Crítica de Cinema: “Estrelas Além do Tempo”

Filme conta uma história real de mulheres com as atrizes Janelle Monáe, Taraji  Henson e Octavia Spencer 

Mariana Lealdino

     No início do ano, os amantes do cinema sempre esperam a noite do Oscar, a premiação cinematográfica mais respeitada do planeta. Quando eu vi que “Estrelas Além do Tempo” estava nas indicações da premiação, logo pensei que o destaque não era nada além de justo.

Aliás, se você procura por um filme para entretenimento, não recomendo o longa. O filme é uma obra que não deve ser abordada com leviandade. A trama é baseada em fatos reais e mostra a ignorância de uma sociedade segregacionista. Mas também mostra o outro lado, o que acontece quando deixamos os preconceitos de lado e trabalhamos juntos.

Com a dose certa de humor, “Estrelas Além do Tempo” certamente é um filme que ainda vai dar muito o que falar.

O longa-metragem, que se passa em meados da década de sessenta, conta a história de Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe). Três amigas negras, funcionárias da NASA, eram conhecidas como os “computadores”, por que eram elas que faziam os cálculos para a empresa, antes de realmente se começar a utilizar as máquinas.

Além de precisarem provar sua competência diariamente como mulheres na organização, que em sua maioria é constituída por homens, as cientistas ainda lidam com a intensa segregação racial vivida nos Estados Unidos em tempos de Guerra Fria. O país vivia na disputa da corrida espacial com a União Soviética.

Com um roteiro envolvente, o espectador se apaixona pelas personagens que protagonizam o longa-metragem. As três amigas revelam personalidades muito distintas, mas são sempre leais aos seus princípios e objetivos, e principalmente uma às outras.

Destaca-se a atuação de Octavia Spencer, conhecida por muitos de seus papéis como enfermeira (entre séries e filmes, foram dezesseis personagens de enfermeiras diferentes), e outras interpretações mais triviais em comédias românticas. Com toda certeza, interpretar Dorothy Vaughn foi o ponto alto de sua carreira.

Apesar do longa contar a história dessas três mulheres, a trajetória de Katherine Johnson ganha destaque e predomina no filme. Filha de pai carpinteiro, mãe, ex-professora, é mostrado como ela sempre teve naturalidade com os números desde a infância. Futuramente, a física, cientista espacial e matemática estadunidense, mãe solteira de três meninas, ganha seu merecido destaque na NASA.

“Estrelas Além do Tempo”, lançado nos cinemas neste ano e já disponível em DVD, mostra o conhecimento com uma arma preponderante para uma guerra silenciosa. “Estrelas Além do Tempo” é uma história de resistência.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIO

Mulheres ocupam cena cultural no 1ª Slam Poesia de Pelotas

“O hip-hop é um movimento de todos. Durante muito tempo na história do gênero, não se falava nas mulheres. Se falava muito dos rappers, dos produtores, mas não se tem uma história das minas no rap. Onde estavam as minas, enquanto os caras tavam rimando?” – Bartira Val Marques, “Bart”

Laura Marques

     Rap, poesia e representação feminina. Todos esses elementos fizeram parte do 1º Slam Poesia de Pelotas, no dia 2 de julho. O evento pioneiro incentiva a produção cultural feita por mulheres na cidade e teve como palco a rua Padre Anchieta, em frente à Casa Cultural Las Vulvas. A principal atração foi a paulistana Mel Duarte, primeira mulher a vencer o Poetry Slam, campeonato de poesia falada internacional que contou com edição no Brasil em 2016. Discotecagem com a Dj Dola, artista pelotense. Na programação também houve performance no estilo pocket show com Bart, roda de conversa sobre poesia marginal e microfone aberto para declamações.

Os slams, ou slam poesia, são encontros de artistas da poesia performática. Na maioria das vezes, as performances brincam com o rap e são avaliadas por um júri popular. Entra na análise tanto a questão literária como o desempenho do artista durante a declamação. No Rio Poetry Slam, em que Mel Duarte foi vencedora, representantes de outros 16 países estavam presentes.

