Curso de Psicologia Núcleo de Saúde Mental, Cognição e Comportamento Coordenação: Prof. Tiago Neuenfeld Munhoz
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Saúde mental em Pelotas – Resultados das Coortes de Nascimentos de Pelotas, 1982 e 2004

Dois artigos publicados recentemente identificaram a magnitude e os fatores associados a ocorrência de problemas de saúde mental na cidade de Pelotas.

Um estudo avaliou indivíduos pertencentes a Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004. Os resultados indicaram que aos 11 anos, a ocorrência de transtornos mentais foi maior entre os meninos do que entre as meninas. Aproximadamente um a cada oito indivíduos apresentaram algum transtorno mental, sendo que 1 a cada cinco destes adolescentes apresentaram dois ou mais transtornos mentais concomitantes (comorbidades). Os problemas mais comuns foram os transtornos de ansiedade (4,3%), déficit de atenção e hiperatividade (4,0%) e transtornos de conduta/desafiador opositivo (2,8%). A baixa escolaridade materna, tabagismo materno durante a gestação e depressão materna durante a infância foram aumentaram o risco para a ocorrência de transtornos mentais aos 11 anos. Estes resultados ressaltam a importância da adequada atenção aos determinantes sociais e de saúde mental materna relacionados aos transtornos mentais nos adolescentes.

Outro estudo avaliou informações de indivíduos pertencentes a Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1982. Aos 30 anos, as mulheres apresentaram maiores prevalência de transtornos mentais, enquanto o abuso de substância foi maior entre os homens. Os indivíduos com menor nível socioeconômico (NSE) apresentaram 2 a 5 vezes maior chance da ocorrência de algum transtorno mental ou abuso de substâncias em comparação com indivíduos com maior NSE. Indivíduos que sempre pertenceram ao menor NSE ou tornaram-se parte deste grupo quando adultos apresentaram maior ocorrência de transtornos mentais. Evidências deste estudo sustentam a importância de questões sociais na determinação de piores condições de saúde mental na população.

Ambos os estudos fornecem evidências dos grupos populacionais mais vulneráveis bem como da importância dos determinantes sociais como fator de risco para problemas de saúde mental, auxiliando o planejamento e organização do sistema e serviços de saúde.

Publicado em 17/05/2018, na categoria Notícias.