Home Care: atendimento personalizado e domiciliar

Por Eduarda Lemes

Levar os cuidados com o paciente para um local muito mais aconchegante que um hospital. Essa é a ideia que carrega o conceito Home Care, que surgiu durante o período pós-guerra nos Estados Unidos e se difundiu nos anos seguintes, atingindo o mundo e propiciando melhorias no atendimento hospitalar e na recuperação de enfermos.

O termo, que significa “cuidado em casa”, na tradução literal, nasceu a partir da necessidade de esvaziar os leitos hospitalares, cada vez mais cheios devido às constantes mudanças sociais – como o aumento gradativo da população gerado pela maior expectativa de vida, por exemplo. Para isso, a ideia foi oferecer a continuidade do tratamento dos pacientes que não necessitavam mais de internação hospitalar no conforto do seu próprio lar.

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Foto: Reprodução (http://goo.gl/qnkcLu)

A prática do Home Care foi difundida também no Brasil. Atualmente, os serviços de atendimento a domicílio são oferecidos por hospitais, planos de saúde e empresas especializadas no agenciamento de profissionais que realizam esse serviço. Na cidade de Pelotas não é diferente. Hoje, a maioria dos planos de saúde e empresas especializadas oferecem essa modalidade de atendimento, garantindo a qualidade do cuidado profissional em internação domiciliar.

Benefícios do atendimento

A prevenção contra possíveis complicações provenientes do ambiente hospitalar foi a justificativa de Eleni Soares, 58, para optar, juntamente com a família, pelo atendimento domiciliar à sua mãe, de 86 anos. Segundo Eleni, o medo de a mãe contrair infecções hospitalares foi o principal motivo que levou a família a contratar os serviços de um médico, uma enfermeira e uma fisioterapeuta para atender em casa. “Por já termos uma experiência de falecimento por infecção hospitalar na família, optamos pelo Home Care”, relatou.

O atendimento a domicílio proporciona uma série de benefícios ao paciente e, também, ao hospital. De acordo com Vagner Dias de Araujo, enfermeiro que já trabalhou em serviços domiciliares, o paciente que recebe assistência em casa reduz os riscos de adquirir depressão e, ainda, pode acelerar o processo de recuperação, uma vez que o fator psicológico é beneficiado com o tipo de atendimento. “Esta forma de cuidado também ameniza transtornos que envolvem os membros da família no que diz respeito à dificuldade do revezamento para o cuidado do paciente, o que, muita vezes, gera preocupação ao doente. Como muitas recuperações dependem do bom estado psicológico do paciente, é mais conveniente o tratamento em sua própria residência, lugar onde o paciente construiu sua vida, mantém contato com seus pertences, ambiente e, principalmente, com sua família”, salienta.

Além disso, segundo a coordenadora de uma empresa especializada em Pelotas, a Enfermeira Clarissa Paz, o paciente tem comprovadamente recuperação mais rápida, além de se sentir mais seguro sem o risco de infecções hospitalares. Essa variedade de serviços propicia segurança do paciente e reduz os custos, conforme afirma a enfermeira. “Os custos são, em média, 30% menores que os custos hospitalares, devido a não inclusão dos valores de hotelaria, cobrados nos hospitais”. O atendimento Home Care oferece, ainda, a possibilidade de contratação por horas, dias, semanas ou meses, facilitando ainda mais a relação custo-benefício.

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Foto: Reprodução (http://goo.gl/vpNSbj)

Os fatores podem favorecer, também, o atendimento hospitalar aos demais pacientes. Com o serviço realizado em casa, além de haver um controle da infecção hospitalar com a não exposição do paciente à extrema variedade de micro-organismos de um hospital, segundo Araujo, a desocupação de leitos gerada pelo atendimento domiciliar se faz muito importante. “A presença do Home Care resulta na desocupação de leitos, os quais poderão ser ocupados para casos de paciente onde a assistência domiciliar não seria eficaz. Hoje, existem programas do Ministério da Saúde implantados em alguns hospitais, nos quais a assistência domiciliar é o foco. E isso só reafirma o progresso do Home Care”, diz.

Porém, o atendimento Home Care pode gerar algumas dificuldades, conforme afirma a médica Lúcia Buss. Para Lúcia, a equipe de atendimento pode ter problemas ao tratar o paciente em casa, uma vez que não são treinados para isso em sala de aula. “As dificuldades são para a equipe. Os profissionais de saúde geralmente são treinados para o atendimento hospitalar e não no domicílio. Dessa forma, às vezes, não se sentem aptos a esse tipo de atendimento”, afirma. De acordo com a médica, profissionais destreinados podem executar ações incompletas, uma vez que a infraestrutura oferecida pelo hospital não está disponível no atendimento a domicílio. “Mas tudo é uma questão de aprendizado. Os profissionais treinados para atuar no domicílio desenvolvem uma proximidade e habilidade com o paciente que compensam toda e qualquer perda de estrutura e continuam por oferecer um serviço de qualidade”, completa.

As empresas de Home Care são geralmente formadas por uma equipe multiprofissional, que é capaz de atender o paciente em diversas áreas. Geralmente, as equipes contam com enfermeiros, técnicos em enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos. De acordo com Clarissa, o serviço teve uma crescente demanda do ano de 2012 pra cá. “Acreditamos que esse crescimento se deu em virtude dos serviços de Home Care estarem sendo melhor divulgados, fazendo com que as pessoas conheçam melhor esta modalidade da saúde e confiem mais neste serviço”, explicou.

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