Muitos dos esforços para trazer a poetisa de São Paulo (SP) para Pelotas (RS) foram feitos pela estudante de jornalismo na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e MC Bartira Val Marques, 25, também chamada de Bart. A estudante é fundadora do Stay Black – Hip Hop Culture, grupo de produção cultural e também coletivo de mídia independente, que tem como objetivo incentivar artistas negros como forma de resistência dentro da cultura. Bart atua na produtora há um ano, promovendo festas, shows e eventos de rua.

Em abril deste ano, Bartira conheceu Mel Duarte em um evento sediado em São Paulo. Lá, convidou a poeta para ser atração do Slam em Pelotas. “Eu já tinha visto uns vídeos e lá pude trocar uma ideia sobre vir pra cá”, conta. Ela afirma que o objetivo dessa primeira edição é, acima de tudo, incentivar a participação feminina na poesia e no rap. “Queremos alcançar pessoas que curtem poesia. Como Pelotas não tem tradição em batalhas de rap, é muito difícil as meninas chegarem pra batalhar, seja por vergonha ou timidez”, disse. O ideal é dar um passo de cada vez. Começar pela recitação de poemas é o primeiro deles.

Apesar de conviver com a repressão machista diariamente, Bartira conclui que a representatividade feminina tem crescido na cidade. “A gente tá vendo mais mulheres na cena, seja na produção cultural ou no meio artístico. Tatuadoras, cantoras, MC’s, dançarinas, enfim, tem muita mulher trabalhando em diversos projetos”, comemora.

É fato: Pelotas vê, nos últimos anos, a disseminação de projetos e atividades que procuram dar atenção especial às mulheres. A Casa Cultural Las Vulvas é um exemplo. Fundada e gerida por um casal de mulheres, ela abriga eventos como exposições de artistas mulheres, especiais de tatuagens com tatuadoras mulheres e, no último mês, realizou um evento específico para o público feminino: o 4º Encontro das Bruxas. A Casa é apoiadora do Slam Poesia.

Conheça Mel Duarte

A paulistana é poeta, “slammer” e produtora cultural formada em comunicação social. Trabalha com literatura independente desde 2006. Faz parte do coletivo “Poetas Ambulantes”, que oferecem aos passageiros de transportes coletivos a poesia falada, escrita e gratuita. Além disso, Mel é uma das organizadoras da batalha de poesias voltada para o gênero feminino, o “Slam das Minas – SP”. No ano passado, Mel foi nomeada o destaque no sarau de abertura da Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP) e foi a primeira mulher a vencer o Rio Poetry Slam, campeonato internacional de poesia. É autora de dois livros publicados de forma independente:  “Fragmentos Dispersos” (2013) e “Negra Nua Crua” (2016).

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Solon Silva e Banda: Talento local na Fenadoce

 

 

Show de Solon Silva marcou noite do dia 8 de junho na praça de alimentação da Fenadoce (Foto: Julia Mello)

Julia Mello dos Santos

     Todo ano, a Fenadoce (Feira Nacional do Doce) abre suas portas ao público para mostrar um pouco do que Pelotas tem de bom em gastronomia e cultura local. Os já famosos doces pelotenses atraem visitantes de todo o Estado. Na edição de 2017, os restaurantes, bares e pubs da cidade mostraram o melhor da culinária local na praça de alimentação. Esses espaços gastronômicos também são palco de apresentações de bandas e artistas locais. Sejam eles em início de carreira, como o gaúcho, participante do The Voice Kids, Luís Arthur Seidel, que passou pela feira no dia 8 de junho, ou artistas com uma vasta experiência, como Solon Silva e Banda, que trouxe um repertório de muito samba e chorinho na mesma quinta-feira.

Solon Silva, artista com uma carreira que já dura mais de 50 anos, conta que, junto de sua banda. que há muitos anos o acompanha, costuma se apresentar anualmente na Fenadoce, desde que a Feira passou a ser no atual Centro de Eventos.

Além do palco tradicional da praça de alimentação, uma novidade este ano foi um palco especial da Fenadoce Cultural, posicionado no meio da praça, aproximando os artistas e público. O show de Solon e Banda teve grande receptividade e muita interação dos presentes naquele novo espaço. Muitos fizeram questão de cumprimentar os artistas após o encerramento das músicas.

