“Tecnologias digitais, afetos e as Ciências Sociais: tensões conceituais e desafios teóricos metodológicos do presente” com a Profa. Dra. Larissa Pelúcio
“As máquinas são sociais antes de serem técnicas”, nos ensinou Deleuze. Antes dele aprendemos com Marx que cada tecnologia indica e sustenta relações sociais específicas, fomentando também suas contradições internas. No presente, quando novas tecnologias comunicacionais nos interpelam, cientistas sociais se veem provocados e provocadas a testar novas ferramentas conceituais e novos vocabulários para pensar sobre essa que tem sido chamada por alguns de “Era Digital”. Passamos a testar, ao mesmo tempo que desconfiamos, o potencial analítico e teórico acumulado pela área desde sua gênese. As paisagens digitais contemporâneas têm azeitado nossa imaginação sócio-antropológica, esta é uma certeza entre as tantas incertezas que nos tem instigado.
Nesta fala faço uma incursão tateante neste território acidentado que temos chamado ensaisticamente de Sociologia digital e Antropologia Digital. O esforço é de apresentar um panorama um tanto impressionista da constituição desses campos disciplinares e os desafios que temos nos imposto. Em um segundo momento, passo a apresentar resultados preliminares de trabalho etnográfico que venho realizando com aplicativos móveis para relacionamentos sexuais/amorosos, preocupada com a constituição de masculinidades contemporâneas. Pesquisa que tem provocado reflexões sobre os fluxos entre on e off-line, o pessoal e o político, questões de gênero e sexualidade, num cenário no qual espaço, tempo, coisas e pessoas adquirem agência singular, exigindo, justamente, acionar um novo léxico conceitual, operacionalizar outros termos que, ao fim, acabam me levando a duvidar da potencia heurística de conceitos consolidados em nosso campo investigativo.
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