no passar dos anos várias atividades foram compondo esse mosaico que compõem o universo da Okupa 171. Desde momentos mais abertos como Conversas, ciclos de cine, oficinas de circo, capoeira, fotografia, serigrafia, feiras e eventos mais artísticos, quanto em momentos mais “fechados” e internos, como as reuniões, a manutenção dos espaços coletivos, assim como nos processos de criação nesses mesmos espaços.

A casa atualmente possui uma biblioteca com cerca de 350 exemplares, que leva o nome do anarquista pelotense José Saul e que está aberta para visitação de terça à sexta, das 14h às 20h. O Herbário 171 é o espaço onde são compartilhadas práticas de medicina natural e alternativa, e onde também se mantém uma farmacinha comunitária com plantas extraídas da “horta suspensa” no telhado vivo construído em 2013. Outros espaços coletivos da casa são a Sala de Ensaio, o Ateliê de Costura/Pintura/Serigrafia/Tatoo, e o salão onde está as estruturas para as oficinas de circo, e é o palco das atividades para públicos maiores, como as Varietés (Show de Variedades) e a Noite das Pizzas, que é o evento que gera recursos para a autogestão do espaço.

As paredes da casa ocupada servem como suporte para diversas manifestações poéticas e políticas

As paredes servem como suporte para manifestações poéticas

Mas, nas palavras de Punk, “casa velha tem sempre uma goteira pra arrumar”, e tanto estruturalmente, quanto em termos legais, a casa está em constantemente em risco. Por se tratar de um espaço que esteve abandonado por muito tempo, e mesmo com todas as “remediações” feitas no passar do tempo, sempre há reparos a serem feitos. Ademais o coletivo vem passado por várias situações que também põem em risco a manutenção desse espaço de prática libertária: ameaças de despejo, dificuldade em regularizar a água, a ameaça de grupos intolerantes.

Os escritos nas paredes propagam o lema “faça você mesmo”, e está impresso no espaço a “eterna reforma”. Algumas foram feitas a partir de “vaquinhas” entre anarquistas solidários à casa, mas predominam reformas feitas através da reutilização de materiais reciclados. A permacultura pensa o ato de reciclar, no âmbito bastante amplo, provocando pensar o bom aproveitamento das energias, desde o desperdício de comida, até a terra que se faz na composteira e que agora aduba a horta. Os “recicles” são a comida coletada das sobras das feiras de rua, a madeira que vai abastecer o fogão a lenha, os materiais que servirão para uma construção ou criação. Enfim, é a busca de transformar o “lixo em luxo”, liberando-se do ato de consumir e extrair ainda mais da natureza.

Perguntando aos atuais e antigos moradores do espaço, nenhum soube me dar exata precisão sobre o nascimento da 171. O primeiro fanzine da casa (que conta a sua ocupação) tem publicação do dia 9 de novembro de 2010. E desde então o coletivo Tranca Rua festeja o aniversário do espaço durante o mês de novembro.

O coletivo tem feito diversas manifestações pela liberdade de expressão Fotos: Camila Hein

O coletivo tem feito diversas manifestações pela liberdade de expressão          Fotos: Camila Hein

Nas comemorações dos seis anos, no dia 13 de novembro, foi realizada a Noite das Pizzas, e no último final de semana do mês o coletivo tranca a rua e abre as portas da casa em dois dias de atividades abertas. Amanhã, dia 28 de novembro, a partir das 16h, haverá feira de material autônomo e independente, com apresentações de dança, circo, teatro e música. No domingo 29, a partir das 11h30, a casa oferece diversas oficinas, compartilha um “sopão” comunitário e fecha com a exibição de cine.

A Okupa 171 fica na Rua 15 de Novembro, 171.

 

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Vocal Esperança dá show e lição de vida na Bienal

O Grupo Vocal Esperança participou do evento promovido pela UFPel para a valorização da arte e da cidadania

O Grupo Vocal Esperança participou do evento promovido pela UFPel para a valorização da arte e da cidadania

Reportagem de Edna Souza Machado – 

Na semana passada, de 15 a 22 de novembro, a cidade de Pelotas foi palco de um grande evento organizado pela Universidade Federal de Pelotas. A Bienal Internacional de Arte e Cidadania é um conjunto de ações artísticas e acadêmicas a partir da temática e das identidades latinas. Dentre as diversas atividades, mostras culturais, oficinas, recitais, shows, entre outros, destacaram-se as apresentações que trouxeram à tona discussões e reflexões sobre a cidadania e a inclusão social.