Solon conta que, além de se apresentar pelos palcos da cidade, costuma viajar e já se apresentou até mesmo na Europa, com um repertório baseado no samba, mas que também passa por outros estilos, incluindo canções internacionais. O cantor e instrumentalista também já gravou dois CDs próprios, sendo um deles “Música Popular Pelotense”, canções apenas de artistas da cidade, e um tributo a Noel Rosa, além de participações em discos de outros artistas.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Crítica de série: Dear White People

 

 

 

A atriz Logan Browning é Sam White, em Dear White People (Imagem: Adam Rose/Netflix/Divulgação)

 Calvin Cousin

            Tendo conhecimento dos casos de racismo na academia e no jornalismo que permeiam o cotidiano, é necessário encontrar veículos de comunicação contra-hegemônica que abordem causas sociais e lutem pela inserção de minorias em espaços que, muitas vezes, lhes são negados. Sob essa ótica, a série Dear White People (“Cara Gente Branca”, criada por Justin Simien e baseada em um filme do mesmo nome) apresenta os conflitos raciais existentes em uma renomada – e fictícia – universidade estadunidense, com diversos narradores.

            O “Dear White People” do título refere-se ao programa de rádio universitária apresentado por Sam White (Logan Browning), no qual a estudante expõe os casos de racismo que vivencia junto de seus colegas. Tratando desde as questões estéticas relacionadas aos seus cabelos até os fatos envolvendo a AP House, dormitório de todos os negros da instituição, Sam é uma voz da justiça social que exige ser ouvida. A primeira temporada do programa inicia com uma denúncia anônima: um dos jornais da universidade, coordenado por homens brancos, estava sediando uma festa de blackface como resposta ao programa de rádio, o que gera uma revolta generalizada entre os estudantes negros. A partir desse ponto, a série utiliza flashbacks de forma frequente e engenhosa para relatar os eventos que levaram até a festa e sua repercussão, alternando o foco, a cada episódio, entre personagens.

            Sam é uma personagem complexa e encarnada por Browning de maneira satisfatória, mostrando diversas facetas conflitantes de sua personalidade: a protagonista, ao longo de toda a temporada, precisa equilibrar ativismo com sua vida pessoal e afetiva, ainda que a escolha entre um e outro pareça inevitável. Dona de um carisma impecável, a figura nunca deixa de transparecer sensibilidade, especialmente quando precisa protestar contra a forma como é tratada.

            Ao lado de Sam, em um triângulo amoroso, estão seu namorado Gabe (John Patrick Amedori) e Reggie (Marque Richardson). O primeiro, um jovem branco. O segundo, um jovem negro. Gabe é a epítome do bom moço, apaixonado por Sam e simpático à causa da namorada. Sendo o único personagem branco a protagonizar um episódio, tem-se a expectativa de que o estudante irá proclamar algo extremamente problemático e perder a simpatia do público, mas isso nunca acontece. Ele realmente é uma pessoa bacana, e Amedori passa essa ideia.

            Reggie é um caso curioso. Um ativista radical que condena Sam por se relacionar com um branco, o personagem só ganha verdadeira personalidade nos meados da temporada, quando participa de uma briga na casa de um amigo e acaba sendo ameaçado por um policial, que aponta uma arma para o seu rosto. Em uma das diversas cenas nas quais a violência policial contra negros é evidenciada (refletindo o movimento #BlackLivesMatter), a expressão de puro pavor no rosto de Reggie – e a cena em que chora sozinho em seu quarto – rompem com a atitude durona que apresentava até então. Contudo, caso o espectador seja adepto do binge-watching e assista vários episódios na corrida, é provável que a simpatia desapareça logo em seguida, pois Reggie não tarda a manipular Sam e provocar Gabe sem um real motivo.

