Mãe!: o arquétipo feminino em um drama psicológico
Por Lunara Duarte
Desde a sua estreia, o filme Mãe!, do diretor Darren Aronofsky, causou um verdadeiro alvoroço na crítica e no público. Diretor de filmes como O Cisne Negro (2010) e Requiem Para Um Sonho (2000), Aronofsky constrói um cenário repleto de alegorias que provocam no espectador uma experiência sensorial intensa.
A trama tem como personagens principais o casal Jennifer Lawrence e Javier Bardem. Eles moram em um casarão afastado da cidade e têm as suas vidas completamente abaladas pela presença constante de visitantes, os quais acobertam um segredo.
A primeira cena apresenta uma mulher em chamas com lágrimas nos olhos, sugerindo que há algo a ser revelado. Em seguida, surge um ambiente aparentemente tranquilo, mostrando a rotina do casal. Aos poucos essa normalidade dá lugar a situações cada vez mais perturbadoras, gerando um sentimento de incompreensão e perplexidade em quem assiste. O filme não oferece respostas prontas em nenhum momento.
A maioria das cenas fica centrada na personagem principal em planos fechados, com inúmeros closes no seu rosto. Esse recurso visual fazer com que o público consiga captar a intensidade da atuação de Lawrence, além de consolidar a atmosfera claustrofóbica da trama.
O diretor consegue, com mestria, unir vários elementos distintos e complexos sem perder a homogeneidade do roteiro. A sucessão dos acontecimentos segue em uma caos crescente até chegar ao clímax, onde a histeria coletiva e o delírio tomam conta da tela.
É difícil caracterizar o filme, mas pode-se dizer que ele reúne características de suspense, horror e drama psicológico em uma combinação extraordinária. A história gira em torno de analogias bíblicas difíceis assimilar em um primeiro olhar e uma referência constante ao feminino, representado no arquétipo da Mãe.
A despeito das críticas e divergências quanto ao seu significado, Aronofsky brinda o público com um enredo impactante do início ao fim. É impossível ficar indiferente a um filme que escapa à objetividade e aborda questões da existência humana de uma maneira audaciosa e criativa.