Na tarde de quarta-feira (18), subiu ao palco do Espaço Cultural da UFPel, o grupo de cantores Vocal Esperança, formado por usuários de Centros de Atenção Psico-social (CAPS), sob a coordenação do professor Mario Maia (IAD). O grupo é um dos projetos de reabilitação psicossocial na cidade de Pelotas e existe há quase 15 anos por iniciativa da professora Ana Beatriz Argoud, hoje aposentada.

O coral, acompanhado por alunos da UFPel, animou o público com músicas populares que falavam de amizade, afetividade e superação. Interagiu com a plateia dançando e cantando. O maestro Isamir Fernande, que acompanha o projeto desde seu início, em 1990, antes como aluno da UFPel e hoje como profissional, contou um pouco dessa história. Enfatizou que as técnicas de beleza, estética e afinação não são seus objetivos principais, mas, sim, a promoção do diálogo, da afetividade e da aceitação mútua. Neste projeto, os usuários dos CAPS são convidados a sair do ambiente rotineiro destas instituições para realizarem atividades voltadas à arte, principalmente à música.

A professora Ana Beatriz, presente no evento para prestigiar o grupo pelo qual sente muito carinho, conta que a intenção do projeto é promover integração desses usuários fora do ambiente dos CAPS a fim de promover a reintegração destes à sociedade.

Uma das cantoras do Vocal Esperança contou como o projeto a ajudou a se restabelecer como pessoa e voltar ao convívio social. Ela conta que, frequentando o CAPS, ficou sabendo da existência deste projeto e, tomando coragem, decidiu participar.

“Nas festas que me convidavam eu sempre via esse grupo e eu tinha uma vontade muito grande de participar. Então dei o primeiro passo e fui até a Universidade Federal. Lá encontrei uma amiga que me convidou para fazer o curso pré-vestibular Desafio. Segui participando dos grupos, comecei a participar das apresentações cantando… Eu era bem diferente do que eu sou hoje em dia, com a arte, com a expressão corporal, a gente ‘vai botando pra fora’ as raivas, os traumas do passado… vai se expressando através da música. Passei no vestibular e comecei a cursar Artes. Me empenhei bastante, e era difícil, mas ao mesmo tempo fascinante! E cada desafio que ia aparecendo, eu ia desvendando e ia conseguindo.”

Glória conta que teve apoio incondicional dos professores do Curso de Artes, principalmente da professora Ana Beatriz e do Grupo Vocal Esperança.

“Eu era um papel amassado, jogado no lixo… Saí de um mundo que não era real… Com o tempo eu fui me encontrando, enxergando a minha própria doença e fui cantando, fui viajando… A arte me deu um equilíbrio,” admite Glória.

A cantora Glória Maria descobriu a música como um caminho em busca do equilíbrio

A cantora Glória Maria descobriu a música como um caminho em busca do equilíbrio

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Três amigas apaixonadas pela dança criaram uma das primeiras academias do município de Rio Grande

A Academia de Dança Ensaio tornou-se conhecida pelo ensino da dança clássica, mas desenvolve outras modalidades        Foto: Divulgação

Reportagem de Débora Klein –

Referência em Rio Grande, a Academia de Dança Ensaio está a um passo de completar 35 anos. Criada em setembro de 1981, a escola surgiu pela união de três amigas apaixonadas pela dança. Atualmente, sob a direção da bailarina Eugênia Klinger, 160 alunos, entre crianças e adultos, fazem parte desta história.

De 1981 para 2015 muita coisa mudou. O espaço, hoje voltado ao ballet clássico, iniciou com aulas de sapateado, jazz e ballet, além de sediar hoje uma creche e uma sala de musculação. Eugênia, a única das fundadoras que ainda está à frente da escola, conta que a ideia era abrir um espaço diferenciado na cidade. “Eu voltei do Rio de Janeiro pensando em abrir algo voltado à dança e elas também queriam, a creche não vingou, mas a dança começou a crescer”, conta. Eugênia iniciou seus estudos em Rio Grande e, após quatros anos e meio no Rio de Janeiro realizando cursos de jazz, ballet e sapateado, retornou à cidade.

