Festival Cabobu: políticas de ações afirmativas, combate à discriminações étnicas, raciais e de gênero

A manhã do segundo dia do festival levantou a questão da falta de políticas públicas efetivas para combater os preconceitos raciais e de gênero e a proporção de acesso

Os participantes escutando o mediador José Batista e preparando-se para iniciar a mesa. – Foto: Maria Eduarda Lopes

Por Maria Eduarda Lopes / Em Pauta

A última mesa redonda do segundo dia do Festival Cabobu, sábado (22), teve palco no Espaço Mestra Griô Sirley Amaro, às 10h30, na Bibliotheca Pública Pelotense. Com o título “Políticas de Ações Afirmativas: Combate à Discriminações Étnicas, Raciais e de Gênero”, seus participantes foram Rafa Rafuagi, Luciana Custódio, Francisca Jesus, Carla Avila e André de Jesus, com mediação feita por José Batista.

Rafa Rafuagi é rapper, escritor e fundador do Museu do Hip Hop do Rio Grande do Sul, além de ativista social e cultural. No ano de 2021, lançou seu primeiro livro “Teoria Prática, a história das juventudes na engenharia social”.

Luciana Custódio é fundadora da Feira de Mulheres Empreendedoras, Negras, Indígenas e Quilombolas. Foi coordenadora na Coordenadoria de Políticas Públicas Para Mulheres (CPPM), presidente do Conselho da Mulher e diretora de Políticas Públicas do Estado.

Francisca Jesus, doutoranda em História na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), é pós-graduada em Direitos Humanos e Cidadania e vice-presidenta do Conselho de Cultura do município. Atualmente, ela também integra o Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Pelotas.

Carla Avila é doutora em Política Social e Direitos Humanos. Leciona Sociologia no Centro de Ciências Sociais e Tecnológicas da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e atua como coordenadora do Núcleo de Extensão Ensino e Pesquisa Relações Étnico-Raciais (NEEPRER).

André de Jesus é ator, produtor e gestor do Ponto de Cultura Africanidade, agindo como educador social na área da saúde e membro executivo da TV Restinga.

Este slideshow necessita de JavaScript.

A primeira fila foi concedida à Luciana Custódio: “Mesa formal é para falar sobre todos os conceitos, uma mesa preta é para falar sobre todos os conceitos, mas também para mostrar essa peculiaridade que temos. Nós somos um povo diferenciado. Até no problema estamos sorrindo”.

Rafa Rafuagi veio em seguida, exaltando a importância de focar em políticas voltadas à cultura negra: “Reconhecemos que política pública não é uma ação pontual, é uma ação contínua. Não existe uma política que venha para ficar 1 ou 2 anos, e que resolva o problema. Não resolve. Agora, quando nos damos conta de que todo esse enfraquecimento de fato acontece, como nos colocamos na participação popular? O primeiro passo deveria ser nas comunidades”.

Francisca Jesus se debruça no assunto do pertencimento nas Universidades: “Quando a gente fala de ações afirmativas e políticas de permanência, estamos falando que não é só sobre a política e sobre dar migalhas, é também fazer com que as pessoas possam acessar e estar nesses espaços com tranquilidade”.

André de Jesus relatou sua experiência visitando Cuba e se deparando com as diferenças culturais e seu choque ao descobrir a população negra cubana ocupando tantos lugares.

Carla Avila reiterou a temática das cotas raciais, e em entrevista, declarou como se sentiu ao ser parte da mesa: “Foi maravilhoso no sentido de ser capaz de oferecer uma contribuição com o meu trabalho, que é sobre essa temática. E junto com o movimento social negro, criamos um espaço de resistência, de potência, de reconhecimento… Aquilo que falamos quando se estuda, que é o ‘aquilombar’, é um momento de aquilombamento”.

Em entrevista para o Em Pauta, Francisca Jesus: “Foi muito importante participar, especialmente com pessoas tão comprometidas com as causas da negritude e com a construção de políticas sociais, públicas e de acesso, para que o povo negro possa se qualificar, permanecer, e principalmente remontar a sua história e também a sua trajetória dentro do Rio Grande do Sul e aqui de Pelotas. Foi muito significativo o Cabobu proporcionar isso”.

A mesa redonda foi a última do dia 22, e encerrou mais uma manhã de considerações e narrativas. O Festival Cabobu promoveu oportunidades muito especiais para diversas pessoas elucidarem seus pensamentos, opiniões e críticas diante uma sociedade tão racista que compõe o território rio-grandense. Será lembrado nos meses seguintes como um final de semana de luta, celebração e muito tambor.

Comentários

comments

Você pode gostar...