Segundo turno no RS marca mais um episódio de sua tradição política
Por Gabriel Bresque
José Ivo Sartori e Tarso Genro são homens de origens distintas. O comum em suas trajetórias é a forte ligação com a política do Estado e as raízes esquerdistas. Sartori é o típico representante da Serra Gaúcha, com uma aparência séria, compenetrada, mas que guarda um homem com uma grande capacidade de compaixão e comprometimento com suas ideologias. Por outro lado, Tarso Genro é um dos principais nomes do PT no estado. Já foi ministro em duas oportunidades e hoje, como governador do Rio Grande do Sul, marca a imagem do político sério e estudioso. Aliás, a trajetória do petista é marcada por sua influência intelectual e por ser um grande conhecedor da economia e defensor da importância da educação na sociedade.
Agora, na disputa pelo segundo turno, as duas personalidades marcantes se enfrentam pelo governo do Rio Grande do Sul. Tarso Genro tenta ser o primeiro governador na história do estado a se reeleger. Inclusive, ele é o primeiro governador a chegar ao segundo turno em 12 anos – o último foi Olívio Dutra, em 2002. A missão é complicada, mas o advogado de São Borja se mostra confiante na vitória. Acredita na reformulação do estado a partir da continuação do trabalho feito em seus quatro anos no Palácio Piratini. Tarso admitiu durante toda a sua campanha que o estado vive sérios problemas, mas mostrou as evoluções em seu governo e afirmou que seu plano é o único que pode fazer o Rio Grande do Sul retomar sua histórica força. Nas suas armas para chegar no segundo turno, o PT apostou em uma forte desconstrução da candidata do PP, Ana Amélia Lemos, apontando várias acusações sobre o seu período como funcionária pública. Funcionou, mas o tiro saiu pela culatra: em vez de fortalecer a campanha de Tarso, o enfraquecimento de Ana Amélia fez de Sartori o vencedor do primeiro turno. Agora para a segunda parte, a reeleição só acontecerá se o atual governador do estado trabalhar nos pontos positivos de seu governo e demonstrar de fato porque a continuação é o melhor caminho.
Por outro lado, Sartori chegou ao segundo turno com um forte discurso de mudança, tanto política como pessoal. Sempre contra o governo de Tarso, fez da causa dos professores a sua principal e afirma a importância de se cumprir a regulamentação sobre o novo piso salarial da classe. Chegou ao segundo turno com 40% dos votos contrariando todas as pesquisas, mas nessa nova etapa tem a obrigação de se confirmar. Sua tática de fugir das acusações e se mostrar como um homem de ideias fica mais difícil com todas as atenções voltadas para ele: o Rio Grande do Sul conhece muito bem a figura de Tarso Genro, mas a dúvida de muitos ainda é sobre quem é José Ivo Sartori.
Sartori tem a vantagem de ter conseguido o primeiro lugar no primeiro turno e ter apoio de Ana Amélia Lemos para o segundo turno. Já Tarso Genro é o nome mais conhecido pelo Gaúcho, além de ter uma história e tradição política maior, tanto no estado como no Brasil. No dia 26 de outubro o PT tenta mudar a história e conquistar uma reeleição inédita. Mas para isso, precisa confrontar um PMDB que cresceu na hora certa e tem com ele a imagem de uma mudança.