As modalidades eram novidades na cidade, assim como os espaços destinados às aulas de dança. “Abrimos em setembro e em março haviam outras oito escolas”, comemora Eugênia. Mesmo com o investimento em diversos ritmos, a coincidência e paixão de Eugênia pelo ballet clássico fez com que a escola fosse conhecida pelo estilo. “O tempo vai passando, as coisas vão mudando, a gente nunca quis ficar só com o ballet, mas acabou assim”. Comandada por oito professores, além do ritmo, a escola também oferece aos rio-grandinos aulas de jazz, dança contemporânea, pilates, zumba e dança de salão.

Somando a todas as inovações que trouxe a Rio Grande, a escola também ajudou para a reforma do teatro municipal em 1997. Os espetáculos O Quebra-Nozes, Satraussianas e Black and White tiveram 50% da renda revertida para a Associação dos Amigos do Teatro, além da doação de roldanas, cordas e canhões de luz. A reinauguração do local contou com a apresentação da academia, com o repertório La Byadère.

A escola realiza dois espetáculos por ano, mostrando um pouco do que é aprendido durante as aulas. “Nosso princípio é ser uma escola, não um ballet profissional, então todo mundo vai para o palco e dança bastante”, salienta Eugênia. A cada fim de ano, a Ensaio apresenta ballets de repertório já criados – coreografias que contam histórias – e adaptados pelos professores, tendo em vista a realidade da escola. Neste ano o repertório escolhido foi Harlequinade, baseado na commedia del’art, espetáculo popular com uma história entre os séculos XVI e XVII, na Itália e na França, criado com humor e personagens mascarados, contando as aventuras de Harlequin, Columbine, Pierrot e Pierrete.

O espetáculo que, normalmente, dura em torno de uma hora, foi adaptado por Eugênia para que os 102 alunos que desejavam participar da apresentação tivessem a oportunidade. “Consegui deixar em uma hora e adicionei outras músicas, criando, por exemplo, um Carnaval só para os alunos do baby”, conta.  Desde 1993 a escola também realiza o pró-ballet, desta vez montado com base em enredos como o apresentado na 37º Feira do Artesanato do Rio Grande e 20º Feira do Comércio, Indústria e Serviços, que contou a história infantil Frozen. Os espetáculos são realizados pelos alunos de jazz e dança contemporânea, com preço mais acessível para a população.

A lista de premiações e cidades em que o nome da Academia foi levado por alunos é extensa. Nos últimos anos, devido à vida escolar dos dançarinos, as viagens diminuíram, mas a paixão pela dança não. A atualização é contínua, necessária para que os bailarinos estejam por dentro das novidades do meio, com a realização de alguns cursos como os oferecidos no Joinville em Dança, onde a professora Tatiana Klinger e algumas alunas estiveram presentes.

As aulas de Pilates estão entre as técnicas importantes não só para os bailarinos, mas principalmente para a saúde corporal

As aulas de Pilates estão entre as técnicas importantes não só para os bailarinos, mas principalmente para a saúde corporal              Foto: Divulgação

Benefícios da dança

A dança é uma das atividades físicas que mais oferece benefícios. Pesquisas apontam que a prática ajuda para a perda de peso, aumento da autoestima e combate algumas doenças cardíacas e respiratórias. De acordo com Eugênia, a disciplina é outra vantagem, principalmente para os alunos do ballet clássico. “Uma criança de três anos aprende a sentar, esperar sua hora, conviver com outras crianças, a disciplina é primordial na dança”, afirma.

Ainda entre os benefícios está o impacto. “Um bailarino sabe cair, se machuca muito menos que um jogador”, conta. A bailarina fala ainda sobre o pilates, uma das modalidades que está conquistando alunos. “Esta técnica está sendo uma aliada, pois trabalha o corpo e ajuda a respirar, coisa que as vezes os bailarinos esquecem”. O único detalhe apontado por Eugênia como malefício já é conhecido: os pés das bailarinas. “Tem calo, tem bolha, deforma, mas é o menor dos problemas, vale a pena para quem dança”, afirma a diretora da Academia de Dança Ensaio.

Frozen está entre os inúmeros espetáculos que a Ensaio vem promovendo com o seu repertório Foto: Débora Klein

Frozen está entre os inúmeros espetáculos que a Ensaio vem promovendo com o seu repertório           Foto: Débora Klein

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COMENTÁRIOS

Sou bailarina clássica formada pelo ballet Redenção em Porto Alegre. Dancei no ballet de San Francisco, mas retornei ao Brasil para concluir minha faculdade de enfermagem. Vim trabalhar como enfermeira aqui em Rio Grande e estou louca para voltar a dançar….tem espaço pra mim??

