Zona Sul respira agroecologia (e saúde) com a 12ª Semana do Alimento Orgânico

Por Anahí Silveira e Letícia Pinto

Desde o dia 29 de maio diversas atividades foram realizadas – em meio a uma programação diversificada -, promovendo o debate e a promoção do consumo dos alimentos orgânicos. Essa é a 12ª Semana do Alimento Orgânico, que aconteceu até o domingo, 5 de junho.

Cartaz oficial da 12ª Semana do Alimento Orgânico. (Foto: Divulgação)

Cartaz oficial da 12ª Semana do Alimento Orgânico. (Foto: Divulgação)

A Semana do Alimento Orgânico é uma campanha permanente coordenada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e pelas Comissões da Produção Orgânica (CPOrg) em parceria com diversas organizações governamentais e não governamentais. Na Zona Sul, a coordenação do projeto é do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa) e tem o apoio da Cooperativa Sul Ecológica, Emater/RS e Embrapa, além de parcerias com outras intituições e estabelecimentos comerciais, onde foram realizadas as atividades.

A campanha, realizada nacionalmente desde 2005, tem como objetivo promover o produto orgânico e a conscientização dos consumidores sobre os princípios agroecológicos que regem a produção – trabalhando para a harmonia entre homem e natureza, saúde de todos e justiça social.

A distribuição de materiais informativos é um dos focos da Semana, fazendo com que o tema circule cada vez mais. (Foto: Divulgação)

A distribuição de materiais informativos é um dos focos da Semana, fazendo com que o tema circule cada vez mais. (Foto: Divulgação)

Para colocar essas metas em prática, durante a campanha são realizados diversos eventos como oficinas, degustação de produtos, panfletagem, divulgação na mídia, eventos culturais e educativos, dentre outros.

Desde 2015, a Semana do Alimento Orgânico se tornou o marco de partida da Campanha de Valorização da Produção Orgânica, desenvolvida ao longo dos anos. Como aconteceu em edições anteriores, cada unidade da federação define suas atividades e programação, por meio das CPOrg, em articulação e parceria com produtores e entidades do setor público e da sociedade civil locais. A coordenação nos estados é realizada pelas Superintendências Federais de Agricultura.

Neste ano, o Território Sul do Rio Grande do Sul teve como tema da Semana “Orgânicos: Plantar Sustentabilidade Para Colher Vida”, focando no consumo de alimentos produzidos de forma livre de qualquer agrotóxico. Na região, o evento ocorreu nas cidade de Pelotas, São Lourenço do Sul, Canguçu, Piratini, Amaral Ferrador, São José do Norte, Rio Grande e Capão do Leão.

Em Pelotas, a programação da Semana contou com roteiro de cicloturismo agroecológico – promovido pelo Pedal Curticeira; uma audiência pública e lançamento da Campanha “Comida Boa na Mesa”, na Câmara Municipal de Vereadores; oficinas de sucos, hambúrgueres vegetais, tofu e saladas, preparo de pasqualina, caldo orgânico e de sushi vegano – espalhadas por diversos restaurantes da cidade; um fórum gastrônomico – que também integrou a programação da 24ª Fenadoce; um Piquenique Agroecológico, no Parque da Baronesa; uma mostra permanente de fotografias do Projeto de Ensino Rural em Imagens, na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel); um debate sobre Plantas Alimentícias Não Convencionais; além de distribuição de materiais informativos e degustação de produtos nas feiras ecológicas espalhadas pela cidade.

Fórum da Comarca de Pelotas ganhou sua própria Feira Ecológica, que será realizada todas as terças feiras, pela manhã. (Foto: Divulgação)

Fórum da Comarca de Pelotas ganhou sua própria Feira Ecológica, que será realizada todas as terças feiras, pela manhã. (Foto: Divulgação)

Também integrando a programação, uma novidade chamou a atenção dentre as atividades: foi realizada a inauguração da Feira Ecológica no Fórum da Comarca de Pelotas. A Feira, criada a partir de uma demanda dos funcionários do Fórum, passará a ser realizada semanalmente.

As programações em Canguçu, Capão do Leão, São Lourenço do Sul, Morro Redondo, Rio Grande, São José do Norte, Amaral Ferrador e Piratini também contaram com a realização de feiras orgânicas, piqueniques, oficinas, palestras em escolas, capacitações e divulgação de materiais.

Como sempre faz aos sábados, desde bem cedo da manhã, na avenida Dom Joaquim, em Pelotas, Onécio Ferreira Leal conversa com os clientes e explica em qual caixote encontra-se a laranja “do céu” e a “de umbigo”. Ele é sócio-fundador da Feira Agroecológica Arpa-Sul, que há 20 anos promove a agricultura familiar na Região Sul do Estado. Para ele, a Semana do Alimento Orgânico serve para ressaltar a preocupação que passa pela produção e se estende até o momento da venda ao público. “Eu enxergo a Semana de uma forma em que se torna ainda mais gratificante receber os consumidores. Porque nós não viemos até aqui só para vender o produto, nós temos um relacionamento com essas pessoas. Criamos um laço de amizade com elas”, afirma Leal.

