CHAMADA PARA DOSSIÊ: “INTERSECCIONALIDADES: EXPERIÊNCIAS, OLHARES, REFLEXÕES E ENGAJAMENTO”
A NORUS – Novos Rumos Sociológicos, revista do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), convida pesquisadores e pesquisadoras da Sociologia e áreas afins para enviarem artigos inéditos ao dossiê: “INTERSECCIONALIDADES: EXPERIÊNCIAS, OLHARES, REFLEXÕES E ENGAJAMENTO”, organizado por Marilis Lemos de Almeida (PPGS/ UFPel); Marcus Vinicius Spolle, (PPGS/ UFPel), Marcella Beraldo de Oliveira (UFJF) e Luciana Garcia de Mello (PPGS/UFRGS).
O conceito de interseccionalidade trouxe grandes possibilidades analíticas, tanto na academia quanto nos movimentos sociais, renovando as formas de abordar sistemas de opressão e desigualdade.
É amplamente reconhecido que sistemas de dominação se assentam sobre (e reforçam) classificações sociais como gênero, raça, classe, sexualidade, geração, localização e nacionalidade, entre outras, ressignificando estas próprias categorias em cada contexto. Um importante passo é dado, pela abordagem interseccional, ao estabelecer a inseparabilidade das identidades e a indissociabilidade dos efeitos destas classificações na produção de hierarquias de poder e sistemas de subordinação, trazendo o foco para a experiência de vida dos sujeitos em cada contexto. O debate interseccional contribuiu, ainda, para a emergência de construções teóricas e empíricas que reconfiguram o “lugar” da reflexão analítica, trazendo outros olhares para temas já consolidados no campo das ciências sociais.
A perspectiva interseccional operou, inegavelmente, um giro epistemológico, analítico, metodológico e político que transformou análises sociais e práticas políticas.
A despeito da rápida difusão do conceito, se considerarmos seu surgimento no início do século XXI, e sua ampla mobilização no campo político e acadêmico, permanece ainda uma grande heterogeneidade acerca do seu entendimento que anima as reflexões em torno dos sentidos desta categoria que é, ao mesmo tempo, político-teórico-metodológica. Ademais, embora o termo tenha sido cunhado por teóricas feministas norte-americanas e se consagrado, este é um debate transnacional e multisituado, que precede o surgimento do próprio conceito e que vem sendo construído coetaneamente em vários países, incluindo o Brasil. Neste sentido, destacam-se as perspectivas que articulam a questão das classificações identitárias com a luta anti-capitalista, as abordagens afro-latino americanas, trazidas pelo feminismo negro e não-ocidental, a luta antirracista e feminista, que por vezes dialogam com outras perspectivas, como a crítica ao ocidentalismo e decolonialidade.