MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA
Sinopse:
“Após ser capturado por Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), o guerreiro das estradas, Max (Tom Hardy), se vê no meio de uma guerra mortal iniciada pela Imperatriz Furiosa (Charlize Theron) na tentativa de salvar um grupo de garotas. Na expectativa da fuga, Max aceita ajudar Furiosa em sua luta contra Joe e se vê dividido entre mais uma vez seguir sozinho seu caminho ou ficar com o grupo.”
Mad Max: Estrada da Fúria é insano, rock pauleira, sufocante, FURIOSO. Você sai exausto ao mesmo tempo em que sabe que precisava muito assistir a esse filme. Junto com a violência e ação contínua, a trilha sonora te leva ao ápice.
Quando decidir assisti-lo não hesite e vá na maior sala, da melhor tela, com o melhor som e, sim, em 3D. Aliás, um 3D fantástico, que não torna o filme escuro e nem te joga coisas desnecessárias. O que sai de lá é real.
Eu tive dúvidas se o filme consistiria em uma continuação mesmo ou apenas numa refilmagem. Mas Max Rockatansky está ali, em corpo e alma, enfurecido e vingativo ao extremo.
Para quem não teve a sorte de ter nascido em décadas anteriores e assistido o primeiro Mad Max (1979), com Mel Gibson, fica a dica. É possível buscá-lo nas locadoras, lojas ou no Youtube.
O início de tudo se passa em um futuro não muito distante e pós-apocalíptico, quando a Lei e Ordem da Austrália começam a ruir. Entre gangues violentas de motoqueiros se instala o terror: assaltos, estupros, mortes violentas.
Vendo os marginais serem presos e soltos, Max entra em processo de insanidade e lhe dão férias. Sua esposa e filho o aguardam no litoral. Mas a gangue de motoqueiros encontra sua casa antes. Sua mulher e filho fogem, são atropelados e os selvagens deixam seus corpos esmagados no meio da estrada. Max chega tarde demais para salvá-los.
A partir desse momento Max veste seu uniforme policial de couro, pega um carro especial preto (Ford Falcon XB) e persegue a gangue até matá-los, um a um, com extrema crueldade. Depois de terminar a vingança vai embora e se torna um nômade nas estradas. Um resumo de todos os filmes, mesmo em inglês, fará com que entenda o que antecede ao filme atual. Veja aqui: https://youtu.be/mzygYS-vN1E
Naquela época, cerca de 20% das cenas previstas no roteiro nem foram rodadas, pois havia dificuldades com o orçamento. A van destruída no início de Mad Max pertencia a George Miller que, com orçamento apertado, resolveu utilizá-la.
Até 1998, o filme esteve no Guinness Book sendo considerado maior retorno/custo na história do cinema. Seu custo de produção atingira US$ 400 mil, mas arrecadou mais de US$ 100 milhões nas bilheterias de todo o planeta.
Ainda teve mais duas sequências, todas com Mel Gibson e dirigidas pelo excepcional George Miller. E há uma distância de 30 anos entre esse e o terceiro.
No atual, a trama se passa no deserto em época em que água e gasolina são cobiçadas. Tudo que Max quer é sobreviver, mas acaba capturado pelos Garotos de Guerra de Immortan Joe. Esse, por ser o detentor de grande reserva de água, explora a população.
Captura pessoas para que doem sangue, além de manter doadoras de leite e mulheres que existem para gerarem filhos. Lá em Cidadela Max passa a ser o Bolsa de Sangue, tendo em vista possuir sangue O negativo, o que o torna doador universal.
Imperatriz Furiosa é a mulher que Immortan Joe adora e é dela a responsabilidade de cuidar das parideiras do lugar, inclusive estando uma delas grávida dele. Mas Furiosa não gosta nem um pouco de onde vive e sonha reencontrar o lugar “verde” onde nasceu. Então resolve fugir e levar juntos as parideiras.
Max, que tem constantes alucinações por não conseguir salvar algumas pessoas durante sua vida, é o anti-herói já quebrado. Mas quando percebe a possibilidade de deixar tudo para trás, não pensa duas vezes.
Ele é fúria pura. Insano total. E fica difícil de entender como George Miller, com seus 70 anos, conseguiu extrair tanta garra de seus atores. Tom Hardy está perfeito tal qual Mel Gibson.
Charlize tem o melhor papel de sua vida. Cabelos muito curtos dá o sangue por tudo, mas não se assemelha a um homem, embora lute melhor que muitos. Tampouco se atira nos braços do anti-herói Max. Furiosa sabe que muitos virão atrás dela, mas sequer imaginava o batalhão que se apresenta.
Embora não seja um filme feminista exibe as mulheres no estágio em que estão no mundo: independentes, trabalhadoras, lutadoras por 24h ao dia, sem as velhas percepções sobre sexo “frágil”.
A trama, filmada em sequência, o que é raro em cinema, é uma perseguição constante. As coreografias no deserto, compostas para as perseguições automobilísticas, não têm cortes rápidos e nem muitos retoques digitais.
O que se vê são pessoas guiando veículos em uma abundância de destruição. E não é só isso, pois a trilha sonora do DJ holandês Tom Holkenborg, conhecido como Junkie XL, é impactante, de enlouquecer. Literalmente nos leva à exaustão.
Os carros são máquinas de guerra, repletos de armas e segredos. Junto aos veículos está o Interceptador usado em todos os filmes da série e montado em uma carroceria de um Ford Falcon.
A Máquina de Guerra, pilotada por Furiosa, tem 18 rodas e foi montada a partir da combinação de um Tatra tchecoslovaco e um Chev Fleetmaster.
O vilão Immortan Joe é vivido pelo ator Hugh Keays-Byrne, que interpretou também o principal vilão, Toecutter, em Mad Max (1979). Realmente é assustador.
O que você assistirá se resume em verdadeira prática, dublês, maquiagem e cenários. O CGI (Computer Graphic Imagery) foi usado com a moderação exata para melhorar a paisagem da Namíbia, tirar de nossa visão os indícios de dublê e amenizar a mão esquerda de Charlize (você descobrirá o porquê).
A fotografia de John Seale é perfeita e os tons mais quentes e sujos, típico do deserto, torna o que se vê com aquele jeito de gasto. Os veículos são um mix de tudo que puderam aproveitar. Num deles há um guitarrista com seu rock pauleira constante. Bizarro demais.
Mad Max: Estrada da Fúria é contagiante, perigoso, incendiário, abusado e arrebatador. A violência é real. Quando chega ao fim você fica em dúvida se quer descansar ou quer mais ainda.
Com certeza é um dos melhores filmes deste ano. Mas em certo momento me perguntei se Mel Gibson também não seria um perfeito Max. Afinal, em abril deste ano, Tom Hardy anunciou que iria assinar para mais três sequências.
Algumas cenas de perseguição levaram mais de seis meses para serem feitas. Outros tantos meses levaram construindo os veículos nos sets. Todo esse esforço se reflete nas imagens fantásticas nas telas.
Por fim, um filme com muita ação e violência sim, mas com a ideia central de que o mais importante é o ser humano e sua esperança.
Nos EUA o filme recebeu classificação R-Rated que significa “proibido para menores desacompanhados de 17 anos”. Assim foi classificado por suas intensas cenas de violência e imagens perturbadoras.
Eu quero mais e a nota é 10.
Link para o trailer: