DunasCine: cinema e reflexão

Reportagem de Maiara Marinho –

Projeto visa a produção cinematográfica como uma forma de compreender a realidade social –

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Aulas familiarizam estudantes com a linguagem cinematográfico como uma maneira de pensar o mundo vivido

            A cultura expressa através do cinema, da literatura, do teatro e outras tantas formas de manifestação é uma ferramenta também de construção de significados e contribuição para o imaginário social. Dessa forma, ela é feita com alguma intenção: desde demarcar um espaço de privilégio até a resistência política. Mas, também, como forma de emancipação. Assim surge o projeto DunasCine. Realizado no Centro de Desenvolvimento do Dunas (CDD), em Pelotas, o projeto tem como objetivo uma prática cinematográfica através de oficinas de fotografia, audiovisual, edição de vídeos e, também, de construção de roteiro com uma temática sobre o próprio bairro. Tudo isso vai gerar um documentário feito por estudantes de 12 a 17 anos, das escolas do bairro Dunas. O autor do projeto, Felipi Pimentel, conta que a ideia surgiu através de uma cadeira que teve no curso de cinema sobre cinema e educação. Felipi é estudante de Filosofia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mas reconhece no audiovisual um espaço importante de inclusão e participação cidadã. Ele relata que aprendeu a usar o cinema como uma ferramenta pedagógica, e a fazer cinema como um aprendizado de vida. “Aí eu tava com a ideia, procurei alguns editais, tinha um da Secretaria da Cultura, me inscrevi e passei”, descreve.

            O primeiro encontro foi realizado no dia 13 de outubro no próprio CDD, local utilizado durante todo o projeto. Um espaço em comum do bairro onde outras iniciativas são realizadas. Alice, estudante do sexto ano da escola Saldanha da Gama exclama que quer “aprender tudo”. “Principalmente do audiovisual, sempre gostei de fotografar”, diz a estudante que tem como sugestão de tema a violência e as drogas. João também sugeriu o debate da violência, mas enfatizou que é “pra falar o que não falam, falar a realidade”. Estudante do nono ano da escola Jornalista Delgar Soares, João tem interesse nas entrevistas em audiovisual e afirma com relação às imagens mostradas no início das atividades: “Quero fazer que nem eu vi no vídeo”.

             A expectativa de Felipi Pimentel é que seja possível aprender junto e se aprofundar dos temas que vão surgir como sugestão para o documentário que será feito pelos próprios estudantes. Assim, como alguns levantaram o tema da violência, é importante fazer uma discussão de por que as pessoas consideram esse bairro o mais violento. Ele é ou não é violento? Por que sim? Por que não? Por que as pessoas pensam que é? “Eu acho que tem que fazer uma reflexão acerca disso e não só expor algum fato, mas pensar sobre ele e formar uma opinião de forma mais consistente, uma forma que consiga analisar as coisas e não só dar uma visão direta”. Com isso, o projeto DunasCine fala, através de sua prática, sobre cidadania. Com previsão para ocorrer até o final deste ano, está dividido entre oficinas práticas de fotografia, audiovisual, edição, construção de roteiro e debates sobre as temáticas apresentadas. Até o momento participam do projeto cerca de 10 estudantes e os encontros acontecem toda segunda-feira.

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Clubes culturais negros

Reportagem de Juliana Rossler Ramires –

Entidades têm valor histórico e sua importância está na valorização de uma identidade cultural –

Sedes dos clubes culturais Fica Ahi Pra Ir Dizendo e Chove não Molha

A finalidade principal dos clubes culturais negros no Brasil era reunir os afro-brasileiros que não tinham possibilidade de frequentar outros lugares que proporcionassem lazer e sociabilidade. Hoje esses locais se tornaram espaço de convivência e de preservação das práticas culturais, assim como um espaço de resistência para os movimentos negros na luta e manutenção dos direitos. Em Pelotas, dois clubes ganharam destaque pela sua trajetória histórica, o Chove não Molha e o Fica Ahí Dizendo.

A cidade de Pelotas é uma cidade histórica, cujo seu primeiro registro como local de moradia faz referência a junho de 1758. Seu ápice econômico aconteceu no século XIX, sua principal fonte de riqueza, na época, eram as charqueadas que exportavam carne salgada para os demais estados brasileiros. Se o produto era a carne salgada, a força motriz da economia pelotense era a mão de obra de escrava.

De acordo com Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE), Pelotas no século XIX, abrigava cerca de 10 % da população negra da Província, devido aos trabalhos nas charqueadas. No pós-abolição, em princípios do século XX, a formação dos clubes sociais e cordões carnavalescos, representavam a busca de novas formas de inserção em sociedade desigual e fortemente discriminatória.

