Grammy 2025 e Milton Nascimento: a controvérsia em volta do reconhecimento do ícone brasileiro

A exclusão de Nascimento nas mesas principais do evento levantou questões sobre a valorização de músicos veteranos e estrangeiros.

Por Martha Cristina Melo / Em Pauta

Em respeito à sua carreira vitoriosa, a equipe de Milton Nascimento optou por sua ausência na cerimônia principal do evento. Foto: Reprodução / Milton Nascimento – Instagram

Ícone da música brasileira, recentemente, Milton Nascimento esteve no centro de uma controvérsia durante a cerimônia do Grammy 2025 – premiação anual da Academia de Gravação dos Estados Unidos, realizada em Los Angeles. Apesar de sua indicação na categoria de Melhor Álbum Vocal de Jazz, ao lado da artista americana Esperanza Spalding, o cantor não recebeu um assento nas mesas principais do evento, onde se encontravam outros indicados e personalidades da indústria musical.

Segundo a equipe de Nascimento, a princípio, o artista fora alocado em um assento na arquibancada, decisão que não condiz com sua trajetória, contribuição para a música mundial e idade avançada. Quando questionados pela equipe de Esperanza, com quem Milton divide o álbum indicado, representantes do evento alegaram que ficariam nas mesmas aqueles que o Grammy queria nos vídeos para transmissão. Em respeito à carreira marcante e ao legado do artista brasileiro, sua equipe optou por sua ausência na cerimônia principal do evento. “Tendo em vista a carreira vitoriosa, o reconhecimento e o respeito conquistado pelo genial artista brasileiro, optamos pela ausência dele na cerimônia principal. Obrigado por todo o apoio, carinho e preocupação que todos estão nos dedicando. O Brasil é gigante, tal qual é Milton Nascimento”, afirmou a assessoria do artista em nota oficial para o Instagram.

A postura adotada pela premiação foi duramente criticada por Esperanza que, durante a cerimônia, segurou um cartaz com a imagem de Milton e os dizeres: “Essa lenda viva deveria estar sentada aqui!”. Para as redes sociais, a cantora afirmou: “Então, foi recusado um lugar para Milton nas mesas para a cerimônia deste ano. Isso não me bateu bem. Estou furiosa por esta lenda viva não ter sido considerada importante o suficiente para se sentar entre os A da lista, ou nas mesas do andar principal. Então, tive de o trazer comigo”.

Reprodução / Esperanza Spalding – Instagram

Na última terça-feira (4), o Ministério da Cultura chegou a publicar uma nota de repúdio sobre o tratamento concedido a Milton. “O Ministério da Cultura (MinC) manifesta repúdio ao tratamento dispensado ao cantor, compositor e multi-instrumentista brasileiro, Milton Nascimento, na cerimônia do Grammy 2025. A decisão da Academia de posicioná-lo em um local incompatível com sua trajetória, prestígio internacional e necessidades físicas demonstra falta de sensibilidade e respeito a um dos maiores nomes da música brasileira”, destacou parte do texto.

Milton Nascimento em 1998, após vencer o Grammy na categoria Melhor Álbum de “World Music”. Foto: Reprodução / Milton Nascimento – Facebook

Milton concorreu à categoria de Melhor Álbum Vocal de Jazz ao lado de Spalding, com quem divide o álbum Milton + Esperanza. A vencedora do prêmio foi a cantora e compositora estadunidense Samara Joy.

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