Palworld versus Pokémon

Febre do momento, o jogo recém lançado gera polêmicas na internet por similaridade com gigante da indústria

Por Tobias Bernardo / Em Pauta

Sucesso inesperado já no primeiro mês do ano, “Palworld”, um jogo de coleta de monstros e sobrevivência, rapidamente bateu a marca de 2 milhões de jogadores simultâneos na Steam e é o centro de polêmicas envolvendo um dos maiores nomes do cenário de videogames: a franquia Pokémon.

Para entender as críticas (e possíveis problemas judiciais) é preciso compreender sobre o que se trata o jogo. É quase impossível falar sobre o recém lançado “Palworld” sem mencionar Pokémon, afinal, os dois jogos têm objetivos muito semelhantes: explorar um mundo povoado por criaturas fantásticas que podem ser capturadas e usadas para batalhar umas contra as outras.

Na gameplay, as semelhanças acabam por aí, além do quesito sobrevivência parecido com “Ark: Survival Evolved” e das mecânicas de exploração de mundo aberto muito semelhantes ao “Zelda: Breath of the Wild” do novato, o maior diferencial – ou pelo menos aquele que mais chama atenção – entre ele e o seu concorrente, Pokémon, é o uso de armas de fogo. Palworld apela satiricamente a esse aspecto podendo ser resumido em um “Pokémon com armas”

O equipamento bélico pode ser usado pelo próprio jogador e pelas criaturas chamadas de “Pals” em combates. Reprodução: Divulgação/Pocketpair

O novo jogo também brinca com uma piada repetida pelos fãs da franquia consagrada, a de que o treinador “explora seus Pokémon” os colocando em batalhas perigosas. Palworld permite que o jogador não só coloque seus Pals em batalhas, como tem mecânicas únicas de exploração da mão de obra das pobres criaturas. 

A descrição do jogo na Steam conta com frases como “Quer construir uma pirâmide? Basta usar vários Pals para trabalhar na construção. Não se preocupe, pois as leis trabalhistas não se aplicam a eles!” e também “Contanto que tenham ração, eles podem trabalhar sem nunca descansar — até o fim da vida.”

As criaturas coletadas servem de mão de obra explorada. Reprodução: Divulgação/Pocketpair

Com essa premissa, um tanto cruel, e surfando na onda da decepção de muitos fãs com os últimos jogos de Pokémon, veio a súbita fama de Palword entre os jogadores. Mas da rápida ascensão vieram as inevitáveis comparações que foram para além do estilo do jogo, e delas a suspeita de que existiam semelhanças demais entre os jogos.

Usuários do X começaram a refletir sobre a aparência similar de alguns Pals e Pokémons. As comparações entre os modelos 3D vieram logo em seguida levantando ainda mais suspeitas, visto que muitos não somente eram parecidos como tinham proporções iguais. 

A Pokémon Company, responsável por todo tipo de publicação da marca Pokémon, se posicionou na quarta-feira (24) dizendo que está apurando informações sobre o caso, mas que não liberou o uso da sua propriedade intelectual para o jogo.

A empresa é um investimento em conjunto da Game Freak (responsável pelo desenvolvimento dos jogos) e da Nintendo (que os distribui) e também é bastante conhecida por derrubar todo conteúdo não licenciado que use indevidamente as criaturas de bolso mais conhecidas no mundo todo. Como no caso do jogo “Pokémon Uranium”, feito inteiramente por fãs da saga, que levou 9 anos para ser concluído e que foi derrubado pela empresa depois de alcançar um milhão de downloads.

O CEO Takuro Mizobe da Pocketpair, desenvolvedora de Palworld, respondeu defendendo a empresa das alegações e disse: “Atualmente, estamos recebendo comentários caluniosos contra nossos artistas e vendo tweets que parecem ser ameaças de morte. Recebi diversas opiniões sobre o Palworld, mas todas as produções relacionadas ao Palworld são supervisionadas por várias pessoas, inclusive eu, e sou responsável pela produção.”

Até o momento nenhuma ação judicial foi movida contra a criadora de Palworld, mas as tensões entre as empresas continuam.

Sobre Pokémons e designs

Aproveitando o gancho da situação, para quem curte um jogo de coleta de monstros no clássico estilo de Pokémon vale a pena checar o Bágdex, um jogo recém financiado que está na fase de desenvolvimento com a previsão de lançamento para 2025 para computadores e Nintendo Switch.

Inspirado 100% na cultura e folclore brasileiro, a proposta do Bágdex é muito interessante por si só. Contando com 160 monstros chamados de “Bagmons” o jogo já promete muito mesmo estando no início do seu desenvolvimento e deve ficar no radar de quem se interessa por jogos como Palworld e o próprio Pokémon.

Imagem de anúncio do Bágdex. Reprodução: Divulgação/Caramelo Games

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