Marcela Engel Machado

 

Rio-grandino é destaque na Feira do Livro de Porto Alegre

Reportagem de Daniel Corrêa e Juliana Escouto dos Santos – 

O poeta e advogado Sérgio Puccinelli está produzindo uma trilogia      Foto: Daniel Corrêa

O poeta e advogado Sérgio Puccinelli está produzindo uma trilogia                   Foto: Daniel Corrêa

O escritor riograndino Sérgio Puccinelli lançou na última edição da Feira do Livro de Porto Alegre sua mais nova obra, intitulada “Poemas Para Uma Noite Insone”. A publicação faz parte de uma trilogia, que iniciou em 2014 com “Poemas Para Uma Tarde de Chuva” e finaliza com “Poemas Para Uma Manhã de Sol”, a ser lançado em 2016.

Além de escritor, Sérgio também é professor e advogado. Iniciou na poesia ainda adolescente, e tem diversas obras publicadas, como o já citado “Poemas Para Uma Manhã de Sol” e “Babel”.

Confira a entrevista completa  neste vídeo.

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Dupla hermana encanta ruas de Pelotas com sua música

Reportagem de Camila Mascarenhas –

Facu e Sol vieram de Buenos Aires, apresentam covers  e experimentam suas primeiras composições próprias        Foto de Nágila Rodrigues

Facu e Sol vieram de Buenos Aires e apresentam covers da cantora francesa Zaz             Foto de Nágila Rodrigues

Um conglomerado de pessoas está reunido no calçadão de Pelotas, em volta de uma dupla simpática. O jovem Facu, com uma pequena caixa de som e violão, e Sol, uma moça de boina estilo francês e microfone na mão.

As canções de Ray Charles, misturadas com o francês da cantora Zaz, se escutam a três quadras de distância de onde estão. A alegria do som tocado pela dupla, que se denomina “Navegantes Del Sol”, cria um contraste entre o fim do inverno e o início do verão na região sul. O nome e as canções trazem a alegria de um dia ensolarado.

A dupla de 21 anos, vinda de Buenos Aires, da vizinha Argentina, toca junto há mais de um ano em bares e principalmente no metrô de sua cidade. Conversando em ‘portunhol’ , Facu diz que faz três meses que estão viajando pelos países da América Latina e Sol completa dizendo que, apesar de se sentirem aconchegados em seu país, amaram as praias brasileiras. Eles ficaram hospedados na praia do Barro Duro, que foi indicada no contato com outros mochileiros.

O repertório em sua maioria é composto por covers, mas eles afirmam que já têm algumas músicas autorais e inclusive uma em francês.

O objetivo da viagem não é apenas visitar cidades, mas conhecer cantores e convidá-los para participar da gravação do seu primeiro álbum. A ideia do CD é reunir vários músicos que eles vão conhecendo nas andanças por diferentes solos e gravar com eles o projeto intitulado Até o caos.

Ao comunicar que iriam cantar a última música e terminar o pequeno show, os comerciantes da volta pedem em uníssono ‘Mais uma! Mais uma!’ e logo a última canção se tornou penúltima.

Segundo os Navegantes Del Sol, a intenção deles é levar a arte e a música que vêm da alma e do coração às pessoas em cada apresentação.

A dupla Navegantes Del Sol viaja há três meses pela América Latina Foto: Nágila Rodrigues

A dupla Navegantes Del Sol viaja há três meses pela América Latina                    Foto: Nágila Rodrigues

Para quem quiser ver e escutar, aqui está um cover da música Je veux da cantora francesa Zaz. Eles têm uma página no Facebook : Navegantes Del Sol.

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Moda Pelotas revela talentos locais desde 2002

Mario Junior com os dois looks apresentados no concurso Talentos de Moda

Mario Junior com os dois looks apresentados no concurso Talentos de Moda

Reportagem de Brunna Vitoria e Manoela Bohlmann Duarte – 

O Moda Pelotas surgiu em 2002 e foi responsável durante dez anos pelos lançamentos, abertura de mercado de trabalho e desenvolvimento da moda na região. Após uma breve pausa, o evento voltou em 2014. Além dos desfiles de marcas já consagradas, o evento permite a divulgação de lojas e de coleções feitas por talentos locais.

