Balé Jovem de Salvador apresenta duas obras na Bienal
Encerrando a parte de Dança da Bienal Internacional de Arte e Cidadania da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o Balé Jovem de Salvador apresentou as obras Na Bahia e Tak. As cores e movimentos de influência baiana tomaram conta do Auditório 2 do Centro de Artes quando os onze bailarinos entraram em cena.
Na Bahia tinha como ênfase a mobilidade do corpo soteropolitano. Isso foi feito, explicou o diretor geral Matias Santiago, a partir de outras áreas do conhecimento e códigos coreográficos que, combinados, são uma surpresa a cada apresentação. A intenção era evidenciar os traços da Bahia, com seu gingado e palavreado característico, seu clima e a cidade de Salvador.
Já a obra Tak foi baseada no trabalho de Walter Smetak, músico suíço que se instalou na Bahia na década de 1960 para a criação da primeira escola de música e teatro. O Balé Jovem de Salvador transformou em dança aquilo que Smetak experienciava em suas pesquisas, com microtons e silêncios. O corpo dos bailarinos reproduzia os sons e instrumentos do músico.
Ambas as obras são dirigidas coreograficamente por Santiago e Ana Carla Sampaio, diretora assistente. A primeira data de 2009 e a segunda, de 2014.
Com um total de 35 bailarinos, o Balé Jovem de Salvador é uma companhia de formação profissional
independente. Segundo Santiago, uma pedagogia própria é construída a partir da necessidade de cada bailarino. O grupo trabalha, além da dança em si, com
integrantes desempenhando os papéis de produtores, cenógrafos, figurinistas e outros, que lidam com a dimensão do espetáculo para o palco e além dele.
Experiência e troca
Além da apresentação da noite de sábado (21), o Balé Jovem de Salvador participou da Mostra de Teatro e Dança de Origem Africana, que foi realizada em Pelotas na sexta-feira, uma oficina e um bate-papo com alunos do curso de Dança da UFPel.
Essa é a primeira vez que o grupo se apresenta fora da Bahia. Para a bailarina Inah Irenam, 26 anos, a experiência tem sido “encantadora”. Segundo ela, estar em contato com os acadêmicos possibilitou a eles o entendimento das diversas vivências de expressão corporal, licenciatura, técnica, produção e posicionamento político. “Pudemos trocar ideias e ver que embora estejamos geograficamente distantes, temos questionamentos e desejos muito próximos”, avaliou. Entre eles, caminhos na escolha da carreira, pesquisa em dança, referências brasileiras que precisam ser potencializadas, relação entre os cursos de Dança no país e políticas públicas para a área e para o segmento das artes como um todo. “Depois dessa vivência, vamos chegar outras pessoas em Salvador”, disse.