O Bacharel em Engenharia Hídrica ou Engenheiro Hídrico deverá ser capaz de atuar no uso, monitoramento, diagnóstico e gestão do recurso água, incluindo seus aspectos técnicos, sociais e ambientais.
Projeta, implanta, opera, e fiscaliza circuitos e sistemas hidráulicos urbanos (residenciais, comerciais e industriais), rurais, de energia, transporte e lazer; projeta, implanta, opera e fiscaliza sistemas hídricos naturais como as bacias hidrográficas, os aquíferos, e os sistemas costeiros ou artificiais como reservatórios, portos e vias de navegação; projeta, planeja, opera e gerencia atividades de suporte à gestão e ao planejamento integrado de recursos hídricos, tais como, planos de gerenciamento de bacias hidrográficas, valoração econômica da água e estratégias e organização dos usos e manejo da água pelos setores produtivos e sociedade. Coordena e supervisiona equipes de trabalho, realiza pesquisa científica e tecnológica e estudos de viabilidade técnico-econômica; executa e fiscaliza obras e serviços técnicos; efetua vistorias, perícias e avaliações, emitindo pareceres e laudos.
De acordo com o Art. 2º da RESOLUÇÃO No 492, de 30 de junho de 2006, compete ao Engenheiro Hídrico o desempenho das atividades 1 à 18 do Art. 1º da RESOLUÇÃO No 218, de 29 de junho de 1973, referentes ao uso e gestão de recursos hídricos, sistemas hidrológicos, sistemas de informações hidrológicas e circuitos hídricos, incluindo seus aspectos técnicos, sociais e ambientais.
Nesse sentido, além das componentes que definem o perfil e competências específicas do Engenheiro Hídrico, cabe salientar que o projeto pedagógico possui outras componentes curriculares que, do ponto de vista técnico, didático e pedagógico, podem permitir ao Engenheiro Hídrico ter outras competências, sujeito à avaliação do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (CREA-RS), que é o órgão responsável em estabelecer as competências do profissional.
As áreas (núcleos temáticos) e áreas específicas que fornecem estas competências, habilidades e perfil estão abaixo discriminadas.
Sistemas Hídricos
A visão em Sistemas Hídricos deve ser técnica, deixando para a Gestão de Sistemas Hídricos um enfoque mais holístico, envolvendo as ciências humanas. Classificam-se os sistemas de recursos hídricos como naturais (SHN) e artificiais (SHA). Basicamente, têm-se como SHN as bacias hidrográficas, os aquíferos, a costa e as plataformas marítimas. As bacias hidrográficas são os SHN de maior interesse para o curso, sendo seguido pelos aquíferos, em uma visão de largo prazo. Para os SHA têm-se os açudes, os reservatórios, os sistemas de tubulações, adução e outras estruturas artificiais com o intuito de condução e armazenamento de água.
A atuação do Engenheiro Hídrico na bacia hidrográfica, sob o ponto de vista técnico, deve se concentrar nas questões de quantidade e qualidade da água, inventário, diagnóstico, caracterização das ofertas e da demanda (usuários, localização, padrão de uso e etc.), intervenções necessárias (como obras, reflorestamentos, normalização de uso de solo e água) e interação com outros sistemas hídricos naturais ou artificiais que promovam o adequado manejo da bacia hidrográfica.
Dentro desta área estão incluídas as áreas específicas: estruturas hidráulicas, hidrossedimentologia, hidrologia, hidrogeologia, prospecção e exploração de águas subterrâneas, sistema de abastecimento e tratamento de água, sistema de coleta e tratamento de efluentes, irrigação, manejo de águas pluviais e drenagem urbana, hidrovias, hidráulica fluvial e marítima com seus sistemas associados, operação de reservatórios.
Hidromecânica
A definição dos esforços hidrodinâmicos e o cálculo das estruturas isostáticas ou hiperestáticas para suportá-los, bem como os efeitos transitórios e oscilatórios, típicos dos sistemas hidráulicos, compõem este grupo de conhecimento.