            Evento reuniu diversas marcas pelotenses

          Evento reuniu diversas marcas pelotenses

A Gaúcho e Prenda, loja de artigos regionais que está no mercado há 28 anos, participou do evento pela quinta vez. Gerti de Césaro, proprietária da loja, salientou a importância do evento na divulgação: “O Moda Pelotas nos ajudou a ampliar a visibilidade da marca e participar do evento foi vital para comunicarmos uma nova proposta da marca a um público mais amplo e diversificado”.

A empresária também afirma que sua loja participará mais vezes do evento: “Pretendemos estar presentes em todas as edições possíveis por entendermos a importância de comunicar de forma eficiente nossas coleções. É um evento muito bem elaborado”, elogia.

Outra atração do evento foi o Concurso de Talentos da Moda, que ocorreu pelo quinto ano consecutivo, quando foram escolhidos looks de estudantes de moda que concorreram à chance de fazer um desfile de uma mini-coleção no ano que vem. O estudante de Design de Moda, da Universidade Católica de Pelotas, Mário Junior, ficou entre os ganhadores. Com o tema “Do índio ao pampa a evolução de um povo”, ele utilizou materiais não convencionais na moda, como corda de sisal, estopa e algodão cru, ambos tingidos manualmente.

De acordo com Mário Junior, “o evento é uma grande oportunidade, pois chama a população não só para ver tendências e outros meios relacionados à moda, mas também para conhecer e valorizar marcas da própria cidade”. O concurso é fundamental para os estudantes de moda, visto que “o aluno pode ousar e abusar de sua criatividade, todo conhecimento vai ser útil durante sua jornada, o incentivo também sempre é muito válido, pois permite que o aluno tenha certo destaque no que ajuda a respeito de contatos para futuros projetos”, ressaltou.

O evento “Moda Pelotas” se tornou uma referência na cidade e foi incluído no calendário oficial do município, através da lei  Nº 5.598, de 21 de julho 2009.

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Escritor recupera em romance as histórias dos imigrantes

Reportagem de Antoniéla Fonseca e Janaína Pereira – 

Oscar Brisolara lançou o seu segundo livro na I Feira do Livro de Canguçu

Oscar Brisolara lançou o seu novo trabalho na I Feira do Livro de Canguçu

O professor de Letras da Universidade Federal de Rio Grande (FURG) e escritor Oscar Brisolara lançou o seu livro Dos segredos de Eva Braun: Revelações Inusitadas do Sul do Brasil na I Feira do Livro de Canguçu, ocorrida em outubro, em promoção da Secretaria de Cultura juntamente com a Prefeitura Municipal de Canguçu e apoio da Secretaria de Educação e Esportes. A obra literária conta a história dos imigrantes alemães que vieram para o Rio Grande do Sul e trabalhavam na lavoura. Ao autografar seu livro, Brisolara foi receptivo e bem-humorado com quem queria saber mais sobre sua obra.

Arte no Sul – Seu livro desenvolve qual assunto? No que se inspirou para escrevê-lo?

Brisolara – O livro aborda a imigração alemã do sul do Rio Grande do Sul, mas tratando de imigrantes que vieram durante a Segunda Guerra Mundial. Eva Braun era a esposa de Hitler, assim a narrativa passa dos anos 40 até os dias de hoje, unindo elementos reais e fictícios. Minha inspiração para desenvolver o livro foi devido ao fato de ser neto de imigrantes austríacos e italianos, junto aos meus avós ouvia histórias do Rio Grande do Sul, principalmente de meu tetravô que veio da Itália para fazer a Revolução Farroupilha, o nome dele era Pietro Brisolara, assim quis inseri-los indiretamente na grande história.

AS – Que tipo de livro se trata? É um romance ou livro histórico?

Brisolara – O livro é um romance histórico, a narrativa consiste de fatos históricos que ocorreram com a vinda dos imigrantes alemães para o Rio Grande do Sul, trata-se de pessoas que estão vivas e são criados personagens de ficção para não dar os seus nomes, é um jeito de contar a história que não se repete.

AS – Esse livro tem por base parte de sua história familiar?