Em 27 de fevereiro de 1921, foi criado o Cordão Carnavalesco Fica Ahi Pra Ir Dizendo, como um dos blocos negros de Pelotas. Diferentemente dos demais grupos, a iniciativa perdurou o carnaval e em 1948, o Cordão virou clube carnavalesco. No ano seguinte foi fundada a Academia de Samba Fica Ahí, que posteriormente assumiu uma identidade autônoma. No ano de 1953, o Fica Ahí finalmente torna-se clube cultural e passa a desenvolver uma série de atividades de cunho social para os seus associados. Desde de 1954, o clube está localizado na Rua Marechal Deodoro n° 368.

O clube Chove não Molha foi fundado no dia 26 de fevereiro de 1919, com a ideia apenas organizar um grupo para festejar o carnaval, posteriormente, foi criado o Grupo Carnavalesco Chove não Molha. Em 1966, houve seu reconhecimento como utilidade pública, passando a denominar-se Clube Cultural Chove Não Molha.

Atualmente nos espaços físicos dos clubes, são desenvolvidas atividades culturais relacionadas à temática negra. O Fica Ahi Pra Ir Dizendo foi tombado no âmbito estadual por representar um espaço de memória e preservação da cultura afro-brasileira no pós-abolição.

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El Arte Es Revolucion!

Reportagem de Estevan de Freitas Garcia e Mariana Argoud –

Criação artística, gastronomia e América Latina: o projeto Mucha Arte do Madre Mia! –

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EL ARTE ES REVOLUCION! Essa frase, escrita na parede do local, expressa a importância da arte dentro do bar, restaurante e galeria de arte Madre Mia!. Por lá, a arte está por todo lugar: no balcão, nos pratos, nos apoios de copo e nas paredes, com obras de artistas latino-americanos. Com a proposta de “RestoArte”, o sócio-proprietário do local, Raul Garré, quer que o restaurante vá além da gastronomia, com projetos criativos e uma galeria de arte. O Madre Mia! vem se tornando um importante espaço artístico e cultural da cidade de Pelotas.

A galeria faz parte do projeto Mucha Arte, iniciativa que conta com a curadoria de Rafael Barros e convida, de seis em seis meses, artistas de toda a América Latina a expor nas paredes e, assim, também fazer parte da identidade visual do restaurante. O Mucha Arte tem como objetivo, também, mostrar a evolução da produção criativa tanto da cidade quanto de todo “mundo latino”, além de fazer a arte mais acessível e, conforme anunciam as paredes do local, “…revelando o sentimento, a energia e alma sobreposta em cada trabalho”.

Rafael Barros conta que, para fazer parte de uma exposição, basta ter uma produção, algumas séries já desenvolvidas. Ainda, conforme o curador, entre os critérios levados em conta para os artistas fazerem parte de uma exposição, o principal é a afinidade dos trabalhos com o espaço. “Normalmente o convite parte de nós mesmos, mas também recebemos indicações, ou o próprio artista é quem entra em contato com a gente”, afirma. Outro ponto que Rafael destaca é a importância de dar oportunidade a artistas novos, convidando-os para expor: “Em todas as edições do projeto, sempre tiveram um ou mais artistas que estavam expondo pela primeira vez. Isso é muito importante para nós, pois nos sentimos parte dessa evolução, sabendo que depois da primeira exposição, muitas outras surgirão naturalmente. Estamos sempre atentos às novas produções!”, ressalta.

Pablo Conde, artista e ilustrador pelotense, expôs duas vezes no local e afirma: “Expor no Madre Mia! transformou o meu trabalho!”. Ele conta que começou a desenvolver uma produção artístico autoral a partir do convite de participar de uma exposição no Madre Mia!, no início do projeto. Para ele, fazer parte da galeria proporciona algo que vai além da visibilidade: “Possibilita a convivência e troca de experiências com artistas de todo o País. Eu já dividi uma parede com o Rafael Sica, por exemplo, que é uma referência nacional como quadrinista”, destaca.

O Madre Mia!

O Madre Mia!, além da galeria de arte, é um restaurante focado na cultura latina, com pratos e bebidas típicas. Durante o ano, realiza eventos de rua com temas diversos, que conta com música, comidas e torneiras de chope. Fica localizado em Pelotas, na rua Santa Cruz, 2200, e fica aberto de segunda a segunda. As exposições são divulgadas na página do Facebook do RestoArte.

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Teatro promove inclusão social

Reportagem de Carina Reis e Rafael Viana –

O Grupo Evangélico de Teatro Sentinelas pertence à Igreja do Evangelho Quadrangular de Arroio Grande –

A peça Os Três Porquinhos é uma das produções voltadas para o público infantil

A peça “Os Três Porquinhos” é uma das produções

Não é de hoje que a arte expressa diversos tipos de sentimentos, fruto de muito estudo e cuidado. Preparar um cenário, contar uma boa história e ter o talento para interpretação são algumas das características que fazem do teatro um grande disseminador de ideias e influenciador. Sua prática também contribui para a inclusão social.

