O basquete pede passagem
Um dos esportes mais praticados no país cresce e conta com seu representante na cidade: o Pelotas Maragatos Basquetebol
por Vinicius Colares
O brasileiro ama o esporte. A paixão pelo futebol ilustra apenas uma pequena parte da ampla estrutura que move fãs das mais variadas modalidades, algumas delas crescendo, em termos de popularidade, pelo país inteiro com uma força admirável. Pode-se ilustrar essa estrutura como uma árvore: a categoria Esporte em si é a base ou tronco dessa composição e cada galho representa uma modalidade, coletiva ou individual. Um desses galhos, nos últimos anos, vem crescendo vigorosamente e suporta o peso de um grande número de apaixonados: estamos falando do basquetebol.
Em nível nacional, o esporte da bola laranja vem recebendo uma atenção especial por parte de patrocinadores e empresários. É possível presenciar no basquetebol a chance de investimento com retornos consideráveis, tanto financeiros quanto sociais. Exemplo disso é a recente parceria entre a maior liga de basquete do mundo, a norte-americana NBA (National Basketball Association) e a LNB (Liga Nacional de Basquete). Com a intenção de promover a modalidade pelo país inteiro, as duas ligas se juntaram em um acordo de um tipo inédito no Brasil. Por ser um dos esportes coletivos com mais adeptos entre os brasileiros, as populares escolinhas e os centros de preparação estão sendo pensados como um possível nicho de aproximação para aqueles que querem investir no esporte.
Pelotas no cenário atual
Na zona sul do Estado a situação não é diferente. Um grupo de atletas e apaixonados pelo esporte está tentando erguer o basquetebol e trazer o talento que a cidade sempre exportou e, dentro das suas limitações, cultivou. Inspirado por antigas equipes, como o Clube Náutico Gaúcho e os próprios times da dupla BRA-PEL que já tinham equipes de basquete competitivas, o Pelotas Maragatos Basquetebol surgiu em 2013 com a intenção de resgatar essa modalidade historicamente tradicional na zona sul do Estado. E, desde o princípio, mostrou raízes sólidas.
Sabendo que o basquete pelotense vem passando por um momento difícil nos últimos anos, devido a uma série de fatores – falta de apoio, dificuldade financeira, envelhecimento dos atletas mais engajados, etc. – a equipe, montada por atletas, ex-atletas profissionais, técnicos e gestores desportivos da área, alcançou, em seu primeiro ano, resultados otimistas.
Em 2014, com menos de um ano de existência, o “Projeto Basquete Pelotas” – assim designado o nome inicial da equipe – já contava com alguns apoiadores de peso que pretendiam ajudar a erguer o nome do basquete pelotense. A partir daí, representantes da equipe decidiram em assembleia estabelecer um grupo estável, dando seguimento à proposta de criação de um time competitivo, de alto rendimento. O objetivo era claro: representar a cidade de Pelotas nos eventos esportivos de nível regional e estadual, ligados ao basquetebol.
Paulo Correia, o Paulinho, é técnico e um dos líderes da “família Maragatos”. Apaixonado pelo esporte e, apesar da pouca idade, com experiência à beira da quadra, Paulinho confia no projeto que conta com nomes jovens e mantém como virtude a união do grupo:
– Nossa ideia é recriar uma espécie de “boom” pelo basquete dentro da cidade e região, mostrando que temos potencial esportivo, publicitário e social também – afirma Paulinho.
O elenco
Estudantes de áreas variadas, professores e, até mesmo, advogados formam a base do Pelotas Maragatos Basquetebol. A equipe é considerada hoje como amadora por não contar com atletas ou funcionários assalariados, mas o sucesso inicial e os resultados alcançados têm relação direta com a qualidade dos atletas envolvidos no projeto. Hoje são vinte e um nomes relacionados para os treinos que acontecem durante a semana nas dependências do Colégio Gonzaga – um dos patrocinadores master do time, ao lado da AFCEEE (Associação dos Funcionários da Companhia Estadual de Energia Elétrica).
Entre ex-atletas profissionais e revelações locais, a experiência é garantida pela lista de clubes que fazem parte do currículo dos jogadores do Pelotas Maragatos, que conta também com o apoio da rede Fast Burguers. São algumas dessas equipes: Clube Pinheiros e Winner Limeira (São Paulo), Corinthians (Santa Cruz do Sul), Grêmio Náutico União e Sogipa (Porto Alegre). Alguns atletas passaram, também, pelas seleções de base do Rio Grande do Sul, e outros são revelados pela tradicional equipe de basquete do IF-Sul Pelotas.
Os Maragatos
Com a intenção de deixar de lado a ideia de projeto e tornar-se realidade, a equipe que pretende popularizar o basquetebol de Pelotas para todo o Rio Grande do Sul precisava de um nome que fosse tão forte quanto sua intenção. O multifacetado Eduardo Mendes, atleta do Maragatos – bacharel em Direito e um dos responsáveis pela administração da equipe – explicou a escolha desse nome.
– Precisávamos sair do anonimato. O projeto já tinha saído do papel e necessitávamos de um nome forte e expressivo que simbolizasse aquele momento para o basquete pelotense. Não foi difícil lembrar-nos dos revolucionários federalistas que deram início a uma revolução em nosso Estado, os Maragatos – concluiu Eduardo.
A intenção da equipe é, sem o uso de lenços vermelhos, fazer, assim como seus antepassados Maragatos, uma espécie de revolução. As armas são o bom senso, o trabalho duro e a paixão pelo basquetebol. Nas palavras do técnico Paulinho Correia, lembrar a história desse esporte na zona Sul é o bastante para motivar o novo grupo. “Claro que queremos fazer a nossa própria história, mas não podemos esquecer de onde viemos e das pessoas que nos ensinaram a ser quem somos”, lembra um dos líderes do Pelotas Maragatos, a nova cara do basquetebol pelotense.