            Lionel (DeRon Horton) é o nerd jornalista que está se descobrindo gay, e um exemplo de como o alívio cômico pode ser, também, o personagem mais inteligente da trama, ao desbancar as falsas alegações a respeito dos patrocínios recebidos pela universidade para a manutenção da AP House. Suas cenas flertando, além de hilárias, fazem jus às primeiras experiências que qualquer homossexual teve ao ir a uma festa. Troy (Brandon P. Bell) é colega de quarto de Lionel e o primeiro presidente negro do grêmio estudantil da universidade. Sua virilidade ambulante pode ter sido influenciada pelo pai (Obba Babatundé), o reitor com expectativas muito elevadas em relação ao filho. Coco (Antoinette Robertson) encerra o enredo principal. É a “primeira dama” do grêmio estudantil e alpinista social, nascida em família pobre e adotada por um milionário, Coco abriu mão de sua estética e aderiu ao comportamento das amigas brancas para que fosse bem aceita pela classe alta do campus, ainda que abaixo de muito sofrimento.

            Alterando o foco de episódio para episódio, Dear White People consegue abordar diversas questões do racismo em sua primeira temporada, que inicia com a festa de blackface e termina com protestos de estudantes brancos sobre racismo reverso. Desde a boneca “feia” (negra) encontrada na infância até a hipersexualização de mulheres negras, os personagens carregam cargas emocionais que são extravasadas através do ativismo, da arte e da comunicação, pois nem mesmo renomadas universidades estão livres de opressões. Junta-se tais características às inspiradas escolhas narrativas e o resultado é uma série que merece um hype maior do que está recebendo.

  • Dear White People está disponível no Netflix.
  • A primeira temporada possui 10 episódios de 22-28 minutos.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

“Oxigênio”: filme rodado em Rio Grande inova

Diversos rio-grandinos participaram na parte técnica e elenco                     Fotos: Bruno Zanini Kairalla e Divulgação

Fernanda Cadaval

     “Oxigênio”, o filme longa metragem que mistura três gêneros cinematográficos diferentes, apresenta como proposta ser multi plataforma e servir de incentivo para a sétima arte na região, como afirma o produtor do longa Beto Rodrigues. A rodagem do filme está tendo a participação de rio-grandinos na parte técnica e atuação, além de partes da cidade servirem como cenário. Confira a história dessa série feita originalmente para a televisão que virou filme.

DAS TELINHAS PARA A TELONA

O ano era 2014 e a RBS TV exibia o programa Curtas Gaúchos. Uma das séries apresentadas foi “Oxigênio”, exibida em seis episódios e com grande índice de audiência. No entanto, desde sua concepção, a direção do curta tinha planos mais ousados para a produção, que foi pensada para ocupar os diversos meios disponíveis, como a TV, o cinema e as plataformas digitais.  O produtor e sócio-diretor da Panda Filmes Beto Rodrigues lembra: “Naquela época já queríamos transformar a série em filme. Porém, devido ao tempo curto que a televisão proporciona, algumas cenas foram cortadas. Por isso, precisamos realizar algumas regravações para transpor em longa-metragem”.

CONTEMPORÂNEO E MULTIPLATAFORMA

Beto Rodrigues: filme é para várias plataformas 

A série/filme apresenta questões que estão presentes no dia a dia, como a preocupação com a preservação do meio ambiente, tema central da história. O formato da produção foi todo elaborado para ser exibido em diferentes plataformas. Além disso, para contar o enredo, propõe uma mistura de gêneros – ficção científica, ação e suspense -, sendo o primeiro produto com esse perfil feito no Rio Grande do Sul.

De acordo com Beto, a questão ecológica tem permeado as discussões sobre o futuro do País e do planeta e o filme e a série “Oxigênio” se inserem nesse contexto, oferecendo ao espectador uma fábula capaz de divertir e conscientizar. “A abordagem do roteiro evita qualquer espécie de didatismo. De outra parte, os elementos de ficção científica integrados à história contribuem para a diversificação temática da história. Esse recurso busca capturar a imaginação do público mais jovem, adepto de uma fabulação que lida com o imaginário fantástico e as novas tecnologias”, conta o produtor.

 SINOPSE

“Oxigênio” é um longa-metragem derivado da série homônima de seis episódios que fala em modo de ficção sobre um assunto contemporâneo e urgente: a destruição do meio ambiente. A história narra os eventos que ocorrem quando uma passagem entre dimensões paralelas se abre e dois mundos entram em contato. O primeiro é um planeta deserto e arruinado pela poluição. O outro mundo é a Terra, condenada pela ação humana a trilhar o mesmo caminho. Está nas mãos de uma criança o poder de alterar esse destino.