Transformando-se em uma grande ferramenta de transmitir mensagens, o teatro ocupa diferentes espaços, inclusive em ambientes até então inusitados, como por exemplo, a igreja. Na cultura religiosa, sempre houve manifestações artísticas, como música, dança e o teatro, porém, as peças teatrais neste ambiente tinham como objetivo retratar cenas de celebrações, como o Natal e a Paixão de Cristo.

Atualmente o teatro tem crescido e ganhado reconhecimento nesse ambiente, que ultrapassa as barreiras religiosas e emerge como um canal de mensagens, promovendo a criação de novas companhias que praticam e estimulam o estudo desse tipo de arte, servindo assim como instrumento de inclusão social. É o caso do Grupo Evangélico de Teatro Sentinelas, que pertence à Igreja do Evangelho Quadrangular de Arroio Grande e desenvolve um trabalho com os jovens da comunidade.

O grupo surgiu da necessidade de consolidar os talentos que já se apresentavam de maneira informal. Por isso, no ano de 2013, eles assumiram a responsabilidade de estudar mais sobre técnicas de teatro, e desde então toda semana promovem as aulas de expressão corporal, expressão facial, memorização, improvisação, criação de personagens, canto, dança e demais métodos que são utilizados nas apresentações.

Os espetáculos do Grupo Sentinelas não são restritos aos templos. Eles ingressam em eventos promovidos pela Prefeitura de Arroio Grande e programações realizadas por escolas. De acordo com Clayton Reis – diretor do Grupo de Teatro Sentinelas -, o trabalho da equipe é baseado na famosa Companhia de Teatro Jeová Nissi, que se apresenta no mesmo segmento e com grande sucesso, inclusive com a produção de filmes e peças que circulam todo o País. Uma das ações, através de uma parceria entre os dois grupos, foi a vinda da equipe Jeová Nissi à Arroio Grande, no qual o público pode prestigiar a apresentação.

Arte que Transforma

Um dos grandes objetivos do Grupo Sentinelas está em descobrir novos talentos na prática teatral. Um dos fatores relatados por Clayton é que já, no primeiro contato, através das oficinas de preparo, os participantes perdem a inibição através da interatividade com o grupo, além de despertar o interesse pelas técnicas abordadas nos ensaios. O Grupo, formado em sua maioria por jovens, apresenta roteiros adaptados ou de autoria própria, sempre primando por passar uma mensagem de conscientização sobre temas que envolvem a sociedade, e promovendo a transformação do indivíduo com base nos conceitos bíblicos. O diretor do grupo avalia que o teatro é uma das melhores ferramentas para transmitir a mensagem proposta. “Através do teatro, conseguimos entrar em lugares que normalmente a igreja não consegue ter acesso”, afirma Clayton Reis.

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Vídeo: Meu Tio Matou um Cara

Texto de Rafael Mirapalheta –

DVD – Crítica –

Do diretor Jorge Furtado, ‘‘Meu Tio Marcou um Cara’’ é um exemplo de como uma narrativa simples e genuína pode dar muito certo. A trama se foca no adolescente Duca (Darlan Cunha), que precisa lidar com as questões sociais da vida de um garoto de 15 anos como amigos, paixões e família. Tema recorrente nas produções de Furtado, como em “Houve Uma Vez Dois Verões” (2002) e “O Homem que Copiava” (2004). Mas a trama não se resume a isso, já que o arco central que desencadeia toda a história é o suposto assassinato confesso pelo tio Éder (Lázaro Ramos). A grande sacada do longa é a de não se fixar apenas na comédia. A premissa de uma confissão como a mencionada seria normalmente tratada exclusivamente ou pela comédia ou pelo drama. Mas o que o filme faz aqui é explorar a linha tênue entre essas duas possibilidades. Dosa de forma exemplar os acontecimentos cômicos com o drama vivido por Duca em relação à paixão não correspondida pela melhor amiga Isa. Esta, por sua vez, é apaixonada por Kid, amigo de ambos.

Um aspecto notório logo de cara é o da mistura de gêneros. Nos é apresentado pela história a realidade de Duca, menino negro que por várias vezes analisa situações através do ponto de vista étnico. Como por exemplo a sua piada sobre saber que jamais iria ser ofendido em seu colégio composto majoritariamente de pessoas brancas, pois elas ficariam receosas de serem acusadas de racismo. Questões como essas são sempre tratados com leveza e naturalidade, o que causa no espectador uma sensação agradável.