Brisolara – Esse livro procura abordar os relatos que ouvi de muitos imigrantes com que falei e de suas gerações. Juntei a história de famílias alemãs com elementos para romantizar a mesma, assim descrevendo como era sua vida no campo, e claro, por ser neto de imigrantes, procuro trazer essa realidade ao meu livro, para que sirva de base sobre como vieram da Itália e da Alemanha e como faziam sua vida no Rio Grande do Sul.

O escritor Oscar Brisolara publica o blog que leva o seu nome, em que divulga suas obras e novidades sobre literatura.

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Guantánamo Groove produz música sem amarras

Reportagem de Aléxia Tavares e Caroline Lemos –

A Guantánamo Groove é uma banda que não depende de gravadoras. Formada por três amigos, Gustavo Borges (guitarra/voz), Yuri Medeiros (baixo/voz) e Vagner Uberti (bateria), fala sobre o cotidiano santa-mariense numa mistura de estilos musicais como o funk, rock, ska e também samba. O estilo de som da banda foi surgindo, de forma não planejada, com cada integrante trazendo suas referências e gostos musicais para as composições.

Os músicos Gustavo, Vagner e Yuri criam composições que mesclam várias sonoridades

A banda compõe as músicas em conjunto, mas as letras normalmente ficam por conta do guitarrista Gustavo Borges. Não se pode dizer ao certo quais influências e estilos cada integrante da banda leva para cada composição, nem mesmo qual é a sua linha musical, pois o processo de construção do repertório foi acontecendo naturalmente. Por ser uma banda independente, a Guantánamo Groove tem que ‘sobreviver’ da forma que é possível, assim eles fazem dois tipos de shows: apenas com músicas autorais da banda ou com covers e versões de grandes artistas feitas pelo grupo.

Guantánamo Groove fez um show totalmente com músicas autorais em Pelotas no dia 9 de novembro de 2014, dia de encerramento do Macondo Circus Pelotas, festival de artes integradas, realizado pelo circuito fora do eixo, e organizado pela Casa Fora do Eixo Pelotas.

Em agosto do ano passado, gravou seu primeiro EP, chamado ‘Boca’, o que deu, segundo os músicos, “uma projeção muito grande para o seu trabalho, por ter um material físico e um contexto, algo palpável”. De acordo com os integrantes, há bastante dificuldade financeira, temporal e estrutural pra gravar as composições que estão prontas. Mesmo assim a banda já criou muitas músicas e lida com a dificuldade em gravá-las.

Com apenas três anos, Guantánamo Groove faz bastante sucesso na região, e além do EP gravado, eles disponibilizam diversas músicas na internet e já possuem mais de três mil curtidas em sua página no Facebook. Confira as músicas Psicose, Se Movimente e O Dono no YouTube.

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Instituição centenária promove teatro em Pelotas

Reportagem de Nágila Rodrigues –

Não são raras as vezes que, ao caminhar pela Praça Coronel Pedro Osório, em Pelotas, avistamos um grupo de pessoas encenando ao ar livre. Meninos e meninas, homens e mulheres, passam tardes sob os olhares curiosos de quem os observa, enquanto caminham por ali, rapidamente, ou por aqueles que repousam em um dos bancos daquele espaço público.

Talvez, nem todos os observadores saibam que as encenações são promovidas pelo Teatro Escola de Pelotas (TEP), que completa mais de um século de existência, orientados pela diretora Barthira Franco, que utiliza a Praça Pedro Osório como palco para os ensaios.

Passagem de roteiro na Praca Cel. Pedro Osório

Atores fazem leitura de roteiro para novo espetáculo na Praca Coronel Pedro Osório

Com 101 anos de atividade, o TEP foi declarado pela Prefeitura Municipal como Bem Cultural de Natureza Imaterial, recebendo o título de Patrimônio Cultural Pelotense. O Teatro Escola vem se apresentando em várias cidades do Rio Grande do Sul, fora do Estado e até passou por países como Uruguai e Argentina, o que rendeu prêmios e indicações de júri em vários festivais de teatro do Brasil.

O TEP é o mais antigo grupo de teatro em atividade no Brasil, e possui um vasto acervo com fotografias ao longo do século. Logo na sua inauguração, em 1914, foi chamado de Corpo Cênico da União Pelotense, em 1930 mudou para Corpo Cênico do Apostolado dos Homens da Catedral e só, em 1946, Teatro Escola de Pelotas. Em conversa com Barthira Franco, ela esclarece a confusão feita por muitos ao entender o TEP  somente como um órgão de formação nas artes cênicas: “Não somos uma escola, e sim uma instituição, estruturada como sociedade cultural, e como tal oferecemos oficinas e cursos livres periodicamente.”