História fala de dois mundos paralelos e evoca problemas ambientais

RIO GRANDE EM CENA

Dirigido pelo cineasta Pedro Zimmerman, o filme teve quatro diárias de filmagem na cidade do Rio Grande, entre os dias 27 e 30 de maio. Segundo Rodrigues, “Rio Grande possui a atmosfera adequada para a proposta do filme, especialmente, pelo aspecto histórico, destacado pelos seus casarios e ser uma cidade portuária. Além disso, tivemos sorte com o clima, precisávamos de dias meio cinzentos e foram assim os dias quando estivemos trabalhando”, afirma Beto.

Rio Grande não serviu somente de cenário, mas também rio-grandinos fizeram parte da produção e do elenco do longa-metragem. Na parte técnica os rio-grandinos presentes foram: Pablo Bech – primeiro assistente de câmera; Bruno Franz – segundo assistente de câmera; Lucas Costa e Gianluca Cozza- estagiários de produção; Fafá Rocha (Oficina do Sabor)  – Catering e Regina Bastos – assistentes de produção executiva. Já na composição da figuração especial e dublês os papareias presentes foram: Miguel Fernandes da Silva, com seis anos de idade que refez algumas cenas do protagonista do filme e os atores Elonir Gonçalves, Robson Rodrigues, Wanderlly Armesto e Sheron Guidotti. O elenco, conta ainda com nomes conhecidos do cinema e da TV brasileira, como Ingra Liberato, Bruno Torres e Marcos Breda.

Sobre essas participações, Beto Rodrigues afirma que a integração “estimula as pessoas que trabalham com o audiovisual. E, quando o filme estiver pronto, a ideia é fazer uma projeção dele aqui em Rio Grande”. Apesar de estar indo para a fase da pós-produção, pretende-se estrear ainda em 2017. O filme “Oxigênio” é o primeiro projeto gaúcho aprovado no Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), o maior agente de fomento da América Latina, que é gerido pelo BRDE e administrado pela Agência Nacional de Cinema (ANCINE). É patrocinado pela Lei do Audiovisual e possui como parceiros a Refinaria de Petróleo Riograndense, a Yara Brasil, o Banrisul, a Corsan, a Sul Gás, a Rede Zaffari e a Medlive.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Imaginação ganha forma na cartonagem

 

Papelão, cola e tecido: materiais básicos 

Diogo Funari Di Lucia

     Caixas, maletas, carteiras, bolsas… A arte de transformar itens básicos como papelão, cola e tecido em utensílios muito úteis e bonitos para a decoração de interiores e dia a dia. Essa é a cartonagem, uma técnica muito versátil onde as possibilidades de criação são do tamanho da imaginação do artista.

O trabalho é artesanal e exige muita precisão e prática para conquistar o resultado e acabamento perfeito. A professora e atualmente corretora de imóveis Lisarb Castro se interessou pela técnica e começou a pôr em prática em meados do ano passado: “Descobri a cartonagem observando uma bolsa clutch que comprei. Achei que não era difícil produzir uma outra e assim ter mais opções. Me apaixonei pela cartonagem e a cada peça produzida minha realização pessoal aumenta ainda mais.”

Lisarb ainda conta sobre como a produção vem fazendo dela uma pessoa melhor: “Os benefícios são muitos. Descobri que posso ser uma pessoa mais paciente e menos ansiosa. Sinto-me sempre motivada!”.

Quem entra no ramo da cartonagem se depara com um mercado amplo e rentável. É possível produzir sem sair de casa, para presentear, trabalhar por encomenda ou até se tornar fornecedor para lojas. O custo de produção geralmente é baixo e o lucro pode ser muito grande. O segredo para o sucesso é a criatividade. Criar peças únicas é essencial para se destacar diante da concorrência.

A cartonagem pode dar espaço para uma ampla variedade de ideias

Lisarb já pensa em iniciar um curso para interessados na cartonagem. “A vontade de criar o curso talvez esteja ligada a profissão: professora e a vontade de multiplicar conhecimento. Aprender e ensinar”.