O adolescente Duca (Darlan Cunha) e seu tio Éder (Lázaro Ramos) são os personagens principais

Porém uma grande virtude da obra de Furtado é a maneira como ela lida com os adolescentes. Aliás, de modo geral, o filme é sobre eles. Os jovens são destacados sempre como pessoas de ótima percepção, que são capazes de ver o mundo de forma crítica e inteligente, na medida que se mostram adaptáveis às mais diversas situações. Nada mais do que um retrato da sociedade em que vivemos, onde os jovens possuem cada vez mais afinidade com tecnologias, com a internet, e com as mais diversas tarefas do dia a dia. Como exemplos disso no longa-metragem destacam-se as cenas em que Duca sugere ao advogado da família o que deveria ser feito para que a polícia não suspeitasse de alguma mentira de seu tio. E também todas as iniciativas de Duca e Isa para contratar um detetive particular e as descobertas decorrentes disso. A narrativa feita pelo personagem principal, constante em todo filme, é uma artimanha que nos faz perceber tudo isso. Ela também cumpre o papel de exercer uma proximidade entre o Duca e o espectador, fundamental para nos apegarmos aos acontecimentos.

Por se tratar de um retrato de pessoas de classe média/baixa do Brasil, para o filme ser fiel à realidade, ele precisaria ter necessariamente diálogos genuínos. Aspecto que não se encontra tão facilmente no mundo do cinema e televisão brasileiro. Aí que entra o grande diferencial da obra; ela liga todos os pontos levantados e se encaixa com todo o contexto apresentado. Os diálogos são muito bem escritos e executados. Você consegue assistir e se identificar com o modo de falar dos personagens, com as expressões utilizadas, com as frases simples que são roteirizadas. Retratando exatamente como é feita a comunicação por grande parte da população, ao invés de textos caricatos que jamais condizem com a realidade de diálogo dos brasileiros e que vimos tão frequentemente por aí em novelas, séries e outros filmes brasileiros. Méritos também para as produções da Casa de Cinema de Porto Alegre, que sempre preza pela qualidade de diálogos em suas obras.

O filme vai chegando ao seu clímax com o afunilamento dos dois arcos centrais: a investigação do assassinato e a relação de Duca e Isa. A forma como elas foram interligadas se mostrou uma solução fácil para o roteiro, mas ainda assim bem executada. Após toda a revelação do caso, a interpretação de Lázaro Ramos funciona bem, pois o ator se mostra confortável no papel para maximizar suas caras e bocas. Não só ele, como também Aílton Graça, Dira Paes, Sophia Reis, Renan Gioelli, Deborah Secco e todo o elenco de apoio estabelecem um domínio seguro sobre seus personagens.

“Meu Tio Matou um Cara” é um exemplo de como uma narrativa simples e genuína deu muito certo. O filme é mais um grande acerto de Jorge Furtado e uma vitória em prol de um retrato realista do povo brasileiro, principalmente dos jovens. Uma recomendação mais do que indicada para os adoradores de filmes brasileiros.

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Terror 100% pelotense

Reportagem de Matheus Garcia –

Filme de terror produzido pela J&J Filmes e TC Cidade deve estrear em breve  –

Elenco reúne estudantes de teatro e jovens que estão atuando pela primeira vez no cinema

Uma novidade aterrorizante está para ser lançada em breve na cidade. Um longa-metragem de terror está sendo produzido em Pelotas desde janeiro deste ano. “O Filme” é uma produção totalmente local da produtora J&J Filmes, dos cineastas José Mattos e Julio Furtado. “Já fazia muito tempo que o Julio e eu queríamos fazer algo na área do terror porque é um gênero que nos interessa muito e do qual não temos muitas produções aqui”, disse o produtor e diretor José.

O roteiro foi pensado entre a J&J Filmes e o escritor André Rodrigues, que já havia participado de outras produções dos cineastas. “O André fez uma novela na TV Cidade uns anos atrás conosco. E como precisávamos de alguém para por no papel o esboço da nossa ideia, resolvemos chamar ele por conta do talento e da criatividade que tem”, contou Julio.

A TV Cidade é parceira da J&J Filmes na produção do longa e, segundo a diretora executiva do canal, a jornalista Fernanda Puccinelli, além da produtora cinematográfica ter uma relação estreita com a emissora, o apoio se dá pelo fato da valorização das produções locais. “A TV Cidade, por ser um canal totalmente local, não teria por que não ser parceira deste filme que é cem por cento pelotense e que está sendo produzido com toda qualidade e profissionalismo que o Zé e o Julio têm e eu conheço de cor”, disse Fernanda.

