Os brasileiros contra a democracia

Por Gabriel Bresque

A primeira semana depois da reeleição da presidente Dilma Roussef foi conturbada, e vários eventos marcaram a dificuldade que será vivida pela Petista. Logo após a divulgação do resultado, centenas de eleitores de Aécio Neves e militantes do PSDB demonstraram sua indignação com o resultado na Internet. Dentre vídeos e manifestações de raiva contra o Nordeste, uma divisão foi marcada para o Brasil. Os que preferiam o PSDB no governo do país definiram com base em números básicos sobre os resultados: o nordeste escolheu a Dilma.

Gráfico

Gráfico: Thomas Conti (http://thomasconti.blog.br/)

A falácia que separou o Brasil provocou uma semana tensa. De um lado, a chamada elite brasileira atacando aqueles que – segundo esse grupo – seriam os pobres desinformados, que deram a vitória ao PT em troca de planos assistencialistas. Mas, uma análise mais aprofundada dos resultados das eleições presidenciais, demonstra que o Sul e o Sudeste deram mais votos à Dilma que o Nordeste. Mais que isso, São Paulo, o maior colégio eleitoral brasileiro, foi o estado que mais votou na Petista. É impossível, dentro de um cenário tão misturado e sem grandes coesões, apontar que uma região ou outra decidiu a eleição. Fica claro nos resultados que, se Aécio Neves tivesse conquistado o apoio maciço que tanto se fala por esses grupos nas zonas mais sulistas do Brasil, teria obtido uma vitória considerável.

Esses movimentos provocaram um sentimento de raiva dentro da população nacional. Quando Dilma em seu discurso de vitória falou em união do país, provavelmente não espera que em duas semanas a necessidade desse processo unificador aumentaria dessa forma. Uma necessidade que, vale ressaltar, não tem nenhuma relação com o resultado das urnas; mas sim com uma formatação midiática, nascida na Internet, que fez com que uma pequena parte da população separasse as regiões.

Nesse caso, a presidente reeleita precisa fazer programas e movimentos que incentivem a recuperação de sua imagem, e que apresentem a importância do respeito ao processo democrático.

Manifestações

Nesse último domingo (02), uma série de manifestações populares aconteceu nas principais capitais do Brasil, pedindo o Impeachment de Dilma e, em alguns casos, pedindo a intervenção popular. Apenas em São Paulo, esse movimento contou com mais de 1 mil pessoas, que pediam a deposição da presidente brasileira baseado nas denúncias de corrupção feitas em torno da Petrobras.

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Foto: Oswaldo Corneti/Fotos Públicas

Esses militantes contra o PT receberam o apoio de importantes nomes da direita brasileira, como Jair Bolsonaro. Os responsáveis por esses movimentos alegam que vivemos em uma ditadura Petista, com pretensões de transformar o Brasil em algo parecido com a Venezuela e Cuba, implantando o temido comunismo. Esquecem-se esses, que o PT está há 12 anos no poder, e todas as manifestações populares são livres, assim como os direitos de uso da economia, e os pedidos que eles fazem de intervenção militar.

Porém, lideranças do partido derrotado no pleito, o PSDB, já sinalizaram posição oposta a essas manifestações. A representação considera esses atos uma afronta a uma vitória conquistada nas urnas, completamente dentro dos preceitos democráticos brasileiros.

Provocado por uma tendenciosa leitura dos dados oferecidos pelo resultado das eleições presidenciais, esses movimentos são um risco à democracia brasileira. São um grito de uma minoria que não entende e que não quer viver dentro de uma democracia, respeitando, acima de tudo, as opiniões que vão contra a deles. É extremamente necessário nesse momento que as principais lideranças políticas brasileiras se manifestem a favor da democracia e do livre direito de escolha. Porque seja no Sul ou no Nordeste, o que a maioria dos brasileiros realmente deseja é que a nossa democracia seja respeitada.

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