Cartaz e roteiro de peças teatrais que fazem parte do acervo do Teatro Escola de Pelotas

Sobre a estrutura mantida ela destaca: “Os cursos oferecem certificação, seguem as mesmas normas e conteúdo de cursos regulares, e os professores e facilitadores são sempre profissionais habilitados e altamente qualificados.”

Segundo a diretora, o fato de terem mantido uma escola regular entre 1992 e 1998 acaba gerando confusão entre a escola e a instituição. Também contribuem para isso o nome do grupo, dado a partir da mudança de rumos da instituição em 1946, juntamente com a grande aceitação e a procura pelos cursos,

Barthira também destacou os empecilhos que impossibilitam, atualmente, o TEP a exercer atividade como escola regular. “Os altos valores de aluguel e a manutenção de uma escola com toda a estrutura necessária nos impediriam de praticar valores de mensalidade inclusivos, eliminando também a possibilidade de distribuição de bolsas de estudo, o que fazemos questão de manter. Dentro deste quadro, as parcerias que fazemos para manter os cursos em funcionamento são de fundamental importância”, explica.

OS CURSOS

Os cursos de Interpretação são modulares, e as turmas são divididas por faixa etária. São de Atuação Infantil (de 6 a 10 anos); de Atuação Juvenil (de 11 a 14 anos) e o Curso de Interpretação para Adultos (a partir de 15 anos). Também são oferecidos cursos esporádicos, como o Teatro para Melhor Idade, Criação de Figurinos, Maquiagem Artística, etc.

Não há turmas mescladas de crianças e adultos, pois o conteúdo e a metodologia são totalmente diferentes. Para receber o certificado, o aluno deverá ter um mínimo de 70% de presença. Todos recebem a mesma certificação, sejam pagantes ou bolsistas.

Para saber mais sobre o TEP ou se informar a respeito de oficinas e cursos, o contato pode ser feito pelo Facebook e o acervo pode ser visto no Flickr.

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Feira do livro celebrou a cultura pelotense

Reportagem de Matheus Muniz e Ingrid D’Ávila – 

As atenções ficaram divididas entre as obras e as apresentações. Quem visitou a 43ª Feira do Livro, ocorrida na Praça Coronel Pedro Osório, do dia 29 de outubro até o domingo passado, teve a oportunidade de prestigiar diversas atrações. O evento, que a cada ano ganha novas programações, tornou-se uma oportunidade de celebração da cultura pelotense.

Shows, esquetes de teatro e dança, palestras, corais, rodas de debate e até mesmo aulas de zumba. Além de abarcar vários públicos, o cronograma também foi pensado para ocupar prédios emblemáticos de Pelotas. Além da Tenda Cultural João Simões Lopes Neto, a Bibliotheca Municipal e várias edificações ao entorno da praça também acolheram atividades.

A integração das artes foi demonstrada logo pela escolha do tema. “O canto das letras” evidenciou a relação íntima entre a literatura e a música. A união de sucesso foi certificada pelo público. Segundo a organizadora Theia Bender, os shows noturnos foram grandes destaques da programação cultural. Para completar, o escritor, compositor e músico Vitor Ramil foi o patrono desse ano.

Evento teve 18 dias de farta agenda cultural e estimulou a participação da juventude

 

As sessões de autógrafo movimentaram os corredores. O número de lançamentos na Feira impressiona. Ao todo, cerca de 70 publicações ganharam o mercado a partir da 43ª edição. Sete assinadas por crianças, incentivadas, segundo Theia, pela cultura escolar de estimular a leitura desde as séries iniciais. “As professores estão trabalhando nas escolas no incentivo à produção literária”, enfatizou.

“Os Blancos de Jaguarão” foi uma das peças de teatro que presenteou o público. A apresentação escolar, protagonizada por alunos da Escola Municipal Dr. Joaquim Assumpção, teve colaboração da Confraria Amigos do Lobo da Costa, que estuda e interpreta as obras do autor pelotense. Camila Molo, que faz parte da confraria, considerou como importante o espaço. Sentimento compartilhado com Alláns Machado, outro membro do grupo. “Fiquei lisonjeado ao participar”, destacou.

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