 

Seleção do elenco

Depois do roteiro pronto, foi a hora de escolher o elenco e como não poderia deixar de ser, a preocupação era em achar um elenco composto por atores locais. O anúncio foi feito via redes sociais e várias pessoas, com experiência ou não na arte de atuar, compareceram nos testes de elenco. Foram três noites de seletivas e a partir daí foram escolhidos os nomes que integrariam o filme. “Tínhamos uma preocupação com a escolha do elenco masculino porque os homens em filmes de terror têm uma postura viril, de proteção e essa foi nossa maior dificuldade” contou José. “A gente pensou em algo para o teste que fosse despertar a parte do improviso e que não fosse nada muito forçado para vermos como seria a reação e expressão de cada um”, falou Julio.

Os testes ocorreram nos estúdios da TV Cidade, onde um quarto sombrio foi montado. Os candidatos vinham arrastados pelo corredor e eram acorrentados em uma cama toda ensanguentada. Depois, um mascarado atacava cada um com uma furadeira, sem a broca, é claro! “Nessa parte era que queríamos ver as expressões e a capacidade de cada um de reagir em uma situação de pânico porque as pessoas chegavam sem saber do que ia acontecer, era tudo no improviso”, contou José. Foram escolhidos quatro homens e oito mulheres e, destes, apenas dois já haviam tido experiências com atuação.

Com o elenco já formado, foi a hora de buscar mais parcerias para o filme e, como diretora de fotografia, foi escolhida a fotógrafa Luísa Planella. Para as locações onde aconteceriam as cenas externas, a parceria foi firmada com o C.T. Caudilho Paintball, um campo de paintball (jogo americano que utiliza marcadores de ar comprimidos com balas de tinta) localizado na antiga fábrica de papel, do Coronel Vinholes. E as sequências internas do filme foram gravadas nos estúdios da TV Cidade.

O roteiro conta a história de uma turma de cinema que está terminando o curso e precisa fazer um curta-metragem de terror como trabalho de conclusão. Os alunos têm três dias para entregar a tarefa e resolvem gravar todo o material em apenas uma noite no campo de treinamento de um dos colegas. Chegando lá, coisas sobrenaturais começam a ocorrer e o público terá certa dificuldade para saber o que realmente acontece ou que é encenado no filme produzido pelos universitários. “Por isso escolhemos esse título porque temos um filme sendo produzido dentro de outro filme. O que é mais legal desse longa-metragem é que os personagens foram criados em cima de características dos próprios atores e isso dá uma liberdade para eles serem mais naturais diante da câmera. E o fato de não ter um roteiro fixo para eles decorarem, as cenas são esboços e surgem no improviso, facilita ainda mais”, disse Julio. “A galerinha vem nos surpreendendo positivamente, está sendo muito legal trabalhar com eles porque dão o melhor de si e rendem bastante no vídeo, mesmo que muitos deles nunca tenham atuado nem estado diante de uma câmera”, afirmou José.

Rodagem

As gravações começaram no início de março e todas acontecem aos finais de semana e à noite, pelo fato de que muitos estudam ou trabalham e não têm muita disponibilidade para gravar durante a semana. A primeira parte do filme, filmada nos estúdios da TV Cidade, aconteceu apenas em uma noite. “Foram cenas simples que serviram como uma espécie de introdução da história e de cada personagem”, disse Julio. Para o papel do professor da turma de cinema foi escalado o ator Chico Meirelles, já bastante conhecido do público pelotense pelas aparições em peças e produções cinematográficas da cidade, além de coordenar alguns projetos artísticos em escolas do município.

Infelizmente, como em toda produção cinematográfica, vários imprevistos pegaram de surpresa os diretores. Alguns atores, por motivos pessoais, tiveram que declinar do projeto e foram substituídos no decorrer das filmagens e as condições climáticas influenciaram negativamente nas gravações. Como o inverno foi muito rigoroso este ano, uma longa pausa foi dada nas filmagens, porém, já se tem aproximadamente 55 minutos de filme pronto. “Precisamos agora de mais uns cinco dias de gravação e terminamos as filmagens do longa. Queremos fechar ele em 90 minutos mais ou menos”, disse José.

Uma última integrante do elenco foi definida no início de outubro. A estudante do sexto semestre de Teatro da Universidade Federal de Pelotas, Laís Souza, foi convidada para fazer uma participação na primeira cena do filme, que se passará no início da década de 1970. “Para mim vai ser um prazer participar desse longa pela experiência que nunca tive na telona e também porque amo filmes de terror e sempre quis participar de algo do gênero”, contou Laís que, nessa cena, vai atuar ao lado de Chico Meirelles, em uma sequência de tirar o fôlego, segundo os diretores. “Queremos ousar muito nessa cena, mostrar o que queremos com esse filme já no primeiro take”, contou José.