A hidromecânica é essencial ao dimensionamento dos outros SHA. Entretanto, o dimensionamento, especificação, instalação, operação e manutenção desses sistemas, de forma singular, é um nicho de mercado bastante significativo, seja do lado do propositor, empresas de consultoria, projetista, assim como do lado do fabricante ou do comprador.
Dentro desta área estão incluídas as áreas específicas: estudos, planos, projetos, instalação, operação, manutenção e fiscalização de circuitos de sistemas hidráulicos urbanos, rurais, de energia, de transporte, de saneamento e de lazer.
Sistemas de Informações Hídricas
Diferente dos dois núcleos temáticos precedentes, predominantemente ligados à Engenharia, os Sistemas de Informações Hídricas têm uma forte interação com a Geociências e outras áreas. Não basta medir, processar e transmitir o dado. É necessário disponibilizá-lo de forma ordenada e coordenada com outras informações, para que se possa ter uma visão abrangente daquele dado. Logo, é necessário referenciá-lo temporal e espacialmente. Portanto, os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) são as ferramentas ideais para tal intento, possibilitando
manusear e armazenar grandes bancos de dados espaciais e, também, fazer consultas levando em consideração o espaço.
De outra parte, a evolução da eletrônica e da telecomunicação exige do Engenheiro Hídrico uma formação capaz de absorver os desenvolvimentos dessas áreas, enquanto Engenheiro de aplicação. É o caso da telemetria, de medidores Doppler para grandes vazões, dentre outros.
Os sistemas de informações hídricos têm relevância no planejamento, dimensionamento, operação, manutenção e fiscalização dos sistemas hídricos naturais ou artificiais.
Dentro desta área estão incluídas as áreas específicas: hidrometria, topobatimetria, sistemas de informações geográficas, geoprocessamento, sensoriamento remoto, coleta de dados geográficos, instrumentação, hidrometeorologia, monitoramento ambiental: meteorológico, oceanográfico, hidrológico e de qualidade da água.
Gestão de Sistemas Hídricos
A Gestão de Sistemas Hídricos envolve a política, o planejamento e a regulação desses sistemas, não importando se naturais ou artificiais, visando atender os interesses da sociedade, resguardando princípios lapidares, como os contidos na Constituição Federal.
A política hídrica tem uma forte conotação regional, sendo necessária a devida compreensão das características sociais, ambientais e econômicas locais. É neste ponto que a técnica se envolve com as Ciências Humanas, para formatar um Engenheiro capaz de produzir propostas políticas com verdadeira aceitação pela população, o que atenua as instabilidades naturais, face às mudanças de governos.
Necessita-se, pois, de bom conhecimento de Administração, Geopolítica, Economia e Sociologia. Com base nas definições políticas, e incorporando as alternativas técnicas, permite-se realizar os planejamentos dos sistemas hídricos, que podem ser um plano de bacia (realizado pelo comitê) ou o plano de expansão de uma empresa de saneamento.
A regulação, de forma genérica, teve seu papel redesenhado e fortalecido nos anos 90, principalmente face à separação dos papéis de Estado e Governo e a participação do capital privado em infraestrutura. O papel regulador é típico de Estados, tendo em si também a função de fiscalização, e deve ser mais estável e indiferente às variações políticas de curto prazo. A regulação dos sistemas hídricos, sob este novo enfoque, é absolutamente inédita. Muito se tem a fazer na parte técnica e econômica com a fixação de parâmetros de qualidade e preços, além da busca da universalização dos serviços. Desta forma é importante que se faça, no país e ao redor do mundo, a gestão e planejamento dos sistemas hídricos de forma integrada e eficiente por bacia hidrográfica.
Dentro desta grande área estão incluídas as áreas específicas: planejamento e regulação de recursos hídricos, balanço hídrico, valoração das águas e dos recursos naturais, operação de reservatórios, gerenciamento de bacias hidrográficas, gestão integrada de recursos hídricos e zona costeira, monitoramento de qualidade de água e do meio ambiente, controle de contaminação de rios, lagos, reservatórios e dos oceanos.