Protesto em frente à residência de Belham exige justiça pelas vítimas da ditadura militar
Manifestantes pedem revisão da Lei da Anistia e reafirmam compromisso com a memória histórica do país

Manifestantes em frente à residência de José Antônio Belham, general acusado pelo envolvimento no assassinato de Rubens Paiva. Foto: Jefferson Augusto/@filhosenetos/Em Pauta
Martha Cristina Melo / Em Pauta
Organizado pelo Levante da Juventude, o protesto realizado nesta segunda-feira (24) em frente à residência do general reformado do exército José Antônio Nogueira Belham, contou com imagens do ex-deputado Rubens Paiva, assim como de outras personalidades mortas e desaparecidas durante o período da ditadura militar no Brasil. A manifestação exigiu justiça pelas vítimas dos crimes ditatoriais e reforçou que a anistia não é opção.
Belham, ex-chefe do DOI-Codi, foi acusado pela Comissão da Verdade, em 2014, de envolvimento no assassinato de Paiva, ocorrido nos anos 70. A comissão, após anos de investigações, encontrou documentos e depoimentos que apontam o general como responsável pelo desaparecimento do ex-deputado. Embora Belham tenha negado qualquer envolvimento durante seu depoimento, a evidência apresentada à época refutou suas declarações.

O Levante carregava cartazes com as imagens de algumas das vítimas da ditadura militar no Brasil. Foto: Jefferson Augusto/@filhosenetos/Em Pauta
Ainda Estou Aqui e visibilidade
Em frente à residência de Belham, em destaque, os ativistas escreveram a frase “ainda estamos aqui”, clara referência ao longa que narra a história da família Paiva. A organização declarou que o protesto aproveita a visibilidade do filme para pedir a revisão da Lei da Anistia, com o objetivo de excluir da lei crimes como desaparecimento forçado e ocultação de cadáveres.
A exibição de cartazes com fotos de Rubens Paiva e de outras vítimas da ditadura, como Helenira Resende, Honestino Guimarães e Edson Luís marcou o momento, bem como o lema do movimento: “Não esqueceremos, não perdoaremos”. Cerca de 100 manifestantes exigiram justiça para Paiva e para todas as vítimas do período, além da expulsão dos torturadores das Forças Armadas. A manifestação foi apoiada por movimentos como o MST e o Movimento Brasil Popular, reforçando a necessidade de não apenas revisitar a história, mas responsabilizar aqueles responsáveis por um dos períodos mais tristes da história do país.
Em comunicado para as redes sociais, o Levante afirmou: “Não esqueceremos, não descansaremos, até que haja justiça para Rubens Paiva e para todos e todas que morreram lutando por democracia, aqueles que foram de aço nos tempos de chumbo. Somente com justiça poderemos construir uma sociedade efetivamente democrática e superar, sem esquecimento e sem perdão, um dos períodos mais sombrios da nossa história”.

No portão da residência, bandeira com a frase “Ainda Estou Aqui”, em referência ao filme que narra a história da família Paiva. Foto: Jefferson Augusto/@filhosenetos/Em Pauta
Walter Salles, cineasta responsável por “Ainda Estou Aqui” e apoiador da luta, declarou em entrevista que enviaria informações sobre o ato à família Paiva, reconhecendo a importância da mobilização das gerações mais jovens e da sociedade civil, que se mantém firme na busca pela justiça. Para ele, o ato foi “emocionante”.
Com um processo de revisão da Lei da Anistia em andamento no Supremo Tribunal Federal, a luta por justiça para Rubens Paiva e outros desaparecidos segue viva, com a sociedade reafirmando o compromisso de não deixar no esquecimento os horrores cometidos durante a ditadura militar.