O clima das filmagens é bastante descontraído, segundo uma das atrizes de “O Filme”, Lizi Fonseca. “Embora a gente grave só à noite e no fim de semana, passamos horas no set e vamos madrugada adentro filmando, é uma experiência bastante divertida e vai enriquecer o meu currículo como atriz. Todo mundo é muito alto astral e se dá bem, o que influencia no clima leve de gravação. Não tem essas guerrinhas de ego porque todo mundo tem seu espaço e todos os personagens são muito importantes para a construção da história. E também não tem essa de ter medo porque estamos mexendo com o sobrenatural, falando de espíritos e nos banhamos de sangue… Gravando, a gente mais ri do que se assusta (risos)”, contou Lizi que, assim como Laís, também é aluna de Teatro da UFPel.

A previsão de lançamento é para breve. “Está sendo tudo feito com muito cuidado e queremos que seja um sucesso. Vai ser porque estamos todos colocando muito amor e dedicação em cima desse filme, é algo novo e o público já está amando desde já e está super ansioso pela estreia”, ressalta José. “Queremos fazer algo bem legal para o dia do lançamento, chamar bastante gente, até tentar parceria com os cinemas da cidade para passar nas sessões. Vamos bombar”, almeja Julio. Algumas cenas de “O Filme” podem ser vistas no YouTube.

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Mapas de espaços vivenciados

Reportagem de André Pereira –

Artista cria materializando a sua memória afetiva da cidade –

Mostra “Pequeno Mapeamento de Espaços Experienciados” no Centro de Artes

O que é um mapa? De acordo com o dicionário: é a representação gráfica, em escala reduzida, da superfície total ou parcial da Terra, de uma região. O Brasil, por exemplo, é maior do que se vê no mapa mundi, assim como a África. Motivados por razões políticas ou não, assim que eles são feitos. Como diria uma velha professora de geografia: “Quanto mais próximo dos polos, mais distorcido”.

E quando alguém começa a retratar locais somente da própria memória e sem a responsabilidade de ser fiel na representação?! Kelly Wendt, professora do curso de Artes Visuais da UFPel, teve essa ideia e assim nasceu a exposição “Pequeno Mapeamento de Espaços Experienciados” que traz a percepção da autora sobre lugares em que ela esteve e tem uma certa afinidade emocional. A exposição ocorreu em outubro na galeria “A Sala”, do Centro de Artes Visuais da UFPel.

“Esse é um mapeamento meu, da Kelly, mas cada um de nós tem seus espaços cativos. Se você parar para pensar, você vai conseguir perceber mil coisas nos lugares por onde passa e que não vão ter necessariamente as mesmas características do meu mapa.”

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Desenhos fazem interpretações sobre a cidade de Pelotas

Resultado de uma tese de doutorado em poéticas visuais, na UFRGS, a artista teve como inspiração os seus próprios laços emocionais com Pelotas. A exibição é composta por diversas formas de representação, como: desenho, impressão digital, monóculos, fotografia e vídeo.

Sob um ponto de vista aéreo, os desenhos são o que chamam mais atenção na mostra. Eles trazerem lugares reais, alguns conhecidos, como a Praça da Alfândega, no bairro Porto, e o Praia Sete, no Laranjal. Já outros, que à primeira vista parecem desconhecidos, acabam por se revelar com um olhar mais atento. “É uma forma mais lúdica, mais prazerosa de ver os espaços nos quais a gente convive. Todos eles são espaços de Pelotas, são espaços que têm uma relação próxima com a natureza.”

Um assunto cada vez mais debatido é a necessidade de se ocupar os espaços públicos. Alguns locais retratados, inclusive, eram praças de convívio para a população, mas ao decorrer do tempo foram esquecidas ou foram cercadas, assim acabaram por se tornar algo distante da realidade das comunidades que ficam ao seu redor. ” São espaços que deveriam ter mais acesso da população, mas muitas vezes por causa de algum tipo de preconceito, por causa da região onde estão, não são utilizados”.

Graças a uma rotina cada vez mais cheias de compromissos, acabamos por passar pelas ruas da cidade somente para chegar ao destino, sem apreciar a vista. Nessa perspectiva, o nosso próprio mapeamento se torna vital para compreender o lugar onde estamos inseridos. Pelotas é conhecida no Brasil inteiro por seu centro cultural, mas quantas vezes essa riqueza é trocada por uma tela de celular? Tantas nuances deixadas de lado para satisfazer a compulsão tecnológica. Somos privilegiados por vivermos em uma cidade onde o sol não é tapado por arranha céus e, o pior, não percebemos isso.