Banca de alimentos de Onécio Leal, da Arpa-Sul, durante a Feira da avenida Dom Joaquim. (Foto: Anahí SIlveira)

Banca de alimentos de Onécio Leal, da Arpa-Sul, durante a Feira da avenida Dom Joaquim. (Foto: Anahí SIlveira)

O produtor sente-se privilegiado e também enfatiza o atendimento diferenciado aos clientes que frequentam as Feiras, destacando uma parcela especial do público neste processo. “A gente percebe uma diferença, por exemplo, com as pessoas da terceira idade que chegam aqui. Elas se sentem sozinhas e não chegam apenas para comprar, mas sim para conversar. Até porque os jovens, hoje em dia, são muito ligados à tecnologia e estão, muitas vezes, perdendo essa coisa da comunicação. Então, é bem mais do que vender um produto”, diz.

Em Pelotas, a Arpa-Sul está presente nas seguintes Feiras Agroecológicas semanais: na avenida Bento Gonçalves (em frente à Brigada Militar), nas manhãs de terças-feiras; no Largo do Mercado Público, nas tardes de quintas-feiras (Feira Ecológica do Entardecer); na avenida Dom Joaquim (esquina com República do Líbano), nas manhãs de sábados; na avenida Duque de Caxias (em frente a Igreja São José), também nas manhãs de sábados; e agora no Fórum, na avenida Ferreira Viana, 1134, nas manhãs de terças-feiras. A Arpa-Sul também mantém uma Feira nas instalações do Armazém Terra Sul, localizado na rua Marechal Deodoro, 1238 B, nas manhãs de terças-feiras e sábados.

Nas pontos de Feiras é possível encontrar hortifrutigranjeiros frescos, panificados, conservas, queijos coloniais, molhos de tomate e sucos, tudo produzido de forma integralmente orgânica. Além disso, a unidade comercial da Cooperativa Sul Ecológica também oferta esses produtos em horário comercial, das 8h30 às 18h, na rua Barão de Santa Tecla, 510, no Centro.

A informação como forma de incentivo e propagação da sustentabilidade

“Produção agroecológica: agricultura familiar socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável”. Esse é um dos lemas secundários da Semana do Alimento Orgânico, que estimulam um mercado cada vez mais fortificado pelo interesse do público consumidor e que apela para questões urgentes em meio às práticas de um mundo globalizado.

Nos materiais de divulgação distribuídos durante a Semana a circulação de informações é essencial e alcança seus objetivos. A sazonalidade, por exemplo, é um dos temas destacados. O motivo? É que o consumo dos alimentos em suas épocas ideais, além de ser mais saboroso, nutritivo e barato, é garantia de qualidade e pureza dos produtos. Isso porque alimentos produzidos fora do ciclo natural geralmente exigem a utilização de quantidades consideráveis de fertilizantes de alta solubilidade e agrotóxicos químicos sintéticos. Na produção orgânica, os alimentos in natura e industrializados são produzidos nas épocas mais apropriadas, respeitando o ciclo natural de cada espécie.

Selo brasileiro de certificação dos produtos orgânicos. (Foto: Divulgação)

Selo brasileiro de certificação dos produtos orgânicos. (Foto: Divulgação)

Sazonalidade

Outono – Março a Junho

Frutas: goiaba, caqui, laranja, bergamota e pinhão;

Hortaliças: abóbora, chuchu, couve, pepino, cenoura, batata-doce, aipim, beterraba, brócolis, rabanete e couve-flor;

Inverno – Julho a Setembro

Frutas: laranja, bergamota e morango;

Hortaliças: abóbora, agrião, alface, beterraba, brócolis, cenoura, chuchu, couve, couve-flor, ervilha, espinafre, mostarda, aipim e repolho.

O que é agroecologia?

É uma ciência integradora, que respeita os ciclos da natureza, e tem como pilares: uma agricultura baseada na sustentabilidade social, ambiental e econômica, reconhecendo e valorizando os saberes tradicionais dos agricultores.

O que são alimentos orgânicos?

Conforme a legislação brasileira, o consumidor reconhe o produto orgânico através do selo brasileiro ou pela declaração de cadastro do produtor orgânico familiar em caso de venda direta como as feiras orgânicas.

Razões para consumir alimentos orgânicos:

  1. Promove a saúde do consumidor, produtor e da natureza;
  2. Colabora com a preservação da biodiversidade;
  3. Seu sabor é mantido, pois é produzido dentro da época mais adequada;
  4. Não contamina o solo nem a água, pois não usam agrotóxicos e adubos químicos;
  5. Apoia a agricultura familiar;
  6. Preserva a biodiversidade e resgata a cultura alimentar local;
  7. É um alimenta saudável que nutre corpo e alma;
  8. E, por fim, os agrotóxicos ficam longe do seu prato.

 

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