Além do curso, a corretora criou uma página no Facebook para expor o material já criado e futuramente promover a curso. Lisarb se sente confiante em relação os futuro: “Assim que conseguir fechar uma turma já vou dar inicio ao curso”. Conheça mais do seu trabalho na página LisArt Mimo no Facebook. 

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Fenadoce: uma Feira cultural

Associação da Cohab Tablada contribui com sua dança para a Fenadoce

Carolina Ávila

     A Fenadoce 2017 já acabou, mas em 2018 tem mais. A feira abre anualmente e dura um pouco mais de duas semanas. Etnias e visões de mundo se integram, pois, além dos visitantes locais, há público de diversas cidades, estados e até países. A arte da dança é uma daquelas que contribui para fazer deste evento um momento dos mais significativos da vida cultural da região.

Para doceiras, doceiros e confeitarias, é uma ótima oportunidade de divulgar e vender os doces pelotenses. Para expositores, é uma maneira de divulgação e renda extra no ano. Para os visitantes, é um momento de conhecer a gastronomia e cultura local, além de ser prazeroso e divertido. Há também oportunidade para a divulgação de trabalhos de diversos artistas e, uma das maneiras ofertadas, são as apresentações que acontecem no palco da Praça de Alimentação.

Conforme os dados do site da Fenadoce, em 2016 foram 271 mil visitantes que pisaram na feira. Quem está trabalhando e divulgando seu produto, ganha bastante visibilidade.

A Fenadoce também é o momento de valorização de diversas manifestações artísticas, como a dança. Mariana Espilman é professora de dança no Colégio Simon e também coordena seu próprio grupo (vinculado a Associação Comunitária do bairro Cohab Tablada), que leva o seu nome. Ela trabalha com técnicas de ballet clássico e jazz. Ressalta que o colégio onde trabalha possui uma vertente voltada ao desempenho físico e treinamento, mas é mais amadora, por isso a visibilidade de suas realizações não é tão grande. Destaca que o reconhecimento do grupo de dança vem de eventos culturais, como a Feira do Livro, criações próprias e, a própria Fenadoce.

Recentemente foi criada uma associação na cidade de Pelotas – ADAP – formada por bailarinos, professores e coreógrafos, os quais lutam pela legitimação da área. Mariana fala que, depois desta criação, há um maior reconhecimento local na área de dança, mas ainda há muito caminho pela frente. Por isso, é importante que a cidade proporcione eventos que atraiam um grande público. Segundo a professora, “a Feira do Doce é um excelente espaço para apresentar trabalhos culturais, aliás, um dos poucos espaços que temos na cidade. Dançar na Fenadoce traz muita visibilidade para os grupos, além de funcionar como uma espécie de intercâmbio cultural para professores e bailarinos”.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Novo espaço estimula a leitura

A sala na Rodoviária possui uma estante única com obras de autores pelotenses           Foto: Quindim Cultural

     Ricardo Borges Leite

     No dia 3 de Maio, a Estação Rodoviária de Pelotas (Eterpel) inaugurou o projeto “Embarque na Leitura”, que tem como objetivo aumentar a circulação na Rodoviária, e estimular a leitura entre a população.

     Com idealização da Eterpel e apoio do Sesi e da Fiergs, a sala de leitura, localizada no segundo andar do prédio da Rodoviária, conta com mais de dois mil livros para empréstimo aos usuários que se cadastrarem.

     A ideia da sala de leitura foi concebida no ano passado pelo hoje diretor financeiro da Eterpel Wagner Rodrigues, quando ainda era diretor-presidente. Segundo Rayane Lacerda, da área de comunicação da Eterpel e que participou do planejamento do projeto, buscou-se parceiros para expandir a proposta. “Afinal, quando trabalhamos em conjunto, as chances de ser um projeto melhor são grandes”, observa.

     A Eterpel fechou acordo com o Banco de Livros de Porto Alegre, que enviou livros regularmente, chegando à marca de 2000 exemplares. Somando-se às doações da comunidade, a sala de leitura tem, hoje, 2300 obras, que podem ser retiradas após cadastro no local. A ideia é de criar um vínculo entre a população e a Rodoviária, para que o local não seja apenas de passagem, mas uma área de convívio social e cultural.