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Mundo Moinho estimula arte

Reportagem de Sara Carulina Silva da Rosa  e Nicole Mendizabal Collares – 

Casa de Artes promove produção e circulação das artes em Rio Grande – 

A produtora artística fica na rua General Câmara 435 e é coordenada pelos irmãos Andréia e Bruno Pires

 

A casa de artes Mundo Moinho surgiu da mente de dois jovens irmãos rio-grandinos: Andréia Pires e Bruno Pires. O impulso inicial aconteceu em 2010, quando foi formado o Coletivo Fita Amarela, que juntava cerca de 10 colaboradores, entre escritores e músicos da cidade. Com o objetivo de difundir e incentivar a cultura artística, eles reuniam-se mensalmente e de forma gratuita para fomentar a produção artística na região.

Com o sucesso do Coletivo, veio o desejo de expandi-lo e profissionalizá-lo. Bruno, que é produtor fonográfico e Andréia, que é jornalista, professora e escritora, agarraram-se ao desejo de colaborar com a cena cultural na cidade, e então surgiu a Produtora Artística Mundo Moinho, que hoje fica na rua General Câmara 435, bairro Centro de Rio Grande. Tudo começou juntando música e literatura em 2012. O primeiro projeto debaixo do “guarda-chuva Mundo Moinho”, o “Invitro – Laboratório de Escrita Criativa”, reuniu escritores para o compartilhamento de suas vivências artísticas, a discussão de processos criativos e a elaboração de novas obras. Mas a música não ficou esquecida em meio à literatura e teve seu espaço dentro deste guarda-chuva, inicialmente em um pequeno lugar com um palco e algumas cadeiras, onde os artistas podiam apresentar seus trabalhos. Ao longo dos anos ganhou proporções maiores devido ao sucesso da produtora.

Ainda debaixo do “guarda-chuva Mundo Moinho”, há mais dois projetos fixos: a “Caule: estamparia experimental”, que é dedicada a trabalhos com estamparia artesanal; e a Concha, que é a editora da Mundo Moinho, tendo foco na literatura contemporânea. Além da continuação dos projetos Invitro, Caule e Concha, ocorrem as atividades do estúdio de gravação e produção musical.

Com a pareceria do Cine Dunas e da Co.place, a Mundo Moinho também organiza feiras de rua, nas quais acontecem exposição de materiais de artistas locais, como pinturas e fotografias, assim contribuindo para que haja uma maior circulação da arte.

Atualmente localizada na Co.place Coworking, em Rio Grande, a Mundo Moinho também promove e produz cursos como de encadernação, escrita criativa e criação de personagens literários. Trabalhando com a comunidade e estimulando a elaboração, a circulação e o alcance de todos à arte na cidade de Rio Grande, a Mundo Moinho contribui cada vez mais para a fomentação do cenário cultural da cidade.

Para entrar em contato com a Produtora Artística acesse o site.

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Show Miudinho com Ana Paula

 

Reportagem de Michel Farias dos Santos –

Musicista catarinense participou da Semana Acadêmica de música na UFPel – 

Cantora fez turnê no Rio Grande do Sul e Argentina

A valorização da Universidade acontece através da integração de personalidades do meio cultural com a área acadêmica. É natural. O compartilhamento de valores pessoais e sociais contribui para o aprendizado. No evento promovido pelos cursos de música da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em outubro, para a abertura da 1ª Semana Acadêmica Integrada dos cursos de Música, o nome de Ana Paula da Silva, catarinense, natural de Joinville e com mais de 20 anos de carreira, surgiu como nome ideal.

Ana Paula da Silva, em duas décadas de trabalho, já tem seis álbuns lançados, parceria com grandes nomes da música nacional e internacional. Mesmo assim, considera-se “eterna aprendiz” ao participar deste evento acadêmico.

O show “Miudinho”, de Ana Paula, aconteceu no Auditório 2 do Centro de Artes da UFPel. Com voz e violão, contou um pouco das duas décadas de trabalho. Em entrevista no Programa Federal Revista, da Rádio Federal FM, a cantora relatou a sua felicidade em estar na Universidade em contato com alunos e professores:

“Estou muito feliz em trazer meu trabalho para jovens e demais pessoas que estiverem presentes na apresentação. Senti a maior felicidade quando me convidaram pra vir a Pelotas, um expoente cultural. E, ainda mais feliz, por também realizar a apresentação em um espaço acadêmico. Espero que seja uma troca mútua de experiências e que todo mundo saia ganhando.”

Sobre ser convidada para um evento universitário, a cantora reconheceu e valoriza a oportunidade. “A importância de estar em locais como Universidade e em contato com outras culturas é o que me faz feliz. Me faz evoluir”, disse.

Em Pelotas, a cantora apresentou o show “Miudinho”. Um apanhado de músicas criadas ao longo de sua carreira, em voz e violão. “Miudinho especial para os gaúchos”, afirmou Ana. Além de Pelotas, Rio Grande e Herval também receberam shows da cantora. “Estou levando meu trabalho e um pouco da cultura catarinense para as cidades do Sul do Estado, pretendo aprender ao máximo”, disse a musicista catarinense.