     Com pouco mais de um mês e meio de funcionamento, o retorno por parte da sociedade parece ser bastante positivo, indicam os idealizadores. O projeto já conta com mais de 100 pessoas cadastradas, que retiraram livros para a viagem ou para levar para suas casas durante uma semana.

Objetivo é incentivar a leitura

     Segundo Rayane, o projeto tem por objetivo principal “incentivar o hábito da leitura e proporcionar contato direto com os livros, pois a empresa entende que muitas pessoas não têm acesso a eles”.

     Além disso, os idealizadores apontam que esse projeto pode estimular uma “rede de incentivo à leitura através das rodoviárias do Estado”. Pelotas é pioneira, porém, representantes de outras rodoviárias já deram sinais de que se interessam pela ideia, indica Rayane.

Como funciona o “Embarque na Leitura”

     Qualquer pessoa pode se cadastrar e retirar um livro por até sete dias, sendo possível renovar por mais sete. Os usuários que forem ler durante a viagem e não voltarem a Pelotas tem a opção de deixar no banco do ônibus, sendo que a empresa devolverá à biblioteca.

     A sala do Embarque na Leitura possui títulos dos gêneros literatura estrangeira, literatura brasileira, espiritualista, religião, infanto-juvenil, infantil e história, além de livros didáticos. Ainda, a sala de leitura possui uma estante única com obras de autores pelotenses, e está aberta aos autores locais que buscam promover suas obras. O espaço também pode ser utilizado para eventos culturais, nesse caso, os interessados devem entrar em contato com o setor de comunicação da rodoviária.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Instituto João Simões Lopes Neto deve reinaugurar neste mês

Fachada do Museu localizado na Rua Dom Pedro II, 810

   Luis Fernando de Vargas Junior

     Localizado na Rua Dom Pedro II, número 810, o Instituto João Simões Lopes Neto é um local que reflete significados culturais na história de Pelotas. O museu que está em reforma desde janeiro de 2017, tem pretensão de reinauguração neste mês. A casa, entre tantos papéis, possui um objetivo único de salvaguardar o simbolismo do importante escritor pelotense.

     João Simões nasceu no dia 9 de março de 1865 e veio a falecer em 14 de junho 1916, com apenas 51 anos. De acordo com os estudos literários, o pelotense pode ser considerado um dos maiores autores regionalistas do Rio Grande do Sul, pois procurou em grande escala expressar o seu amor pela terra gaúcha. Os livros ‘’Contos Gauchescos’’ (1912) e ‘’Casos de Romualdo’’ (1914), foram algumas das suas obras, sendo o primeiro livro responsável por grande parte de seu sucesso.

     A jornalista e secretária da Instituição, Jéssica Gebhardt, apontou a procura de agendamento para visitas, as solicitações em grande parte são feitas por professores. A entrevistada ainda relatou que a reforma está acontecendo em ambientes específicos como, por exemplo, no auditório e ressaltou: “Está ficando tudo muito lindo e não vemos a hora de poder reabrir”.

     Nossa equipe também conversou com o presidente da Organização, Antonio Carlos Mazza Leite que relatou o empenho do Instituto em preservar, valorizar e divulgar a memória e a obra de João Simões Lopes Neto, bem como a história e a cultura pelotense. Antonio Carlos apontou que a instituição tem promovido diversas atividades, essas procuram dar maior relevância à obra do escritor como, por exemplo, palestras, debates, concursos de monografias, apresentações teatrais e diversos outros movimentos.

      O responsável ressaltou um importante passo para a preservação e divulgação da obra do homenageado da casa: “Finalmente, a estátua de Simões Lopes Neto, inaugurada na Praça. Cel. Pedro Osório, em dezembro do ano passado, transformou-se em atração permanente para os pelotenses e para os turistas, que não se cansam de tirar fotos ao lado do escritor e se interessam por conhecê-lo melhor”.