CD traz 14 músicas, sendo 11 composições autorais

Novo álbum

Ana Paula da Silva lançou o disco Raiz Forte, em 2016. O lançamento ocorreu cinco anos após o do último disco Pé de Crioula. O disco entrou na lista dos 27 álbuns de maior representatividade lançados em 2016. O álbum é composto de 14 composições, 11 de autoria de Ana. Sua repercussão positiva valorizou o trabalho da cantora.

“Ser lembrada pela obra que a gente trabalha tanto para criar é sempre gratificante. Mas, como sempre busquei me aperfeiçoar, desejo ser lembrada mais vezes e que as pessoas vejam o quanto é de coração a minha produção. Tenho vivido um momento excepcional na minha carreira. Não posso deixar de agradecer quem também construiu e criou o Raiz Forte comigo.”

Depois da passagem pelo Estado, Ana Paula da Silva voltou a realizar a turnê do seu novo CD, na Argentina, no mês de novembro. “Vontade enorme de poder levar esse trabalho feito com tanta dedicação para outras línguas. Sorte que a música é linguagem universal”, completa. Conheça toda a carreira da cantora no seu site.

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Tem gaúcho no Grammy sim!

Reportagem de Larissa Moraes e Lucas Pereira –

O cantor e compositor Ian Ramil venceu Grammy Latino na categoria melhor álbum

Premiado com o trabalho Derivacivilização, Ian Ramil considera que o rock é uma forma de protesto

Os cantores gaúchos Ian Ramil e Thiago Ramil foram indicados ao Grammy Latino desse ano. Ian foi designado ao prêmio de Melhor Álbum de Rock em Lingua Portuguesa, juntamente com as bandas Versalle, Scalene, Bogarins e Jay Vaquer. Já Thiago representou o estado na categoria Melhor Álbum Pop de Música Contemporânea em Língua Portuguesa juntamente com Tiago Iorc, Marisa, Céu e Larissa Luz. Ian Ramil venceu o Grammy Latino na categoria de melhor álbum de rock em português com o disco Derivacivilização, lançado em 2015 pelo selo Escápula Records. Ian e Thiago são familiares dos cantores pelotenses Kleiton, Kledir e Vitor Ramil.

Além deles, outros grandes nomes da música nacional se reuniram no dia 17 de novembro em Las Vegas, nos Estados Unidos. Djavan, Elsa Soares, Martinho da Vila e Arlindo Cruz foram indicados a um dos maiores prêmios mundiais. Elza Soares levou o melhor álbum de música brasileira e Martinho da Vila ficou com o prêmio de melhor álbum de samba.

A música “Vidas pra contar”, de Djavan, foi escolhida a melhor em língua portuguesa. Paula Fernandes venceu como melhor álbum de sertanejo e a cantora Céu ganhou na categoria música contemporânea, com o álbum Tropix. Almir Sater, Renato Teixeira e Hamilton de Holanda também saíram com prêmios.

A reportagem conversou com Ian Ramil, antes das premiações serem divulgadas, e ele já começou dizendo que se sente lisonjeado: “Muito legal concorrer ao lado de pessoas já renomadas na música. Uma honra muito grande”. Ian já fez a abertura de shows de muitos artistas, inclusive o último em Pelotas foi o de uma das cantoras premiadas no Grammy, Elsa Soares.

Questionado sobre a semelhança do som dele com o de seu primo, Ian concorda e discorda ao mesmo tempo: “Acho que são muito parecidos e muito diferentes. Parecidos no sentido de que nos expressamos artisticamente de maneira muito livre, seguindo nosso impulsos criativos, respeitando nossas personalidades; e diferente porque somos pessoas completamente diferentes.”

O cantor de 31 anos tem dois discos gravados pela Escápula Records, o Derivacivilização vem pós o disco IAN, que segundo ele é um protótipo para o ‘Deriva’: “Deriva é um álbum muito mais consciente, composto em um período de um ano e gravado num momento onde eu já tinha mais domínio do que eu estava fazendo e logo de onde eu queria chegar sonoramente”.

Muitas músicas do álbum são em forma de protesto, como as canções Artigo 5° e Coquetel Molotov. Ian considera que o rock é sim uma forma de manifesto e isso pode ter influenciado os votantes da premiação: “Não saberia dizer. Acho que a crueza dele, a essência rock que ele tem, talvez tenha chamado a atenção dos votantes do Grammy Latino. Hoje em dia é tudo muito limpo e bonitinho. O rock não é assim, Deriva é rock”, finaliza o cantor.

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