     Para os interessados em redescobrir a história de um dos mais importantes escritores regionalistas do Brasil ou para solicitar uma visita após a reabertura, é possível contatar a organização por meio do telefone (53) 30271865, pelo e-mail assessoriainstitutojsln@gmail.com ou pela Fan Page do Museu no Facebook. É válido lembrar que o Instituto João Simões Lopes Neto possui entrada franca e seu horário de funcionamento é das 14h às 18h de segunda à sexta.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

 

 

Cinema em Pelotas: os bastidores das salas de exibição da cidade

 

Matheus Pereira

Os cinemas competem com o fácil acesso aos filmes no conforto do lar

             Quem conheceu Pelotas há algumas décadas sabe que cada bairro tinha uma ou mais salas de cinema. Vários eram os espaços onde a população podia desfrutar dos mais diversos exemplares do audiovisual. Com o tempo, as salas foram entrando em extinção e grandes cinemas foram fechando as portas, deixando prédios abandonados ou nas mãos e outros negócios. Onde antes havia o Cine Capitólio, um dos maiores cinemas da cidade, hoje existe um estacionamento de veículos.

            As explicações para o fechamento de cinemas são inúmeras e vão desde o surgimento das tecnologias e pirataria até a simples perda de interesse o público. Em Pelotas, hoje, dois cinemas dividem a atenção do público. Um é o CineArt, o mais antigo da dupla, que tenta conquistar mais público através de uma mudança radical.

            Localizado no centro da cidade, no terceiro andar de um pequeno centro comercial, o CineArt tenta vencer a concorrência e as adversidades do negócio ao tentar cada vez mais melhorar os serviços prestados ao público. Depois de ano exibindo filmes em película, a gerência finalmente trocou todo o sistema de exibição para modernos projetores digitais. A tecnologia 3D também chegou na intenção de inovar e trazer as pessoas que acabaram migrando para a forte concorrência que surgiu há alguns anos.

            No Shopping Pelotas, pouco mais distante do Calçadão central, uma enorme rede de cinemas inaugurava mais uma de suas filiais. O Cineflix Shopping Pelotas acabou conquistando com uma variedade maior de filmes, além de maior rapidez nas estreias. Além disso, investiu em cinco grandes salas de exibição com conforto, projeção digital e em 3D. A concorrência parecia desleal, mas com o tempo as situações foram equilibrando.

Espaço para todos

            Conversando com os gerentes de ambos os cinemas, a resposta é uma só: ainda há público e espaço para o cinema. Para os proprietários do CineArt, é cada vez mais difícil convencer as pessoas a saírem de casa para assistir um filme. Com plataformas de streaming, downloads, TV a cabo e muitas outras opções, sair do conforto do lar pode ser a última escolha de uma família. É por isso que é preciso inovar em conforto, novos filmes, variedades nas guloseimas à venda e, claro, nas promoções.

            O mesmo acontece no cinema do Shopping Pelotas. Para a gerência do lugar sempre haverá público. A dificuldade é saber como agradá-lo. A questão dos filmes dublados e legendados é uma das mais polêmicas. A equipe, por exemplo, joga filmes legendados para o turno da noite, o que gera reclamações por parte daqueles que só têm a tarde livre. Já as cópias dubladas são mais procuradas, mas afastam completamente aqueles que procuram uma experiência mais pura, com som original e texto mais fiel.

            No meio da briga, as salas de exibição tentam agradar todos os públicos, mesmo que isso seja impossível. Os lançamentos, por exemplo, não são decididos pela equipe local. Quem define o que entra e sai de cartaz é uma equipe específica para isso que envia os filmes selecionados para cada cidade. O processo não é inteiramente conhecido, mas a seleção certamente leva em conta o histórico da cidade e o mercado. Em outras palavras, se o público pelotense não procura por filmes de terror quando estes estão em exibição, a empresa não exibirá esse gênero no futuro.

            Cinema, no final, é um negócio. As opções são diversas: tem salas pequenas, grandes, filmes dublados, legendados, 3D, promoção, pipoca e muito mais. Quem curte uma opção diferenciada ainda há o Cine UFPel, que realiza exibições especiais com programação predefinida.

            Agora, no início do inverno, muitos talvez prefiram ficar em casa, no conforto e calor de seus lares. É bom saber, entretanto, que os cinemas estarão lá, em seus devidos lugares, sempre que quisermos retornar. Como um lar, uma segunda casa.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS